Blogue 3







Apaixonei-me pelo Horácio,
Que em Pinóquio acabou por se transformar,
Não quis sair do prefácio,
Porque teve receio de se apaixonar.
Ficar rico ou ficar pobre,
De nada lhe vai adiantar,
Porque quando se foge de algo nobre,
Passa-se o resto da vida a mendigar.
Mendiga quem o queira amar,
Sem segundas intenções escondidas,
Mendiga porque vai desejar
Não ter feito aquelas despedidas.
Gosto de me convencer do que acabei de dizer,
Torna-se tudo mais fácil de suportar,
Sei que gostava de o ver,
Sei que gostava de o voltar a abraçar...
(Mafalda)
É um dia como outro qualquer,
Mas algo não está no devido lugar,
Quando se sabe o que se quer,
Passa-se o tempo a questionar.
Dar o coração a quem não o quer,
Dar o coração a quem não pode retribuir,
Vive aqui um coração de mulher
Que apenas anseia voltar a sorrir.
Mas agora está tão encarcerado,
Fechado, sem hipótese de escapar,
Nos últimos meses foi bastante abandonado
E não tem forma de voltar a despertar.
Foi a frieza que se instalou,
Aquela que alguém pensou ser real,
Foi a tristeza que matou
A ternura que lhe era tão vital.
Modo automático sem emoções,
Mas às vezes vem a dureza em demasia,
Sem paciência para muitas situações
Em relação às quais antes apenas se ria.
Foi a tristeza que se instalou,
Aquela que alguém percebeu não ser real,
Alguém que aqui não ficou,
Que fugiu de uma ternura viral...
(Mafalda)
Pensava eu descansar,
Nada fazer e repousar,
Mas dei por mim a recordar
Tudo aquilo que ainda paira no ar.
Pensará em mim?
Sentirá curiosidade sobre o que faço?
Foi rápido o afastamento porque quis assim,
E eu cometo sempre o mesmo erro crasso...
Penso que deixo saudades,
Que vai sentir a minha falta,
Tudo não passa de meras leviandades
Eu é que crio castelos no topo de uma montanha alta!
Continuo a perguntar:
Porque não são as pessoas sinceras?
Tudo fazem até nos conquistar
Mas tudo não passa de meras quimeras.
Conseguem a nossa atenção,
Perdem as vontades avassaladoras,
Nem um convite para um serão,
Nem mais palavras encantadoras.
Tenho vontade de procurar,
Provavelmente nem me iria atender...
Ou de convidar para jantar,
Embora fosse dizer não ter tempo para comer.
Palavras, atos e situações,
Não, não estou a rezar um “Credo”,
Quando deixar de viver em ilusões,
A minha vida perde finalmente todo o enredo.
Procuro?
Será que encontro?
Estou num lugar obscuro
Em que preciso constantemente de um ponto.
Cabeça versus coração,
Falam, falam, e não se entendem,
Sempre a eterna confusão
Apenas porque todos os homens mentem.
Mentem nas suas intenções,
Mentem nas suas palavras,
São peritos em arrasar corações
Porque dão sempre com as mulheres parvas...
(Mafalda)



































Podia falar sobre amor,
Tentar explicar o que é,
Iria entrar num grande torpor
Que apenas significaria que tinha fé.
Mas já não sou crente,
A vida ensinou-me a questionar
E muitas vezes sinto-me demente
Por ter passado tantos anos a acreditar.
É a mais pura das contradições
Tudo o que acabei de dizer,
É um emaranhado de confusões,
De quem tem receio de voltar a perder.
Mais perdas não,
O copo ficou definitivamente cheio,
A grande vantagem da solidão
É conseguir viver sem ter esse receio.
Não se perde o que não se tem,
Ninguém é pertença de ninguém,
Mas sem esperar eis que uma pessoa vem
E com ela, o receio de ficar tudo muito aquém.
Medo de derrubar paredes,
Com receio da derrocada final,
Os degraus são um entrelaçado de redes
Em que os pés se movem na diagonal...
(Mafalda)













Fala o cansaço,
A falta do teu abraço,
Está vazio o meu regaço,
Sigo em frente mas já não sei o próximo passo.
Há dias em que tudo falta,
Em que não queremos estar na ribalta,
É o amanhecer que nos sobressalta,
É o anoitecer que nos aperalta.
Dormir dias seguidos,
Não pensar nos momentos perdidos,
Recordar sonhos esquecidos,
Tentar atravessar caminhos enegrecidos.
É apenas o cansaço
Que faz trocar palavras de embaraço,
Estou aqui e tudo faço
Mas falta sempre aquele fino laço.
Estou cansada,
No lar fico angustiada,
No hospital sinto-me sobressaltada,
Na estrada guio sem ver nada.
Preciso de parar,
De fugir do que me está a apoquentar,
Quero partir mas algo se está a atravessar
E sempre de impede de descansar.
É o cansaço...
Apenas o cansaço...
(Mafalda)











Paz e Saúde é só o que vos desejo.
Se vier Amor e Dinheiro serão bónus interessantes...
Feliz Natal!
Beijinhos
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E é aqui...
No silêncio da minha casa,
na solidão de um pássaro sem asa...
Que eu penso em ti.
Releio o que consigo alcançar,
sonho com o que se poderia passar,
engulo a azia do nada acontecer,
espero por amanhã para te ver.
E é aqui...
Nesta paz sincera e real,
que sonho com o momento ideal,
aquele que contigo já vivi.
Recordo o que a memória permite,
ultrapassei o meu limite,
senti-me de novo a acreditar
deixei a minha vontade voar.
E é aqui...
Que o sonho comanda a vida,
que assumo que não quero uma despedida,
que se de novo sonho, o devo a ti.
Sinto o que é proibido,
o que pensava já ter esquecido,
vivo um sentimento indefinido
mas que não vou dar como perdido.
E é aqui...
Que volto a ser uma crente,
que me envolvo no seio da gente,
que esqueço o que um dia sofri.
Quero!
Quero por muito tempo,
sem poder acontecer o lamento,
sem permitir a chegada do desespero.
E é aqui...
Que revivo momentos intensos,
que tenho sonhos imensos,
que desejo o melhor para ti...
(Mafalda)












Apetece-me tocar-te...
sentir os teu lábios meigos,
nem sequer amar-te
nem dar azo a sentimentos leigos.
Apetece-me beijar-te,
sentir-te próximo de mim,
mas se continuares a afastares-te
nunca conseguirá ser assim.
Apetece-me ter-te,
envolver-te no meu desejo,
mas se continuares a abster-te
acabaremos por perder todo o ensejo.
Apetece-me estar contigo,
sem nada que nos separe,
mas não deixar voltar o perigo,
nem gritar para que pares.
Apetece-me fazer amor,
ser louca de prazer,
emoção em todo o seu fulgor,
pode ser o que um dia viremos a ter...
(Mafalda)

Eram essas as palavras que precisava ouvir
para acordar de um torpor que se instalava,
dei por mim novamente a sorrir,
às vezes mereço mesmo uma grande estalada.
Para quê ter sentimentos profundos
se só servem para tudo complicar,
temos de abraçar todos os mundos
e levar a vida sempre a brincar.
De nada vale construir castelos no ar,
sonhar, imaginar, desejar,
acabamos sempre por aqui ficar
e nunca nada acaba por se concretizar.
Estava-me a esquecer do dia-a-dia,
de não fazer planos para nada,
de não deixar instalar a agonia
quando a vontade sai totalmente gorada.
Aproveitar o brilho do sol,
transformar o nevoeiro em alegria,
seria exaustivo fazer um rol
de tudo o que contigo eu faria...
(Mafalda)
Não resisti a transcrever para aqui o comentário de uma poetisa de renome sobre os meus livros...
Obrigada pelas suas palavras.
(Mafalda)
"Não há duvida que é uma poetisa, tem grande facilidade na escrita e um ritmo muito agradável.
Ela é muito sofrida e parece que isso é um mal de família, assim como o jeito para a escrita.
Ainda não li tudo, mas dir-lhe-ia que olhasse á sua volta e vivesse a vida com mais entrega, o amor está fora de moda, infelizmente."

Hoje a tristeza bateu forte,
sem qualquer motivo aparente,
acordei virada para Norte
e passei todo o dia dormente.
Hoje está complicado,
quem me dera saber porquê,
não tem a ver com o passado,
esse está distante e já não se vê.
Hoje precisava de um abraço,
de um mimo e um carinho,
já não sei mais o que faço
se avance ou arrepie caminho.
Quando os obstáculos são muitos,
quando nada corre como queremos,
sentimo-nos transformar em defuntos
e da vida já nada sabemos.
Hoje estou em dia não,
pode ser que amanhã acorde melhor,
às vezes cansa-me esta solidão,
tenho de pensar nela como sendo um mal menor...
(Mafalda)
Tenho medo de ter medo
de não conseguir avançar,
de criar um novo enredo
que só vai servir para me torturar.
Tenho medo de acreditar,
de deixar a imaginação fluir,
tenho medo de voar
e depois voltar a cair.
Tenho medo de ter medo
de não me conseguir libertar,
de viver outra vez em segredo,
sem ninguém com quem dançar.
Tenho medo de confiar,
de voltar a ser eu própria,
mas depois desta semana a imaginar
a minha sede está-se a tornar imprópria.
Tenho medo de ter medo,
de que tudo não passe de uma cantada,
mas chega deste degredo
apetece-me voltar a ser amada...
(Mafalda)
Não sei o que se está a passar,
mas gostava de o ter visto,
já passou uma semana a improvisar
mas mal de mim que já deu nisto.
Aguça-se a vontade constantemente,
imprevistos que aparecem, ou talvez não,
só gostava de saber se mente
ou se fala mais alto apenas a atração.
Duvidar de toda a gente...
Fica complicado viver assim,
mas depois daquele amor latente
já não acredito em ninguém a não ser em mim.
Questiono os motivos desta aproximação,
ou se vem mandado por alguém,
está aqui instalada a confusão,
confiar é agora uma palavra que fica muito aquém.
Atrai-me, sem dúvida alguma,
gosto do jogo que se instalou,
mas certeza tenho só uma,
combina muito mais ainda aqui não entrou.
Será o acaso que se intromete,
será o meu anjo da guarda que não quer,
vou ter de lhes mandar um lembrete
para nunca se esquecerem de que sou uma Mulher.
Não me quero envolver,
custa-me acreditar em alguém,
mas hoje apetecia-me mesmo ver
aqueles olhos bonitos que só ele tem.
Está a dar conseguir dar-me a volta,
com a sua atenção constante e muito carinho,
hoje gostava de me sentir envolta
e estar com ele apenas um bocadinho.
Mas algo se atravessa nesta estrada,
há obstáculos novos todos os dias,
é melhor mesmo ficar aqui acomodada
antes que chegue a época das novas razias...
(Mafalda)
Charmoso,
sedutor,
palavreado dengoso
num corpo que emana muito calor.
Atraente,
sorriso que parece sincero,
será que estou demente
ou acabou o tempo austero?
Quem te falou em mim,
quem fez com que te metesses comigo,
serás tu mesmo assim
ou apenas olhas pelo teu umbigo?
Olhos claros com um olhar profundo,
cabelos brancos de sabedoria,
vais-me ajudar a conquistar o mundo
ou vais-me trazer de volta muita agonia?
(Mafalda)
Chegaste...
De mansinho, como quem não quer a coisa.
Instalaste-te,
dizes que vens para ficar,
que não vou passar sem ti,
que me vais fazer apaixonar
e que a vida sempre nos sorri.
Chegaste...
Com olhares velados e palavras doces.
Dizes que me vais fazer acreditar,
que me vais saber amar,
que eu não vou hesitar
e que nunca te vou querer abandonar.
Chegaste...
Com a segurança que tu tens,
com a mesma atenção que só têm as mães.
Observaste.
Pouco a pouco com suavidade,
aproximaste-te.
E agora queres aproveitar
a única hipótese do sol voltar a brilhar...
Chegaste...
(Mafalda)
Preparem-se queridos leitores
muito vão ter para ler nos próximos tempos,
depois lá virão os horrores,
os desesperos e os lamentos.
Sempre me habituei a nada ter,
porque nunca tenho nada realmente,
mas entre o ter e o não ter
vou brincando como se fosse gente.
Preparem-se que estou de volta,
com inspiração logo pela manhã,
deixo novamente o meu espírito à solta
mas nada espero do dia de amanhã.
É giro como a poesia se processa,
a importância que tem sentirmos afeto,
vou devagar sem nenhuma pressa,
não me vou permitir sair do meu teto.
Demorei a conquistar a minha paz,
prezo a alegria com que vivo neste momento,
mas vou ver se ainda sou capaz
de nutrir por alguém um novo sentimento.
Sentimento sem amarras descabidas,
sem promessas de um futuro brilhante,
para mim algumas palavras foram remetidas
a um passado longínquo e distante.
Não digo o que não sinto,
não mostro o que não faz parte de mim,
vou entrar num novo labirinto
mas sair dele só dependerá de lhe querer por um fim...
(Mafalda)
Abri a porta da garagem,
entraste com passo apressado,
fui tomada pela forte aragem
de um menino muito endiabrado.
Envolveste-me no teu abraço,
deste-me um beijo apaixonado,
pareceu existir um laço,
mas por favor permanece calado.
Sem promessas nem palavras,
apenas viver o que for rolando,
se soubesse a aceleração que me davas
há muito que já tinha avançado.
Não me vou apaixonar,
não vou construir castelos na areia,
vou deixar simplesmente andar
pode ser que recupere esta fraca veia.
Foi um beijo intenso e doce,
daqueles que tinha saudades de dar,
a vida quis que assim fosse,
quem sou eu para a contrariar?
(Mafalda)
Deixei a porta entreaberta
na esperança de ele poder entrar,
mas a casa continua deserta
e eu passo a vida a esperar.
Abri a janela de mansinho
com medo de entrar um vendaval,
mas todo o mundo continua sozinho
pois é essa a nossa sina, afinal.
Tentei passar despercebida,
não dar azo a devaneios descabidos,
mas apareceu uma pessoa decidida
a fazer-me recuperar todos os momentos perdidos.
Mas a vida não quer que assim seja,
parece que há uma pessoa que intervém à distância,
por muita vontade que haja
vamos permanecer longe da abundância...
(Mafalda)

Há olhos bonitos bem perto de mim
que parecem olhar na minha direção,
não sei se deva pensar assim
se não será mais uma desilusão.
Os olhos falam por si,
absorvem a atmosfera em que me movo,
depois de tudo o que já vivi,
como acreditar que não é um logro?
Olhos bonitos com um sorriso envolvente,
que sabem como agradar à minha pessoa,
mas se só a conversa é tão ardente,
como vou conseguir evitar que doa???
(Mafalda)
Às vezes torna-se complicado
arranjar um tema sobre o qual escrever,
falava-se de um sentimento acabado
e agora já nada mais há para dizer.
Às vezes acordamos com os pés de fora
e sem vontade para enfrentar o dia,
olhamos para um tempo que chora
e embrulhamo-nos na agonia.
Às vezes sabe bem que nos alimentem o ego,
é sempre bom ouvir elogios desmedidos,
fica-se satisfeito, não o nego,
mas em nada altera os nossos sentidos.
Às vezes a vida torna-se banal
e sem excitação que nos atinja,
que mais quero eu afinal,
além de saber que sou sempre bem vinda?
Às vezes as coisas não correm bem,
não tomam o rumo que era suposto acontecer,
mas aí aparece sempre alguém
que, com carinho, nos ensina a reerguer.
Às vezes tudo se conjuga
daquela maneira como nós mais queremos,
existe sempre quem dê uma ajuda
e que nos prove que não somos nós os pequenos.
Às vezes as coisas aparecem do nada
sem qualquer aviso de chegada,
hoje a minha escrita está demasiado vaga,
vou mesmo optar por continuar calada...
(Mafalda)
Tenho sido muito ingrata
com quem me acompanhou aqui desde sempre,
se a minha vida deixou de ser chata
devo isso a toda esta gente.
Deram-me forças para continuar,
incentivaram-me a escrever,
não me deixaram estagnar,
ensinaram-me a sobreviver.
Foi dessa força que recebi
que me tornei na pessoa que hoje sou,
de vós não me esqueci,
mas alguém tudo baralhou.
Não tenho tido tempo para nada,
os dias tornaram-se demasiado curtos,
não sou mulher de ficar parada,
combato com força todos os surtos.
Projetos novos no papel
têm roubado o vosso tempo,
prometo continuar-vos fiel
mas está difícil neste momento.
Não se preocupem que estou feliz,
com ambições que se estão a concretizar,
tudo o que em mim nasce de raíz
nunca será motivo para me preocupar...
(Mafalda)

O que fazer quando a hipocrisia é desmascarada,
quando nos sugam o sangue das veias,
será possível entrarmos numa cilada
sem que possamos permanecer nas ameias?
O que fazer quando sabemos que o fim é inevitável,
que se resume a uma questão de horas,
bem que eu digo que não há um sentimento viável,
quando pensas que ris, passado um momento choras.
Como se pode ludibriar tão descaradamente,
como se pode pensar que uma pessoa é assim tão parva,
fica sempre tensa a pessoa que mente,
há sempre uma frase ou palavra que encrava.
É a falsidade em ação,
a trapaça atrás da mentira,
já não devia estranhar a deceção,
mas mais uma vez alguém tudo me tira...
(Mafalda)
Sinto o silêncio do vazio
a invadir a casa que me abriga,
ar pesado, doentio,
calmaria antes da briga.
Sinto adversidades esbatidas,
entranhadas nas cores da escuridão,
ecoam como vozes repetitivas,
quebram a paz da minha solidão.
Sinto tempestades intensas
que se aproximam com uma velocidade atroz,
envolta em teias densas
vou acabar por perder a voz.
Sinto que esta paz está a chegar ao fim
e que são fortes os ventos que me assolam,
aos poucos deixei de pertencer a mim,
mas nunca serei daqueles que se imolam.
Sinto que sem obstáculos não há vitórias,
que sem choro não há alegria,
profiro estas palavras inglórias
para que adocem o regresso da agonia.
Sinto uma insatisfação crescente,
uma falta não sei de quê,
se me virem continuo sorridente,
só me entende quem ainda me lê...
(Mafalda)
São inabaláveis os muros à minha volta
porque foram construídos num mar de lágrimas salgadas,
se hoje vivo a minha vida sempre solta
há alturas em que me sinto afundar em águas estagnadas.
Bloqueei o melhor de mim,
a capacidade de amar e ser amada,
sinto-me quase sempre bem assim,
mas há alturas em que me apetece ser acarinhada.
Deverei voltar a sentir?
Será que me devo libertar?
Se alguém me souber instruir,
por favor, vai ter de me ensinar.
Ninguém irá transpor estas barreiras,
embora haja momentos em que me apetece,
meia volta sinto-me a perder as estribeiras,
a calar um desejo que aos poucos me enlouquece.
Gostava de poder a voltar a ser eu,
mas sei que nunca mais o conseguirei,
são estes os dramas de quem um dia sofreu,
literalmente hoje considero que hibernei.
Escondo-me das emoções,
sou um autómato feliz e bem disposto,
há dias em que é marcante a recordação das deceções,
em que há uma dor latente no rescaldo do desgosto.
Gostava de poder superar,
de me entregar de corpo e coração,
hoje não está fácil de acalmar
esta enorme sensação de devastidão.
Sofri uma razia profunda
em que aos poucos me apercebo da dimensão dos danos inflingidos,
hoje sinto-me um verdadeira vagabunda,
sinto que faço parte dos para sempre perdidos...
(Mafalda)
Tenho andado demasiado cansada
e sem qualquer imaginação para escrever,
mas hoje apesar de esgotada
senti saudades de vos rever.
Nunca sonhei ser poeta,
nem tão pouco ter alguns seguidores,
queixava-me da minha vida ser uma treta,
de ter pouca sorte nos amores.
Hoje sei a sorte que tenho,
mas esta sorte fui eu que a fiz,
alguns amigos tiveram um forte desempenho
no facto de eu poder dizer que agora sou feliz.
Nada me falta,
tenho todo o tempo por minha conta,
nunca precisei das luzes da ribalta
e contra a vaidade sempre fui contra.
Tenho tudo o que é necessário
e tenho pessoas das quais não prescindo,
o meu blog deixou de ser diário,
mas acreditem que "eu vou indo".
Se não escrevo com tanta frequência
é apenas porque ando muito bem,
nem sempre me chega a apetência,
nem sempre faço o que mais convém.
Sou uma rebelde por natureza,
mas a minha rebeldia é muito salutar,
não anseio dar-me com a realeza,
mas gosto de ter sempre o meu lugar.
Estou numa fase verdadeiramente calma,
foi o meio século de vida que trouxe a sabedoria,
vivo a minha vida com toda a alma
e sinto-me rodeada de uma imensa alegria.
Batam na madeira para que o Diabo não oiça,
façam figas para que tudo continue assim,
não sinto mais necessidade de partir a loiça,
tenho toda a paz do Mundo dentro de mim...
(Mafalda)
Já há data marcada:
Dia 11 de Outubro de 2014, pelas 16.00, na Biblioteca Municipal de Cascais, na Casa da Horta da Quinta Santa Clara.
Espero-vos lá!!!

Gosto de deixar a dúvida no ar,
de permitir que as imaginações esvoacem,
de nada adianta falar
se não queremos que todos nos macem.
Silêncio sepulcral,
ausência de qualquer confissão,
será que vivo num mundo real
ou apenas dou asas à minha imaginação?
Gosto do jogo da vida,
do toca e foge que todos os dias se depara,
em nada estou arrependida,
hoje posso dizer que já ninguém me pára.
Sou uma força motriz,
sou o vento que enfola as velas,
mas serei sempre uma mera aprendiz
da vida que apenas se vê nas novelas.
Atinjo sempre o que é mais importante
mas a presunção não faz parte de mim,
vamos ver se daqui para diante
consigo manter o meu ritmo assim.
Se hoje me perguntassem o que me incomoda,
não saberia que resposta dar,
mas ainda tenho pena de quem se acomoda
e não deixa a vida governar.
Ir ao sabor do vento,
naufragar em águas agitadas,
tudo na vida tem o seu momento,
mas há palavras que jamais serão pronunciadas.
Viver em paz,
sem ralações de maior,
todos sabiam que eu ia ser capaz
de levar a minha vida para um lugar muito melhor...
(Mafalda)
Hoje não se vê a lua,
apenas nuvens que passam apressadas,
posso dizer que já não sou tua,
que acabaram para sempre as horas angustiadas.
Não gosto de proclamar a vitória,
não vá o destino trocar-me as voltas outra vez,
mas sinto que estou no auge da minha glória
e sempre disse que não haveria uma terceira vez.
De vez em quando ainda recordo, mas por breves momentos
pois logo outras ambições ocupam esse lugar,
hoje que foi um dia de tormentas,
usei a intempérie para mais uma vez triunfar.
Danço feliz ao ritmo do mar feroz,
uso a luz dos relâmpagos para me preparar,
hoje dei um bom uso à minha voz,
quando me disponho... eu sei como conquistar!
(Mafalda)
Renasce a vida das cinzas da morte...
Sinto que defraudo os meus seguidores,
que tenho ficado aquém das expetativas,
inúmera paciência têm tido os leitores
que seguem dia-a-dia as minhas investidas.
Nem sempre consigo escrever,
(sinal que a cicatrização já está terminada),
outras vezes surgem novas coisas para fazer
e acabo o dia completamente extenuada.
Dizem que a rima tem de se praticar,
que quanto mais se escreve melhor surge o poema,
eu aí permito-me discordar,
posso passar meses sem escrever e depois surgir um tema.
Só preciso de sentir,
de dar importância a um assunto qualquer,
depois limito-me a deixar sair
o turbilhão de ideias que ocupa a cabeça duma mulher.
Pode ser um texto explicito e sentido
ou pode conter mensagens ocultas nas entrelinhas,
mas alguns resultam dum espírito imaginativo
que nunca deixa as pessoas sentirem-se sozinhas...
(Mafalda)
Como é complicado confiar,
quando nem sequer há vontade o fazer,
hoje permito-me duvidar
e nada me fará voltar a crer.
Perde-se tudo num segundo,
sem que nada o possa impedir,
sentimos desabar o mundo
e temos de continuar a sorrir.
Deixei de acreditar!
Deixei de confiar!
Vivo a minha vida devagar
com a certeza que nada disso irá mudar.
Confiamos cegamente em quem gostamos,
não acreditamos nas evidências que a todos saltam à vista,
depois surgem aqueles momentos em que nos desenganamos
e em que percebemos que não fomos nada realistas.
Sentimentos toldam a visão,
negócios não se misturam com amizades,
desculpem... estou em dia não,
vou ter de lidar com algumas adversidades...
(Mafalda)
"Se um dia você perder a confiança em mim, eu quero que você continue confiando nas pessoas."
São milhões as palavras escritas sobre o amor,
mas há sempre demasiada dificuldade em o definir,
sonhadores que, em vão, procuram esse calor,
hoje equaciono se esse sentimento tem pernas para existir.
O que é isso de amar,
de dedicar uma vida a uma única pessoa?
São respostas que já não ando a averiguar,
assim protejo-me de tudo o que, eventualmente, doa.
Amor, paixão, não saber viver sem esses sentimentos,
perdoem-me a frieza, mas tudo não passa de breves momentos.
Imaginações férteis com palavras deveras sentidas,
juras e promessas e depois... As despedidas.
"Amor".... Já Camões o tentou explicar
e muitos outros se esforçaram por o entender,
acreditem que nada se deve esperar,
porque como nós não há mais nenhum ser.
Somos únicos e exclusivos,
com visões completamente distintas,
mas as palavras que mais entram nos nossos ouvidos
são aquelas que há muito se deviam considerar extintas.
Juras, promessas, amor para a eternidade...
Palavras que soam vãs quando se vive na realidade.
Todos somos levianos,
todos dizemos mil vezes as mesmas coisas a diferentes pessoas,
pouco importa se se causam danos,
amor... paixão... juras.... são meras palavras que ressoam... e ressoam... e ressoam...!
(Mafalda)

Ando arredada da escrita
e sem qualquer motivo de inspiração,
mas já não sofro nenhuma desdita,
nem há dor no meu coração.
Ando arredada da poesia
e de toda a forma de divulgar a minha vida,
perdoem-se se estou a cometer uma heresia
mas para se escrever tem de ser de forma sentida.
Estou arredada das emoções
e daqueles sentimentos nobres e imensuráveis,
mas já não sofro de palpitações
nem de pressentimentos pouco palpáveis.
Estou arredada da dor
e as lágrimas secaram definitivamente,
mas deixei de sentir o calor
de juras de amor ditas constantemente.
Arredei-me das paixões
e do desejo de ter sempre alguém a meu lado,
vivo sem consternações
e todo o meu tempo anda esgotado.
Arredo-me do que me faz mal
e do que sempre acaba por causar dor,
sempre vivi a minha vida, afinal,
envolta num imenso fogo sem calor...
(Mafalda)





Dizem-me que estou má,
que me tornei completamente fria,
é isto o que dá
ter passado por tamanha agonia.
Dizem-me que estou desprovida de sentimentos,
que tenho barreiras incontornáveis,
só eu sei o horror dos momentos
em que chorei lágrimas intermináveis.
Sim,
sei que tenho novamente muros intransponíveis,
mas quando disse que voltei para mim
assumi que apenas quero minutos apetecíveis.
Não quero sentimentos,
não quero amor,
depois de todos os meus lamentos
atingi este estado de torpor.
Estou feliz com a vida que levo,
estou bem com o que tenho alcançado,
emoções dão sempre em desespero
e nada disso é por mim ambicionado.
Deixem-me ser fria,
deixem-me ter muros,
as palavras que tanto dizia,
hoje não passam de meros sussurros.
Consigo amar o calor,
a praia que tanto adoro,
o fim de dia enternecedor
que sempre tenho no local onde moro.
Consigo adorar os amigos,
a família e o meu cão,
são esses que nunca me vão causar os perigos
de me sentir novamente na escuridão.
Estou com frieza seletiva,
com muros para quem não confio,
foi difícil tornar-me objetiva,
mas mais uma vez superei o desafio.
Não confio em homem nenhum,
nem nunca mais vou confiar,
não me vou manter em jejum,
mas nunca mais me vou permitir acreditar.
Acredito em mim,
acredito nos que me são queridos,
gosto de viver assim,
divertida mas sem grandes alaridos...
(Mafalda)

Voltei para mim,
para o meu pensamento egoísta,
não estava mais a fim
de fugir de uma visão realista.
Sempre dei tudo o que podia,
muitas vezes fui mais além,
sempre sofri a razia
de ver sentimentos que ficavam muito aquém.
Fui para umas férias de paz
que me deram uma visão sem ser deturpada,
eu sei que sempre serei capaz
de viver uma vida muito mais animada.
Eu!
O meu prazer e as minhas vontades!
No fundo quem perdeu,
foi quem esqueceu as minhas leviandades.
É esta a minha característica:
cair e levantar-me mais forte,
vou aproveitando esta veia artística
que resurgiu nos escombros de um amor sem sorte.
Voltei!
Vim para ficar,
se um dia tudo sonhei,
agora vivo sem nada esperar.
É o dia!
É a emoção que existe em cada segundo!
Lembro-me do tempo que perdia,
a tentar entender o mundo...
(Mafalda)
Prezados leitores que me têm acompanhado nestes largos meses:
Não vou deixar o meu blog.
Não vou deixar de escrever.
Vou de férias!
Volto dia 27 e espero-os a todos, da mesma forma que os espero todos os dias.
Aproveitem para reler os vossos poemas favoritos e para fazerem comentários em mafaldaling1@gmail.com.
Aproveitem para pensar que, graças à vossa presença constante, eu consegui superar o que me levou a iniciar este blog.
Obrigada a todos pela vossa companhia diária e por me terem feito acreditar em mim.
Sem a vossa assiduidade, há muito que eu teria desistido de tudo!
Até já...
Data prevista de lançamento: Outubro de 2014!
Só restam 40 exemplares com a hipótese de autógrafo...
Não percam mais tempo!!!
Talvez seja um lugar comum
dizer que é fácil ter casos quando ambos são casados,
ninguém espera mais nada de nenhum
e passam-se momentos muito animados.
Talvez seja banal
dizer que o segredo é a maior paixão,
ninguém sabe nada afinal
e vivem-se momentos de perfeita comunhão.
Talvez seja pecado,
talvez seja só o desejo do fruto proibido,
vive-se um amor recatado
em que nunca se considera o tempo como perdido.
Talvez seja tudo isso e mais alguma coisa
que leva as pessoas a trair,
mas quando se parte a loiça
logo passa a vontade de sorrir.
Traições dão emoção,
libertam desejos que de outra forma estariam escondidos,
sai-se de uma vida de negação
em que todos os sentimentos estão subtraídos.
Começa-se sempre sem compromisso,
e muitas vezes é apenas a parte carnal,
mas quando o amor não fica submisso
alguém, um dia, vai acabar por se dar muito mal...
(Mafalda)
Passei a minha vida a questionar,
a tentar entender as atitudes e as omissões,
findou o tempo de indagar,
vivo agora uma vida sem questões.
É o que tem de ser,
no momento em que calhar,
quando nada se pode fazer,
só ao acaso nos podemos agarrar.
Agora que o tempo tudo amenizou,
continuam as coincidências fatais,
mais uma vez o mundo pactuou
e aconteceram situações irreais.
Passei o desvio para o lugar onde mora,
começa a tocar a "Primavera",
sorte que quem muito chora,
ou desespera ou supera!
(Mafalda)
www.youtube.com/watch?v=C2z9sbWnzBw
Cabelo preso num travessão,
vestido drapeado esvoaçante,
numa mão a trela do cão,
na outra um pensamento hesitante.
Convidava-te para seres meu,
para te entregares sem pudores,
fala quem já tudo perdeu,
desde os amores aos desamores.
Desafiava-te para seres louco,
para a ousadia de momentos a dois,
não és só tu que és mouco,
também eu deixo sempre para depois.
Em frente ao mar não morro de sede,
nem na floresta morro de fome,
há sempre o receio de se ser apanhado na rede,
receio infundado de quem já não se comove.
Convidava-te para viajar,
para sair daqui por uns dias,
fazer tudo sem nada planear,
é sempre o que traz mais alegrias.
O imprevisto pode sempre acontecer,
os momentos definem as situações,
nada mesmo há a fazer,
apenas não resistir às tentações...
(Mafalda)
Convidam-me para sair,
digo que não,
se tu pudesses vir
ia entrar em excitação.
Habituo-me a conversar,
deixo de ter quem me ouvir,
passo a noite a telefonar
só para arranjar um motivo para sorrir.
Fins de semana prolongados,
cães para passear com hora marcada,
dias completamente inanimados,
em que sou obrigada a me manter calada.
Sinto falta de uma bebida,
da companhia de quem não está,
eu sei que não estou esquecida,
mas apetecia-me mesmo.... já!
(Mafalda)
Não faz sentido ter medo de ficar sozinha,
não tem qualquer nexo pensar num futuro que ainda não é,
sim, é verdade que o fim se avizinha,
mas até ao final devemos permanecer de pé.
Não estou nunca sozinha,
tenho o meu pensamento e as minhas recordações,
talvez por isso me apeteça uma taça de vinho
acompanhada de um corpo sedento de emoções...
(Mafalda)
De que adianta terminar com uma vida,
que solução é alcançada dessa maneira,
por muito que uma pessoa ande perdida,
a morte nunca pode ser considerada uma brincadeira.
Desistir dos sonhos,
deitar tudo a perder,
depois ler obituários enfadonhos
de quem já não sabe mais o que dizer?
Suicídio não tem solução,
para tudo o resto há sempre uma alternativa,
desistir da vida não tem perdão,
de nada vale ter uma tendência suicida.
Quem ganha com o nosso fim,
quem fica feliz por nos ver desaparecer,
se um ator consagrado desiste assim,
o que esperar de quem não tem mais nada a perder?
Suicídio não é solução,
mas é um ato de coragem desmedida,
foi mal direcionada na decisão,
como eu gostava que ele não fosse suicida...
(Mafalda)
www.youtube.com/watch?v=lZqGA1ldvYE
É a vida que brinca na rua,
que solta gargalhadas inocentes para quem quiser ouvir,
é só nesta idade que a pessoa deve estar nua
e sonhar com a beleza do futuro que está para vir.
Correm atrás de uma bola,
desgastam-se até à exaustão,
daqui a pouco chega a hora
de ir descansar de toda a excitação.
São risos felizes os que ecoam lá fora,
com despreocupação total em relação à vida,
oiço-os brincar e um sorriso aflora,
olho para eles e fico rendida.
Inocência em estado puro,
alegria que transpira por todo o corpo,
para eles o mundo ainda é seguro,
é em linha reta e nunca dá para o torto...
(Mafalda)
Perdi o tema,
deixei-o partir,
não vivo num dilema
nem me limito a existir.
Perdi o dom,
deixei de rimar,
continuo no meu tom,
com capacidade de me adaptar.
Perdi a doçura,
deixei de chorar,
tenho só a brandura
que seria de esperar.
Perdi emoções,
deixei de sentir,
libertei os grilhões
que me faziam cair.
Perdi calor,
deixei de sonhar,
mas para que serve o amor
se só nos faz sufocar?
Perdi a tristeza,
deixei de me enervar,
vejo com muita clareza
tudo o que o mundo tem para me dar...
(Mafalda)


Não prendas,
não deixes prender,
mas não dês oferendas
à espera de um retorno receber.
Não amarres,
não deixes amarrar,
tudo o que fazes
não tem um dia que acabar.
Não te apaixones,
não me deixes apaixonar,
porque não ambiciono
nada mais do que o que me podes dar.
Não idealizes,
não deixes idealizar,
mas tudo o que realizes
deve para sempre perdurar.
Não fujas,
não deixes fugir,
emoções que não são sujas,
não têm motivo para não sorrir.
Não esqueças,
não deixes esquecer,
até que apareças
tem de se esperar para te ter.
Não te canses,
não me deixes cansar,
se há dias em que danças,
outros há em que deves descansar.
Não ignores,
não deixes ignorar,
mas não te demores
que o tempo custa a passar...
(Mafalda)
Quando um homem faz sexo sem sentir amor,
apenas pelo prazer do momento em si,
é alvo de todo o louvor,
conta o feito e toda a gente ri.
Quando uma mulher faz sexo sem sentir amor,
apenas pelo prazer do momento em si,
é logo chamada de grande estupor,
é uma depravada como nunca vi.
Século vinte um em que nos encontramos,
mentes tacanhas e com falsos pudores,
todos nós um dia ambicionamos
viver a vida sem pensar em amores.
Um homem ter muitas mulheres é um ato natural,
uma mulher com muitos homens é uma aberração surreal.
Moralismos de um tempo há muito passado,
preconceitos de quem gosta de viver enganado...
(Mafalda)
Ai como me apetecia,
sem qualquer razão em especial,
ter-te a meu lado neste dia,
desde o amanhecer até ao final.
Apenas ter a tua companhia,
o teu riso e o teu descanso,
que mal isso faria,
como se quebraria o encanto?
Ai como me apetecia,
ter dias em que o tempo voa,
já vai longe o tempo sem alegria,
já não há motivos para que o passado doa.
Ai como me apetecia,
ouvir o som da tua voz,
quem um dia diria
que iríamos finalmente olhar por nós...
(Mafalda)
Dobram os sinos na torre da igreja,
apelam aos que andam perdidos na noite,
são muitos os que olham mas não há quem veja,
são alguns os que por lá passam mas não há quem pernoite.
Dobram os sinos muito perto do céu,
gritam em sussurros o que lhes vai no pensamento,
pedem a quem um dia se perdeu
que aprenda a viver a preciosidade do momento.
Dobram os sinos com a brisa de verão,
removem os resquícios das poeiras alojadas,
repicam subtilmente no calor da escuridão,
começam a assomar pessoas em algumas portadas.
Dobram os sinos com muito calor humano,
soltam uma melodia bem fácil de seguir,
é um som suave que não faz qualquer dano,
tem inúmeros acordes que nos fazem sorrir..
(Mafalda)
Foi um amanhecer como outro qualquer
apenas com a diferença de me sentir mulher.
Quando a vida sorri,
quando não há preocupações,
fico grata pelo que vivi
e também pelos trambolhões.
Podia ser um dia banal
ou ser um dia angustiante,
mas não passou afinal
de mais um dia inebriante.
Não troco nada do que conquistei até agora,
pelo que um dia pensei ter,
de que vale dizer que se adora
se depois se deita tudo a perder?
Palavras vãs e irreais
que se pronunciam como se fossem um marco importante,
eu passei a ser das tais
que já não abre a boca nem por um instante...
(Mafalda)
Há muita gente a entrar e a sair,
companhias que prezo e me fazem feliz,
nunca ninguém fica para dormir,
só isso me põe um pouco infeliz.
Questiono muitas vezes a mim própria
se algum dia voltarei a ter uma presença na minha cama,
quando penso nisso fico imprópria,
é melhor mesmo ir para o dever que me chama...
(Mafalda)
É tão fácil quanto isto:
bloqueei a capacidade de gostar,
aqui o deixo escrito
para que nunca ninguém se possa equivocar.
Gosto de sair
ou gosto de ficar acompanhada,
mas nada mais irá advir
além dum copo e duma gargalhada.
Sabias que isto iria acontecer
e é só nisso que não te dou o meu perdão,
sabias bem que nunca te ia esquecer
e mesmo assim condenaste-me à solidão...
(Mafalda)

Desenganem-se se pensam que estou a sofrer,
apenas sinto a falta da minha metade,
há muito que decidi que não tenho nada a perder,
que tenho de viver a vida de acordo com a minha realidade.
Desenganem-se se pensam que me sinto só,
nem tal coisa me passa pela cabeça,
já vai longe o tempo em que eu metia dó,
hoje fiz da minha vida a minha única pertença.
Desenganem-se se pensam que um dia vou encontrar alguém,
porque isso não está mesmo no meu plano de vida,
sempre que me dei o retorno ficou muito aquém,
de amores não quero sofrer mais nenhuma despedida...
(Mafalda)
Era uma vez uma menina
que acreditava no Pai Natal,
estava sempre sozinha
mas ninguém lhe queria mal.
Era uma vez uma miúda
que acreditava em contos de fadas,
fazia-o de forma amiúde,
e em todos eles levava umas palmadas.
Era uma vez uma adolescente
que acreditava no sol para todos,
esperava pelas estrelas cadentes,
criava filmes a rodos.
Era uma vez uma mulher
que aceditava no Pai Natal,
que acreditava em contos de fadas,
que acreditava no sol para todos...
(Mafalda)
O que eu quero ninguém me pode dar,
porque quem pode não o quer fazer,
do que eu mais preciso ainda estou a averiguar,
adoro a vida que construí mas falta-me usufruir desse prazer.
O que eu quero é fácil e barato,
que aquele homem acorde a meu lado,
que passe a noite num verdadeiro desacato,
que tudo corra como foi um dia desejado.
O que eu quero ninguém mais me pode dar,
fechei as portas a todas as emoções,
deitei fora as chaves para nunca mais as encontrar,
atirei-as ao mar, foram levadas pelos arrastões.
O que eu quero nem eu sei bem se quero,
se teria capacidade para esquecer o passado,
se não entraria num novo desespero,
se não estaria na dúvida que sempre existe num ser que foi abandonado.
O que eu quero, o que me faria feliz,
era ter tudo o que agora tenho
mais o que um dia acreditei vir a ter,
esgotou-se-me o engenho,
viver é estar sempre a aprender...
(Mafalda)


Três dias de solidão absoluta
em que a minha cabeça não pára de processar,
já tenho idade para ser mais astuta,
já nada disto me devia incomodar.
Viver as oportunidades quando elas surgem,
aproveitar cada momento como se mais não houvesse,
tudo isto são premissas que urgem,
mas o que eu daria para que alguma me aprouvesse.
Não consigo estar parada,
mas não tenho tido vontade para escrever,
tenho a casa toda arrumada,
já não sei mais o que inventar para fazer.
Há alturas na minha vida
em que quem lucra é a arrumação,
estou ocupada, não me sinto perdida,
fico cansada, vou até à exaustão.
Assim não penso,
assim não faço perguntas sem resposta possível,
se até com os amigos o ambiente se torna tenso
ficar quieta no meu canto é a única solução plausível.
Não gosto de "ser pesada",
não gosto de procurar quem não está para me aturar,
assim tenho uma ocupação improvisada
em que arrumo tudo até já não mais aguentar.
Eu sei que fujo de mim,
que fujo dos meus bloqueios,
mas com uma castração assim
não há espaço para permeios.
Foi bruxedo que me lançaram,
seria fácil se acreditasse nisso,
os meus sentimentos acabaram
no momento em que me tornei um ouriço...
(Mafalda)
É tão fácil de dizer,
mas muito complicado de fazer,
às vezes nem eu me consigo entender
e vai passando o tempo e nada de novo tenho para dizer.
Bloqueei emoções,
associei sexo a amor,
procuro em vão algumas sensações,
mas não consigo superar este torpor.
Se dei a volta à minha vida,
se fiz coisas que nunca pensei vir a fazer,
porque estou neste campo perdida,
porque não consigo entregar-me ao prazer?
É complicado de perceber
e a cabeça tem uma força brutal,
porque não se consegue esquecer
e seguir em frente até ao final?
Tenho medo de relacionamentos,
afasto qualquer homem que se aproxime,
só gosto de passar bons momentos
e às vezes ter alguem que me anime.
Assim não vou longe,
tenho noção que tenho de superar,
é tarde para me tornar monge,
é demasiado tarde para continuar a hibernar...
(Mafalda)





Terra queimada pelo calor que um dia se fez sentir,
imprópria para novo cultivo de qualquer espécie vegetal,
se uns estão a chegar quando outros começam a partir,
dá-se sempre repovoamento neste imenso mundo animal.
Troncos queimados que restavam numa fogueira já extinta,
fagulhas que esvoaçavam desnorteadas em direção ao luar,
a espécie humana anda sempre faminta,
por muito que faça tem sempre a vida de pernas para o ar.
Restos queimados por um homem impiedoso,
que cobrem uma terra agora seca mas que um dia foi muito fértil,
na vida tudo se pode tornar muito doloroso,
para se ser fénix renascida é necessário ser-se extremamente versátil.
Cinzas que cobrem vulcões em erupção,
que deixam marcas por onde passam apressadas,
antes corpos reduzidos a cinzas numa cremação
do que serem entregues para repasto da bicharada...

Ambiguidade que a tal me obrigas,
leva no vento a minha vontade,
eu sei que tu gostas de brigas,
que estás sempre por perto para me toldar a objetividade.
Mas não há tristeza quando me acompanhas,
soltas-me o riso pelas dores do passado,
ambiguidade só não me apanhas
enquanto o meu desejo permanece recatado.
Ser livre não é só ter liberdade,
é ser-se livre no verdadeiro sentido da palavra,
é deixar à solta toda a insanidade,
é deixar andar sem nos preocuparmos como acaba.
É ambígua a forma que adotei,
mas encaixa perfeitamente na minha forma de ser,
sempre foi só isto que desejei
mas nunca tinha percebido até o obter.
Ambiguidade que me toldas a visão,
que baralhas os sentidos de quem já nada sabe sentir,
não me abandones, não me devolvas à solidão,
promete que vais sempre fazer-me sorrir...
(Mafalda)
Calmaria desmedida,
sensação de paz inebriante,
de volta à casa da partida
e o que resta é sempre para diante.
Movimentos pausados,
sem pressas nem tempos contados,
afastam-se os passados
e os momentos atribulados.
É inata a vontade de viver,
de superar e de aprender,
tornou-se pacata a sede de ver
o que o futuro ainda irá trazer.
Se os momentos falassem,
se os minutos contassem,
se as emoções ecoassem,
se os sonhos se concretizassem...
(Mafalda)
Toco uma pele que me repele,
inalo um odor que me causa torpor,
é forte a aragem que agita a sebe,
é intenso o aroma que me recorda fulgor.
Brisa fresca num dia quente,
sorriso rasgado em quem o cansaço persiste,
remédio certo para quem se sente doente,
é o aproximamento de quem não resiste.
Águas frescas que renovam os sentidos,
momentos de falar e também de calar,
correm minutos deveras divertidos,
renovam-se esperanças de para sempre continuar.
É a beleza do mistério,
a insinuação que só os olhos sabem transmitir,
devagar se constrói um império,
pouco a pouco reaprende-se a sorrir...
(Mafalda)
Ando afastada por opção,
sinto que cada vez a frieza se instala mais,
nada tenho a acrescentar nesta história de emoção,
sonhos vividos não voltam jamais.
Ilusões que me deram alento,
que criaram em mim uma crença de amor,
nenhuma contribuiu em nada para o meu sustento,
mas todas me ensinaram a dar a mim própria o devido valor.
Não sou egoísta,
não me alheio da realidade à minha volta,
apenas me cansei de ser altruísta
e bater sempre com a cara numa porta.
Agora que tenho as prioridades no lugar certo,
vou-me obrigar a viver tudo o que tenho evitado,
amor, não o quero nem por perto,
vou ser novamente a mulher que vive sem nada planeado.
Dissociar o sexo do sentimento,
a paixão do envolvimento emocional,
preciso de ter um e outro momento,
preciso de puro amor carnal...
(Mafalda)

É o vinho que fala,
hoje não sou eu que estou aqui,
pobre de quem cala
o motivo por que a vida lhe sorri.
É o vinho que fala,
fala sempre que a vontade é calar,
pobre de quem cala
e se esquece do que é desejar.
É o vinho que fala,
fala hoje e fala aqui,
hoje tudo acaba,
foi a ti que eu esqueci...
(Mafalda)

Como gosto de me sentir assim,
leve, fresca, sem ralações,
finalmente olho só por mim
e não quero saber de mais ilusões.
Gosto de rir e brincar,
de provocar e ser provocada,
ter tudo sem nada a atrapalhar,
viver fora da permanente emboscada.
Estou como nunca me senti,
rio agora do que um dia me fez tanto chorar,
ao ouvir o que um dia escrevi,
pergunto a mim própria se será mesmo para acreditar.
Não é fácil tamanha mudança,
tanto desapego de ralações tão intensas,
bem haja a minha perseverança
e quem me ajudou a atravessar as alturas mais densas.
Já posso dizer que me sinto feliz,
mas até receio dizê-lo em voz alta,
bem haja quem sempre me diz
que a vida é para se viver na ribalta...
(Mafalda)
Quem me conhece desde há muito,
diz que sempre tive medo de ficar sozinha,
que toda a minha vida gira à volta desse assunto
e que nada de novo no horizonte se avizinha.
Medo de não ser amada,
de não ter a quem dar a mão,
aí permaneci calada
e pensei no que é a minha verdadeira solidão.
Não é estar sozinha sem ter com quem conversar,
porque tenho família e amigos sempre presentes,
é não ter a pessoa certa para amar,
é passar a vida a pensar em pessoas que estão ausentes.
Sempre me debati com essa questão,
talvez seja esse o meu maior medo,
depois reencontro a minha verdadeira paixão
mas meses depois volta tudo ao mesmo enredo.
Não nasci para ter uma presença constante ao meu lado,
talvez por leviandade minha ou outro motivo qualquer,
quem um disse que me muito me amava hoje permanece calado,
e em mim não existe qualquer motivo para não entristecer.
Hoje sou nova e faço uma vida independente,
amanhã não sei o que o destino me reserva,
imaginar sequer um novo amor ardente,
assemelha-se a andar na areia à procura de uma pequena erva.
Não sei mais amar alguém,
não consigo sequer imaginar uma nova pessoa a meu lado,
toda a minha vida sentimental ficou muito aquém
do que era esperado ou mesmo desejado.
Talvez quem procure nunca encontre,
talvez tenha sido esse o grande erro que cometi,
embora o reencontro tivesse sido num lugar onde,
nunca pensei que o pudesse encontrar ali.
O destino não quer uma pessoa a meu lado,
não quer um ombro onde me possa apoiar,
quer-me longe de qualquer pecado,
devia ter ido para freira sem sequer pestanejar...
(Mafalda)
É parva a minha reação,
mas nada consigo fazer contra mim própria,
quem um dia me prometeu ver o avião
agora deixa-me numa situação deveras inglória.
Pensou por acaso na música que me cantava,
imaginou sequer no que me prometeu um dia,
bolas, eu andava tão descansada
e agora sinto novamente a dor do que já sabia.
Lugares sagrados que não são respeitados,
músicas nossas que foram devassadas,
não sei se tudo não passou de um aglomerar de momentos equivocados,
mas sei agora que tudo têm de ser águas passadas.
Não vou perder mais tempo em devaneios,
não vou pensar nisso nem mais um segundo,
atiro para bem longe todos os anseios,
começa agora a minha conquista do mundo.
Talvez seja a sangria a falar,
mas hoje não foi feita por quem um dia amei,
é bom ter estes momentos para ser obrigada a acordar,
para perceber que de mais um mero caso eu não passei.
Tanta devoção, tanda dedicação,
nada disso se revelou ser verdade,
bolas, errei a vocação,
aprendo à minha custa como se adquire a serenidade.
Não perder mais tempo com quem não quer saber de nós,
não deixar um coração massacrar uma vida,
desatar de vez todos os nós,
considerem isto agora a minha despedida.
Não quero saber mais nada,
não quero informações de qualquer tipo,
quero seguir a minha vida apoiada
por quem existe para mim sempre que preciso.
Estou cansada de pensar naquele ser humano,
que de humano pouco teve comigo,
vou construir um novo plano,
vou partir para longe deste constante perigo.
Estou desiludida com a falsidade,
com a pouca sinceridade com que as palavras são ditas,
foram ocas as promessas de eternidade,
foram vãs essas palavras malditas.
Acaba de uma vez por todas,
não possuo mais tempo para dispender neste assunto,
vou aproveitar da vida todas as coisas boas,
declaro agora este amor como defunto...
(Mafalda)

Um dia vou dar de caras contigo,
vamos olhar nos olhos um do outro,
vamos sentir avisos de perigo,
manter um silêncio que a todos parecerá louco.
Não teremos palavras para proferir,
apenas mensagens que os olhares irão revelar,
hesitaremos entre ficar ou partir,
tão presos ficaremos na intensidade desse olhar.
Um dia vamos ter de nos encarar,
vamos ser obrigados a proferir aquelas palavras tão banais,
enquanto esse dia puder evitar,
vou acreditar que o destino não me vai criar situações tão irreais...
(Mafalda)
O que quero na minha vida?
Não sei responder a essa questão,
se nuns dias me sinto muito perdida,
noutros amo a minha solidão.
Nunca estou só,
no sentido de ter uma companhia,
apenas tenho um nó
no local onde um dia alguém existia.
É um buraco demasiado profundo
que nem o mundo inteiro conseguiria tapar,
mas a vida é apenas um breve segundo
e mais vale já não me apoquentar.
Quando morrer podem dizer que vivi,
que não me limitei a seguir as ideias alheias,
que me empenhei em tudo o que construí,
que de palavras deixei muitas páginas cheias.
Sou uma pessoa normal,
decidida e determinada,
às vezes não vivo num mundo real,
muitas vezes sonho enquanto estou acordada.
Sou assim, nada há a fazer,
com a idade vou ficando mais ponderada,
de nada adianta hoje eu dizer
o que amanhã já é uma ideia ultrapassada...
(Mafalda)

Noite estrelada,
calor que me envolve,
tenho de permanecer calada,
falar já nada resolve.
Quase lua cheia,
maré baixa com água muito fria,
só colhe quem semeia,
já no passado se dizia.
Semeio a minha própria vida,
a paz com que adormeço todas as noites,
a serenidade foi por mim escolhida,
mas só depois da vida me ter dado inúmeros açoites.
Opto por observar as pequenas coisas do mundo,
o que a natureza nos dá sem nada pedir de volta,
quando vacilo, faço-o apenas por um segundo,
no resto do tempo deixo a minha natureza completamente à solta.
Não há palavras que descrevam,
não consigo dizer mais do que isto,
por muitos versos que se escrevam,
da minha própria vida eu nunca desisto.
Gosto do restolhar que oiço na minha sala,
do barulho das ondas contra a areia parada,
do silêncio que se ouve, porque já ninguém fala,
da inspiração que nem sempre vem muito apurada.
Gosto de viver na casa que é minha,
no local que escolhi para morar,
se hoje estou aqui sozinha,
nada importa, porque tenho todo o mar.
A água sempre me deu paz,
passei horas a fio a contemplar a linha do horizonte,
se um dia alguém não souber como se faz,
caiam, sofram e depois levantem-se que o caminho é sempre em frente...
(Mafalda)
Sou uma mulher independente,
e é só nisso em que devo pensar,
pouco importa quem está ausente,
quem optou por não ficar.
Chamem-lhe egoísmo,
chamem-lhe o que quiserem,
fartei-me do altruísmo,
digam lá o que disserem.
Nunca fui de olhar para o meu umbigo,
nem de pensar que era o centro do universo,
mas demasiada confiança pôs-me sempre em perigo
e depois nada me resta senão estar para aqui a escrever em verso.
Para quê um homem permanente,
porque temos de abdicar da nossa liberdade,
eu devia andar mesmo muito dormente,
mas agora começo a perceber a realidade.
Não faz falta uma presença constante,
não preciso de um homem para viver,
pode haver um ou outro momento mais angustiante,
mas tudo o resto compensa o fato de não o ter.
Dores de cabeça constantes,
noites sofridas e mal dormidas,
jogos de palavras acutilantes
e logo as emoções ficaram todas esquecidas.
Quem não acredita em mim não me merece,
quem não luta por mim não merece sequer o meu pensamento,
há sempre um amigo que me aparece,
que está presente quando é o momento.
Não preciso duma relação de dependência,
não devo satisfações a ninguém que pense em mim como sua pertença,
abençoada a hora em que fui obrigada a dar o grito de independência,
pode cair o mundo mas não haverá mais ninguém que me tire esta crença...
(Mafalda)


Caros leitores, visitantes sempre presentes nesta minha jornada:
Recebi um novo contrato de publicação de um segundo livro. Será o "Devaneios" e estará no mercado português no final deste ano.
Agradeço-vos por isso, pois se não me seguissem, se não acompanhassem o que escrevo, nunca publicaria livro algum.
Assim já estou a caminho do segundo. Já está na editora, a ser preparado para o lançamento.
Por favor divulguem os locais onde pode ser encontrado o "Pensamentos". Pelo contrato que fiz, se atingir um determinado número de vendas, será traduzido para inglês e espanhol e lançado nos países onde se falem essas línguas.
Obrigada pela vossa companhia.
Deixo-vos a capa do "Devaneios". Sempre borboletas... sempre a metamorfose, sempre a sensação de liberdade.
Mafalda Ling
www.wook.pt/authors/detail/id/3187495
www.sitiodolivro.pt/pt/autor/mafalda-ling/46360/
www.bertrand.pt/autores/autor?id=3187495


Há pequenos instantes que nos fazem sorrir,
momentos que não troco por nada na minha vida,
são esses instantes que me dão força para existir,
são esses momentos que fazem com que não me sinta perdida.
Era uma "coisa" embrulhada em problemas constantes,
agora sou uma mulher quase realizada,
se às vezes ainda tenho momentos hesitantes,
agora penso que nessas alturas devia permanecer bem calada.
Ganhei liberdade,
ganhei a casa que sinto ser minha,
vejo agora com toda a claridade,
acredito piamente na vida que se avizinha.
Gosto do que tenho e não o trocaria por nada,
considero-me uma pessoa bem sucedida,
falta muito pouco para me sentir realizada,
pouco a pouco vou recuperando a minha investida.
Hoje faria amor com prazer,
o desejo é muito e bem direcionado,
pena que não vá acontecer,
vai-se sempre embora e permanece calado...
(Mafalda)






Estou estranha...
Estranho a calma em que me encontro,
a falta de vontade para dar um passo,
sinto-me a viver num eterno conto
sigo em frente e não sei mais o que faço.
Estou estranha...
Apatia, desinteresse,
quem me rodeia já percebeu que estou diferente,
a única vontade é que adormecesse
e não tivesse que encarar o daqui para a frente.
Estou estranha...
Não sei o que se passa
ou qual o motivo da mudança,
sei que por muito que faça
voltas-me sempre à lembrança.
Estou estranha...
Sinto-me a andar ao sabor do vento,
a não resistir às correntes do mar,
sinto bem fundo um grande sofrimento
mas nada posso fazer para o superar.
Estou estranha...
A incerteza de um lugar ao sol,
o vazio permanente numa cama que foi nossa,
se começar aqui a desfilar o rol
vou ficar novamente na fossa.
Estou estranha...
Sinto-me estranha e não sei explicar porquê,
não sei responder a nada do que me possam perguntar,
o amor é algo que não se vê,
mas tenho a noção de que estou a começar a hibernar.
Estou estranha...
Falta-me a gargalhada feliz,
o passeio à beira mar,
de que adianta o que se diz
se nada acaba por se realizar.
Estou estranha...
Desiludida com o ser humano,
cansada de uma vida calma demais,
preciso de minimizar este dano,
preciso de ir brincar para os arraiais.
Estou estranha...
Sinto-me estranha...
(Mafalda)





Deitada ao sol na minha varanda,
desnudada de pensamentos inquietantes,
adormeci a pensar nesta eterna demanda,
acordei com inúmeras sensações inebriantes.
Cada raio de sol que sentia em mim
eram os teus dedos que percorriam a minha pele,
fiquei quieta porque estava a gostar de me sentir assim,
mas a sensação desvaneceu-se e aqui estou de regresso ao papel...
(Mafalda)





Aqui escrevo tudo o que me vai na alma,
mas se passo alguns dias sem escrever
é apenas porque tenho muitas coisas para fazer
e não consigo encontrar a minha calma.
Aqui sou eu, nua de preconceitos,
sem esconder os meus defeitos,
sem vergonhas, nem pudores,
falando abertamente do meu passado de amores.
Aqui não preciso de me esconder,
de fingir felicidade onde existe um buraco vazio,
aqui posso queixar-me por não te ter,
gritar a falta que me faz ver o teu sorriso.
Aqui sou eu, sozinha,
de coração aberto aos meus leitores,
à espera de um fim que se avizinha,
de um resto de vida sem mais dissabores.
Aqui sou eu, desprovida de esperança,
sinto situações que não consigo explicar,
vivo uma vida de bonança,
mas falta-me aquele Homem para eu amar.
Aqui deixo fluir as palavras
que têm de ser contidas durante todo o resto do tempo,
liberto as minhas asas,
envolvo-me num longo emaranhado de sentimento.
Aqui grito por um amor perdido,
por um passado não esquecido,
por uma angústia de nada saber,
pela vontade de te voltar a ter.
Aqui.
Só aqui...
(Mafalda)
Faço filmes onde não há telas,
construo castelos no meio do vento,
às vezes penso que esta história vai ter uma sequela,
depois obrigo-me a acordar e sinto-me em sofrimento.
Como se fica tão preso a uma pessoa,
como combater um sentimento que não se controla,
bolas.... podia estar a ter uma vida tão boa
e estou aqui a dar cabo da minha carola.
Quero esquecer que ele existe,
não quero pensar em quem não está comigo,
mas a intuição sempre persiste,
dá comigo em doida e faz-me ter vontade de voltar enfrentar o perigo.
Mas nunca nada irei fazer,
mais de mil vezes já o devo ter dito,
o famoso tempo tudo há-de resolver,
não há nada que um dia não seja proscrito...
(Mafalda)






A pensar nos meus leitores criei um email para que me possam dar as vossas opiniões:
mafaldaling1@gmail.com
Aguardo-vos!


Volta, amigo imaginário,
preciso que ocupes o meu pensamento,
que me dediques o teu tempo
que faças algo mais temerário.
Volta, amigo inexistente,
preciso que me distraias da vida,
não podes ser um amigo ausente,
senão fico novamente perdida.
Volta, pilar da minha confiança,
companhia da minha solidão,
trazes-me sempre ventos de bonança
com o teu sorriso e a tua mão.
Volta, não me deixes à deriva,
ancora perto de mim,
não preciso de nenhuma comitiva,
apenas que tu te sentes e fiques até ao fim.
Volta, enebria-te comigo,
afasta-me do grande perigo
de voltar a um passado
onde tanto tempo já foi perdido.
Volta, não deixes de existir,
não queiras também partir,
devolve-me aquela crença
de que um dia vou voltar a ter motivos para sorrir...
(Mafalda)
Há dias em que fujo da minha escrita,
em que tento me esquecer de mim,
em que tenho uma ocupação bendita
que me dá uma distração sem fim.
Há dias em que me nego a pensar,
em que tudo faço para não recordar,
em que vou ao limite da exaustão,
só para não encarar a minha própria solidão.
Mas há dias em que não páro de pensar,
em que não conigo evitar,
em que tudo me faz recordar,
em que tudo faço para não vacilar.
Há dias em que te sinto em mim,
a falar-me ao ouvido,
a dizeres-me que isto não vai ficar assim,
que agora tudo já está resolvido.
Há dias em que oiço o teu pensamento,
em que sinto o teu lamento,
em que sou envolta no teu sofrimento,
em que sinto a tua aragem mesmo sem haver qualquer vento.
Há dias mais complicados,
são aqueles em que vivemos enganados,
em que deixamos tudo entregue ao destino,
em que perdemos por completo o nosso tino.
Há dias em que a minha cara aquece sem motivo,
em que sinto que estás totalmente perdido,
em que sei que precisas de um ombro amigo
e em que nada posso fazer, apenas porque não estás mais comigo.
Dias e dias que passam velozes,
sem qualquer esperança no horizonte,
não fossem todas estas vozes
e eu já estaria muito muito longe...
(Mafalda)
És tu que eu quero... e depois?
haverá alguém que possa criticar,
que possa negar um sentimento sempre presente?
Bastava ver-nos aos dois,
que percebiam o que era amar,
o que sentíamos verdadeiramente.
És tu que eu quero... e depois?
Só tu sabes:
o meu jeito de amar,
os sítios certos onde me tocar,
os beijos loucos que gostava de te dar.
És tu que eu quero... e depois?
Não há quem consiga mandar,
quem ache uma forma de enganar
um coração que não se quer desabituar.
Tu podes ser a melhor ou pior pessoa do mundo,
a mais altruísta ou egoísta,
mas ocupas cada segundo
desta minha vida de malabarista...
(Mafalda)
Triste sina a de um coração partido
que não se consegue arragar a mais lado nenhum,
o passado devia ser facilmente esquecido,
não devia haver um tão longo tempo de jejum.
Triste fado de quem é afastado
de uma vida sã e verdadeira,
não se é esquecido ou mal amado,
nem nada foi uma mera brincadeira.
Triste vida a de quem está sem estar,
de quem fica mas tem vontade de partir,
de quem esqueceu o sentido de amar,
de quem chora por dentro enquanto se mostra a rir.
É uma tristeza total,
sem sentido, sem qualquer justificação,
sabendo que o que dantes foi real
agora resta apenas uma longa imaginação...
(Mafalda)
Este espaço tem um dono,
de nada adiantar afirmar que não,
apetece-me entrar num longo sono
até ao dia de voltar a tocar a sua mão.
Este espaço é habitado,
embora não tenha ninguém ao pé de mim,
olho para um e outro lado,
vou-me habituando a viver assim.
Este espaço ficou parado no tempo,
passem dias, meses ou anos,
de vez em quando solta um lamento,
ainda não sararam todos os danos.
Este espaço é uma prisão,
com a liberdade a rodeá-lo constantemente,
de vez em quando vislumbra uma solução,
momentanea, intermitente.
Este espaço é só teu,
sempre o foi, sempre o será,
não sei o que é que me deu
mas acredito que (um dia) ele voltará...
(Mafalda)





Foi um fim de tarde como outro qualquer
mas o incómodo instalou-se rapidamente,
dei por mim a pensar no que leva uma mulher
a escrever poemas sobre um tema tão inexistente.
Mágoa, dor, saudade,
amor, paixão, leviandade,
desejo, ternura, cumplicidade,
empatia, alegria, felicidade...
Tudo junto numa pessoa só,
a pessoa que sei ser a minha pessoa,
passei pelas brasas com este imenso nó,
acordei na esperança de que já nada lhe doa.
O meu sentimento é descabido,
não posso deixar o pensamento fluir,
de que adianta pensar nesse amor perdido,
de que vale esperar sem mais ninguém existir.
Mas a vontade não é nenhuma,
não imagino sequer outra pessoa a meu lado,
quis a sorte fazer-me sentir a brandura
de uma vida pacata mas com uma sensação de inacabado.
Não posso voltar a questionar os porquês,
não me posso permitir pensar nessa pessoa,
é certo que um coração que não vê
acaba sempre por andar muito à toa.
Porque tocam as músicas naqueles sítios exatos,
porque aparecem situações que me fazem reviver,
bolas, estes poemas estão a ficar chatos,
assim até eu me vou fartar de os escrever.
Amor ausente, amor esquecido,
expus a minha vida num blog e num livro,
não considero que tenha sido tempo perdido,
libertei sentimentos que me inflingiam muito perigo.
Mas ele deve permanecer calado,
porque nunca falou sobre ele com ninguém,
como é possível viver nesse estado,
sabendo o que sinto (e se o sabe bem)...
(Mafalda)





Para quem escrevo palavras que nunca acabam,
quem habita em mim sem lhe ter dado permissão,
todas as palavras somadas, muitos livros davam,
mas só escrevo o que sai do meu coração.
É um orgão que se agarra com muita intensidade
a paredes viscosas que não o conseguem suster,
meia volta perde toda a sanidade
e faz com que eu volte aqui para escrever.
Disco riscado,
repetições constantes,
tudo está acabado,
nunca nada voltará a ser como dantes.
Acredita coração tonto,
que deixaste de ter um rosto marcado,
és palerma se ainda consegues ver um ponto
no meio de um tão longo tracejado.
Se bates é apenas para me manteres viva,
não tenhas ilusões de tempos dourados,
não sei mais o que te diga,
pára com devaneios tão desfocados...
(Mafalda)
Há uma névoa cerrada em torno da minha casa,
não se vislumbra nada para além do aqui,
sinto que libertei a minha asa,
sinto que já consigo viver bem sem ti.
Mas o nevoeiro é frio e entranha-se na carne,
dá uma sensação de gelo constante,
se o amor é fogo que arde,
porque me sinto eu neste estado ainda hesitante.
Passou a curiosidade,
passou a preocupação permanente,
avança-se na idade
e cresce a sensação de se ser impotente.
Nada mais se pode fazer,
não vale a pena tentar novas ideias,
aprende-se a viver,
libertam-se todas as teias.
Nevoeiro cerrado que habitas em mim,
vedaste-me o vislumbre de uma nova emoção,
torna-se um hábito viver assim,
livre, solta, mas sem uma doce tentação...
(Mafalda)
Já ninguém quer saber
de um amor proscrito
onde já tudo foi dito
e nada mais há para entender.
Já ninguém se interessa
por uma escrita repetitiva
onde surge sempre a promessa
de uma vida bem vivida.
Já ninguém dá valor
a sentimentos verdadeiros
onde se mostra o interior
sem nenhum tipo de receios.
Já ninguém tem capacidade de sonhar
com felicidade a tempo inteiro
sem saber onde se vai parar
tal é a incerteza do timoreiro.
Já não há ninguém
que cumpra os requisitos
de conseguir ir mais além
sem embarcar em navios esquisitos.
Já não há ninguém
que satisfaça a insatisfação
que sente um outro alguém
que foi remetido para uma eterna solidão...
(Mafalda)

Vou sonhar com o dia em que vais entrar na minha vida,
com o toque suave da tua mão,
só de imaginar fico logo rendida,
basta idealizar para sentir a sedução.
Tu existes, és real,
apenas não chegou ainda o tempo certo,
lua cheia, sobrenatural,
chega esta altura do mês e o meu tino fica incerto.
É uma sedução dissimulada,
uma insensatez de ser amoral,
avançando fico sempre especada,
parando sinto-me imoral.
Hoje eu sei que te escondes
apenas pelo receio do meu toque,
podes avançar, não me rondes,
és tu o motivo de todo este enfoque.
Liberta a loucura que existe em ti,
não tenhas medo de te prender a mim,
depois de tudo o que já vivi,
espero o sonho que vai chegar bem no fim...
(Mafalda)
Sinto saudades de uma gargalhada sentida,
de um olhar calado mas deveras revelador,
não, não me sinto deprimida,
apenas estou desprovida do teu calor.
Apetecia-me sair um pouco,
libertar anseios escondidos,
mas enquanto continuar a falar com um mouco
esses desejos vão permanecer esvanecidos.
Faz-me falta um pouco de loucura,
de uma dose de adrenalina que me faça acordar,
não, não estou numa fase de amargura,
apenas sinto a tua falta para conversar.
Dou por mim a pensar sem querer,
a tentar perceber o que não faz o mínimo sentido,
gostar de ti não é um capricho de não saber perder,
é um sentimento sincero que se sente oprimido.
Fazes falta no meu dia a dia,
nas pequenas coisas que acontecem normalmente,
o presente jamais se antevia,
pode ser que o futuro chegue em forma de presente...
(Mafalda)
Aqui fica uma foto gentilmente cedida pela minha prima Gena...


Deixei de ter leitores em Portugal,
visitam-me centenas de outros países,
por cá não gostam de uma história real,
não querem mais acompanhar as minhas raízes.
Talvez deva começar a escrever em inglês,
assim é mais fácil entenderem o que digo,
a alternativa seria usar o chinês,
mas aprender esse idioma ia ser um verdadeiro castigo.
Vou-me manter fiel à minha nacionalidade,
talvez escreva um ou outro numa outra língua,
quando se atinge o meu grau de insanidade,
nada se pode esperar a não ser viver à míngua...
(Mafalda)
Cheguei à brilhante conclusão
que o meu passado é maior que o meu futuro,
se não tiver mais a quem dar a mão,
não vou entrar mais em nenhum apuro.
Sou a soma do meu tempo,
a adição das experiências vividas,
não vou gastar mais nenhum lamento
em situações que já foram esquecidas.
Preciso de cultivar o meu jardim,
de regar as flores que me rodeiam,
se ainda há quem muito goste de mim
muitos outros haverá que apenas me odeiam.
Cometo erros, cedo a tentações,
sou humana, não duvidem,
gosto de alimentar ilusões
porque elas nunca me agridem.
Sonho com um mundo divertido,
em que a paz é o bem mais precioso,
aprendendo a discernir o colorido
vou traçando sempre um objetivo mais ambicioso.
Passo a passo, devagarinho,
como se estivesse a aprender a andar,
passou a maior parte do meu caminho
mas ainda tenho pernas para muito caminhar.
Que morra feliz e sem dor,
que possam dizer que aproveitei o que a vida me quis dar,
neste momento só quero aproveitar o calor,
deixar-me envolver e recomeçar a gostar.
Baixar um pouco as defesas, ir à aventura,
sem compromissos que me posam bloquear,
haverá sempre um sentimento que perdura
e é desse mesmo que não me quero afastar...
(Mafalda)

Com toda a minha ternura
beijo uns lábios que resistem,
hoje é um dia de brandura,
já são muitos os que agora existem.
Apraz-me sobremaneira
ter companhia à minha mesa,
eu sei que não sou a primeira
que se refugia no imaginar para combater a tristeza.
Gosto de sentir o toque da tua pele,
o aroma que deixas ao passar,
note-se que não estou a falar dele,
deixo o meu espírito livremente vaguear.
Há pessoas que nos tiram
e há pessoas que nos devolvem,
não existir permite que não nos firam
e os sonhos constantes tudo resolvem.
É a candura de um beijo sincero,
é uma vontade em sentir o toque de quem não existe,
o tempo às vezes não é severo,
tira, devolve e uma pessoa resiste.
Sabe-me bem seduzir em imaginação,
sinto uma vontade louca de transpor barreiras,
hoje não é um dia de negação,
é o dia de tomar atitudes prazenteiras.
Um dia vai deixar de ser um sonho,
vou passar a ter esta presença constante,
aí perco o sorriso tristonho
e sigo por esse caminho sem me sentir hesitante.
Coloquei pedras no passado,
guardo-o no baú das recordações,
foi bom, mas está acabado,
estou livre e sem prisões.
Pode haver dias em que aparecem muitas questões,
mas a minha força não me deixa cair,
vivo uma vida cheia de ilusões
que há quem me deseja mas não quer assumir.
Gosto muito do que já tenho,
nada mais tem urgência em ser conseguido,
admiro muito o engenho
de quem quer mas ainda anda distraído...
(Mafalda)
O que eu temia aconteceu,
logo pela manhãzinha, sem qualquer hesitação,
pelo menos não esqueceu
quem um dia lhe entregou o coração.
Mas não queria que tivesse mandado nada,
preferia ter sido remetida à indiferença,
vou manter-me totalmente calada
perante quem nunca foi minha pertença.
É complicado de gerir,
custa um bocado manter a distância,
vou ter de fazer um grande esforço para sorrir,
tenho de dar ao assunto o mínimo de importância...
(Mafalda)



Esta é a minha realidade...
Não sei porque estranho,
porque penso que algo podia ser diferente,
avanço na idade,
vão ter de me fazer um desenho,
explicar-me como deixar de ser a eterna crente.
O que é que eu podia esperar,
porque imaginei algo que nunca aconteceria,
não tarda nada vou-me deitar,
desatar a chorar não era bem o que eu previa.
Sim, estou sozinha,
mas isso é sempre assim,
sinto a telha que se avizinha,
que invade tudo o que há dentro de mim.
Hoje é mesmo um dia não,
entro nos cinquenta como entro no ano novo,
quando me começo a habituar a esta solidão,
aparecem os dias mais complicados em que ainda me comovo.
Tenho tudo o que queria ter,
mas não era nada disto que queria para mim,
é complicado tentar entender,
muito mais difícil é aceitar que vai ser sempre assim.
Alguém me disse que tudo isto era uma negação,
um escamotear da realidade escondida,
bolas, hoje estou cansada desta habituação,
apetecia-me divertir que nem uma perdida.
Mas a realidade não é essa
e eu tenho de viver no mundo que realmente existe,
espero que tudo isto passe depressa,
que a minha paciência há muito que já resiste...
(Mafalda)


Alteração de data para dia 14 de Junho!
Depois confirmo a hora.
Obrigada!!!
Há dias que batem mais forte,
que podiam ser vésperas de festa sentida,
são aqueles em que nos queixamos da sorte,
em que nascemos mas já fizemos a nossa despedida.
Há dores que não se esquecem,
amanhã podia ser um dia para comemorar,
mas há seres puros que desaparecem
sem sequer tererem uma oportunidade para sonhar.
Há uma recordação constante,
uma saudade daquele sorriso atrevido,
agora sei que estás distante,
mas o que sinto por ti não foi esquecido.
Parabéns, Marta!
(Mafalda)


O meu problema é começar a pensar,
sempre pensei em demasia,
é algo que não consigo evitar,
e quando penso muito não há quem ria.
Passam pela minha cabeça mil questões,
se me vais dar os parabéns no meu dia,
andam os pensamentos aos trambolhões,
porque só eu sei o quanto eu não queria.
Questiono se vais entrar em dilema,
ou se vais fazer como no ano passado,
depois de teres o meu livro conheces todo o esquema,
ou me desancas ou permaneces calado.
Imagino que te tenha feito mal,
leste tudo o que não querias saber,
sabes que a minha vida vai ter um final
mas não sabes quando isso vai acontecer.
Será que te debates com angústias silenciosas,
será que ainda pensas assim,
ultimamente tenho tido premonições ambiciosas,
sinto que ainda não desististe de mim.
Mas vais ficar novamente calado
porque nada de novo tens para me dizer,
o meu pensamento é muito rebuscado,
tento calá-lo mas não sei como o fazer.
Há marcas que ficam gravadas a ferro e fogo,
há vincos difíceis de sair,
sei que tudo não foi um logro
mas não sei se ainda algo está para vir.
Acreditar em palavras que se revelaram vãs,
mas que me deixaram encarcerada dentro de um sentimento,
vou chegar a velha e ter muitas cãs
e mesmo assim esperar por esse momento.
Nada vai acontecer, eu sei,
apenas o meu pensamento não consegue parar,
por um sonho, toda a vida esperei,
aconteceu e deixou-se findar.
Falta pouco para o dia em que vou deixar de pensar,
muito pouco mesmo para não me surpreender,
mas agora não consigo parar de me lembrar
na resposta aos parabéns que tive de ler.
Que eu veja... foi surreal,
só te visualizo dentro de mim,
o que queres tu afinal,
se não abdicas de viver assim.
Vou parar de escrever,
senão vira lamechice pegada,
não vale a pena tentar entender,
quem insiste em permanecer de boca fechada...
(Mafalda)
Existe um peso no ar
que torna impossível o simples ato de respirar,
luzes fundidas que revelam escuridão,
ambiente pesado que cheira a podridão.
Aproxima-se uma tempestade brutal,
um descobrir de segredos antigos,
se nada disto fosse real
nenhum de nós enfrentaria os perigos.
Acalmia desmedida antes do furacão,
só um negrume total é alcançado pela nossa vista,
não sou eu que estou em dia não,
mas não há mais paciência que resista.
Venham as chuvas torrenciais,
os ciclones desvastadores,
a perder não tenho nada mais,
só quero afastar-me de mais dissabores...
(Mafalda)

Hoje disse que me sentia castrada,
impedida de voltar a saber amar,
de nada vale dizerem-me que estou enganada,
só eu sei como é difícil o simples ato de imaginar.
Não fiz voto de castidade,
mas não tenho desejo algum,
foi demasiada a leviandade,
acabei neste lugar comum.
Fechei as portas do meu corpo,
não imagino sequer uma tentativa de reabertura,
posso ter vontade de seguir uma caminho torto,
mas recordo sempre a necessidade de ternura.
Algures neste planeta imenso,
houve um homem que me soube amar,
vivi um sentimento intenso
que em nenhum outro vou encontrar.
Repugna-me o contacto físico com outra pessoa,
não consigo sonhar com excitação,
por muito que o amor já não me doa,
vou ficar sempre presa a uma sublime recordação...
(Mafalda)
Falta exatamente uma semana
para entrar no meio século de vida,
vou entrar nele deitada na minha cama,
estarei sozinha mas não esquecida.
Existirão pessoas que me vão recordar,
que vão escrever votos de parabéns sentidos,
pessoas que só nessa altura se decidem a falar,
que no resto do ano mantêm os pensamentos escondidos.
Pouco me importa que se lembrem nesse dia,
as minhas pessoas vivem comigo o ano inteiro,
as outras vão-me tirar o motivo de alegria
ao simplesmente escreverem algo tão corriqueiro.
Não preciso de palavras uma vez por ano,
preciso de ações sentidas e verdadeiras,
do que um dia tanto precisei foi literalmente pelo cano,
hoje estou bem porque tenho sempre quem alinhe nas minhas brincadeiras.
Amo quem ama os meus defeitos,
as minhas limitações e ambições,
os que estão a meu lado são os meus eleitos,
sem eles ainda andaria aos trambolhões.
Cinquenta anos de uma existência conturbada,
com algumas paixões e um amor avassalador,
quase me dei como acabada,
mas dei a volta ao sentir tanto calor...
(Mafalda)
Meia volta surge um revés,
uma anulação de planos feitos,
como já não é a primeira vez
tenho de fazer as alterações de acordo com os preceitos.
Parece que uma força suprema me controla,
que faz com que eu seja obrigada a não ir,
às vezes fico a bater mal da tola,
mas já sei reagir quando me sinto a cair.
Passo pelo espaço que me é proibido,
sigo em frente, sem sequer hesitar,
se o que agora quero não vai ser conseguido,
vou insistir até o alcançar.
Não tenho donos que me limitem,
não tenho exclusividade para quem não a quer,
fracos são os que desistem,
eu sou forte e hei-de sempre vencer.
Não permito que as contrariedades me impeçam,
se hoje não consigo, farei amanhã ou depois,
por muitas teias que momentaneamente me enlacem,
um dia vou ter um novo momento a dois.
Mas bate uma tristeza por não poder ser agora,
gostava mesmo de ser louca por um dia,
hoje é a minha alma que chora,
são reflexos de uma tão longa agonia...
(Mafalda)
Fiz um pacto de não agressão,
de manter o meu espírito em paz total,
há muito que devia ter tomado essa decisão,
aproveitar bem a vida, é o que se pretende afinal.
Já aprendi a viver,
já não acredito no Pai Natal,
demorou, mas obriguei-me a entender
que só posso contar com o que é real.
Agora custa-me a acreditar,
que um dia não fui assim,
que passava a vida a sonhar
com o que pensava ser melhor para mim.
Sinto-me leve como uma pena,
sem compromissos, sem obrigações,
não preciso de inventar nenhuma cena,
para deixar de andar aos trambolhões.
Que ideia mais disparatada,
deixarmos a nossa felicidade depender de um outro alguém,
não posso evitar ficar pasmada
perante as atitudes do passado que sempre se têm.
Que infantilidade atroz,
que dependência mais absurda,
como é bom poder soltar a voz
perante uma audiência que nem sempre é surda...
(Mafalda)









São onze da noite de uma quinta feira,
sinto que alguém fala de mim,
não, não é uma brincadeira,
ultimamente voltei a sentir-me assim.
Há uma sensação de impotência,
de já não querer saber de nada,
peço constantemente clemência,
mas continuo a ser incomodada.
Há algo que não me deixa repousar,
que não me permite uma boa noite de sono,
não sei mais o que se anda a passar,
só sei que cada um pertence a seu dono.
Deixem a minha cabeça em paz,
parece que gostam de me atormentar,
agir é só para quem é capaz,
de nada vale agora andarem a falar.
Não sou louca, nem nunca fui,
apenas tenho uma sensibilidade mais apurada,
a perceção sempre me flui
e acaba por me deixar deveras preocupada.
Queria que esquecessem que eu existo,
que não tocassem mais no meu nome,
às vezes não sei como ainda resisto
perante esta situação que me consome.
Parem!
Não pensem em mim!
Não se massacrem!
Eu estou muito bem assim!
(Mafalda)
Era eu que queria ter saído por aquela porta,
ter ido beber um copo e conversar com alguém,
a vida não passa da cepa torta
quando nos apetece mas ninguém vem.
São poucos os momentos assim,
mas há alturas em que nos sentimos endiabrados,
hoje sinto que não estou em mim,
vou dar os meus versos por acabados.
Corro o risco de falar de mais,
de deixar sair o que não faz sentido nenhum,
vivo sonhos que não são reais,
mais uma vez estou num lugar comum.
Sair à noite, beber um copo, dançar,
são coisas que me estão bastante vedadas,
infelizmente acabo por aqui ficar
a remoer situações há muito ultrapassadas.
Passado que se mistura com o presente,
sempre estive presente no passado,
continuo presente no presente,
anda todo o mundo equivocado,
no futuro continuarei em frente.
A vida é a soma de tudo,
é a subtração do tempo que se perde,
multiplica-se sempre, contudo,
a divisão que sempre me precede.
Dar demasiada importância a pormenores,
idealizar vezes sem fim,
meia volta chegam os dissabores,
às vezes faço por me esquecer de mim.
Tenho receio de agoirar,
quero que tudo continue como agora está,
da vida tenho muito a esperar,
vou aguardar calmamente pelo que ela me trará...
(Mafalda)
Hoje precisava de um abraço,
se sentir o teu braço envolver a minha cintura,
de superar o embaraço,
de aliviar um pouco esta amargura.
Não é por ser o dia que é,
apenas precisava de me rir um pouco,
fica sempre uma réstia de fé,
de que um dia acabes por virar louco...
(Mafalda)
"Muitas vezes, uma pessoa encontra o seu destino na estrada que tomou para evitá-lo."
(Jean de La Fontaine)





Brevemente farei meio século de vida,
é esta a altura certa para fazer um balanço,
se houve momentos em que ri como uma perdida,
noutros a tristeza não me deu descanso.
Sofri o que todos sofremos um dia,
passei por separações voluntárias e involuntárias,
sempre decidi que se a vida não me sorria,
cabia-me a mim tomar decisões mais temerárias.
Sempre avancei crente na esperança de que tudo iria correr bem,
houve coisas que sim, mas outras que não,
adaptei a realidade à forma que mais me convém,
ganhei muito mas perdi o meu coração.
Fiz as opções que considerei certas,
não me arrependo de nenhuma das investidas,
se hoje mergulho em águas desertas,
outrora vivi situações verdadeiramente sentidas.
Tudo tem um tempo certo,
o meu já passou por mim, mas não quis ficar,
meio século de uma vida incerta,
finalmente começo a sentir-me consolidar.
Cresço todos os dias como pessoa,
assimilo constantemente novas informações,
de cabeça erguida, sem que nada me doa,
vivo feliz mesmo sem as grandes emoções.
É um retrato muito sincero,
quem me acompanhou neste último ano sabe que não minto,
passei por um tempo extremamente austero,
mas como de costume, a minha desgraça eu sempre finto.
Agradeço a quem me ajuda no dia a dia,
a quem me ama incondicionalmente,
viver assim só pode ser motivo de uma grande alegria,
passou meio século, passou muita gente...
(Mafalda)
Duas noites de atropelo constante,
de imagens que se sobrepoêm a imagens,
viro-me para um lado e para o outro de forma hesitante,
tento perceber quais delas não passam de meras miragens.
Parece que alguém faz questão em me recordar,
que tem prazer em me dizer que existe,
quando estou disposta a avançar,
ocupam-me o sonho que nunca resiste.
Quero dormir e não consigo,
o pouco que durmo é em sobressalto,
aparece nos sonhos a dizer que está comigo,
que está prestes a conseguir dar o salto.
Não são sonhos destes que eu quero,
parecem mais pesadelos acutilantes,
quero viver a vida sem sentir o desespero,
sem passar por situações deveras inquietantes.
Deixem-me em paz enquanto durmo,
que acordada já me sinto muito bem,
não quero mais ter este sonho soturno,
chovem palavras ocas que ficaram muito aquém.
Não podem contaminar o meu descanso,
parem de me fazer recordar e idealizar,
anjos meus que sempre me deram esperança,
desta vez, por favor, deixem-se aquietar.
Não me criem ilusões sem fundamento,
não será por fazer anos que tudo vai mudar,
deixem-me continuar a viver apenas o momento,
sinto-me bem, não há motivo para não aproveitar...
(Mafalda)





Regressei ao meu quotidiano,
à vidinha que tanto me apraz,
não tenho qualquer novo plano,
o que vier a seguir tanto me faz.
Voltei ao meu porto seguro,
à casa que me dá tanta serenidade,
nada de novo auguro,
em cada dia que passa aumenta a minha simplicidade.
Sou o que sou sem qualquer subterfúgio,
sem pretensões do que poderia ambicionar vir a ser,
encontro nesta qualidade o meu refúgio,
gosto do que sou e não me quero perder...
(Mafalda)

Hoje é o meu dia das charadas,
também tenho direito a um,
podiam parecer favas contadas,
mas revelaram-se uma fonte de jejum.
Hoje é o meu dia das figuras de estilo,
aliteração, assonância, anáfora,
não sei se dê já entrada num asilo
ou se continue envolta nesta imensa metáfora.
Hoje não me apetece ser explícita,
prefiro manter-me bem disfarçada,
tudo o que digo tem uma história implícita
que eu prefiro manter bem recatada.
Hoje a minha alma não é transparente,
não tenho um livro aberto que todos podem consultar,
sinto que estou a ficar demente,
mas prefiro sempre continuar a sonhar...
(Mafalda)
Queres-me?
Luta por mim...
Desejas-me?
Não continues a viver assim...
Só eu sei o que nem eu sei,
se saberei ou não nunca vou saber,
só sei que sei o que não sei,
e nem sei se um dia me vou entender.
Eu sei o quero e o que não quero,
quem desejo e quem não desejo,
não sei se a minha vida é um desespero,
só sei que me apraz todo este ensejo.
Não sei o que sinto
ou se sinto alguma coisa,
apenas sei que o que sinto
se pode escrever numa simples loisa.
Cansa-me pensar em tudo,
em não pensar em mais nada,
se serás tu o grande sortudo
que é capaz de decifrar esta imensa charada.
É um querer que não quer,
mas que quer tudo o que pode querer,
se ninguém nada fizer,
lá se deita tudo novamente a perder.
Gosto de gostar de quem gosta,
mas já não gosto de gostar de quem não gosta,
comunicar com gestos não é resposta,
mas é a única resposta de quem apenas gosta.
Não sei se sei o que quero,
se simplesmente quero sem saber,
se acabou o tempo austero,
só sei que não quero voltar a sofrer...
(Mafalda)
É a nostalgia a falar,
hoje não consigo pensar de outra maneira,
não sei o que se está a passar,
mas estou a sentir-me novamente uma prisioneira.
Estou presa num passado que já acabou,
que não tem razão de se fazer relembrar,
olho para mim e não sei o que sou,
se tenho vontade de rir ou se me apetece chorar.
Talvez seja a conjuntura a causar este desassossego,
é um velho ciclo vicioso que me envolve,
preciso tanto de sentir um aconchego
daquele ombro amigo que tudo sempre resolve.
Deixei a imaginação passar,
agora acordo e só vejo a realidade,
não sei se devo ir ou ficar,
mas apetece-me fugir para outra cidade.
Um sítio onde ninguém me conheça,
em que seja um simples rosto misturado na multidão,
como é possível que ainda não esqueça
quem literalmente me deixou no chão...
(Mafalda)









"O universo é abundante; há o suficiente para todos.

Refugio-me no silêncio,
na prudência de não emitir um som,
tudo para que não volte a demência,
tudo para recordar apenas o que é bom.
Envolvo o meu pensamento em sedas macias,
prendo-o com fitas de cetim,
avizinham-se dias de novas razias,
há alturas em que sinto que já não estou em mim.
Sempre uma contrariedade,
sempre um derrubar do que se constrói,
começo a já não ter idade,
tenho uma dor mas não sei evitar o que dói.
É a certeza de novas confusões,
a incerteza do que está para chegar,
porque temos tantas destas situações,
não seria já a altura certa de parar?
Já chegava deste problema,
não eram necessários mais passos a superar,
compreendo agora quem sempre trema
ao ouvir aquela malvada palavra a chegar.
Tudo o que ambicionei foi conseguido
nem eu própria sei bem como,
mas o mais importante permaneceu esquecido
e reapareceu agora como sendo um todo.
Antes sem nada para mim,
sem conquistas nem sucessos,
vai sendo um hábito viver assim,
andar para a frente e sofrer retrocessos...
(Mafalda)

Foi um fim de semana diferente,
daqueles que fazem falta de vez em quando,
não tive um tratamento deferente,
não houve margem para qualquer engano.
Fui eu própria sem dificuldade,
já não preciso de teatros banais,
aceitem-me assim com esta honestidade,
tudo o que observam são fatos reais.
Para mais máscaras já não há lugar,
nem tão pouco para fingimentos descabidos,
continuo o caminho que me propus trilhar,
os que me abandonaram só podem ser esquecidos...
(Mafalda)


Quando um sofrimento passado
vira motivo de descontração,
só se pode deduzir que tudo já está bem arrumado
no lugar onde tive um dia um coração.
Quando a dor que nos dilacerou
vira motivo de gargalhada,
foi um amor que já passou
e eu sou uma pessoa realizada.
Hoje já rio do que um dia chorei,
com descontração e sem ressentimentos,
hoje já falo do que um dia calei,
vivo apenas cada um dos meus momentos.
Hoje é um dia diferente para mim,
espero encontrar-vos nesta cidade acolhedora,
devia ter sido sempre assim,
não tenho espírito para ser sofredora.
A vida é o que nós fazemos dela,
ser triste em nada nos valoriza,
libertei-me finalmente daquela imensa cela,
daquele sentimento que sempre me inferniza.
Não amo, não vou mais amar,
recuperei todos os muros que um dia perdi,
desta vez vieram para ficar,
deixá-los cair foi o motivo porque tanto sofri.
Não confio, não me entrego,
não vou mais cair em conversas banais,
aquele amor sofrido aqui o nego,
viver agora só com coisas muito reais.
Imaginações infinitas que me fizeram sofrer,
seduções encapotadas que me faziam tremer,
hoje já sei que isso nunca mais vou ter,
resta-me aprender a nunca mais me perder...
(Mafalda)



Há dias em que me apetece tudo o que não tenho,
em que os segundos deviam durar uma vida,
bem que eu tento apurar o engenho,
mas ultimamente não faço qualquer investida.
Há momentos que não deviam acabar,
em que devíamos ter o direito de opção,
falo, falo e volto a falar,
mas sempre que falo é para calar o meu coração.
Escolhas complicadas são a minha especialidade,
já comprovei isso em épocas passadas,
grito aos ventos que vivo em liberdade,
depois dou por mim em permanentes emboscadas.
Não faço escolhas pelo caminho,
sigo em frente sem olhar para ninguém,
de vez em quando aparece alguém mais sozinho,
nem quero olhar, porque não me convém.
Quero manter o meu celibato voluntário,
a tranquilidade emocional que conquistei,
escrevo aqui neste meu diário,
tudo o que tenho vontade mas que nunca te direi.
Podia chegar ao pé de ti,
e simplismente dizer que preciso de te amar,
que não consigo passar mais um dia sem ti,
que tenho uma constante necessidade de te escutar.
Nada disso jamais farei,
gosto do que já consegui alcançar para mim,
em breve chegará o dia em que direi
que ainda bem que tudo correu assim.
Há sempre razões desconhecidas,
em toda a razão que nós conhecemos,
se há coisas que vão sendo esquecidas,
muitas outras nunca esqueceremos.
Se o passado existiu um dia,
se deixou marcas bem delineadas,
só eu sei o que faria,
se não tivesse sofrido tantas derrocadas...
(Mafalda)
O que importa se temos relações,
se traímos fisicamente o nosso par,
não será motivo maior para ralações,
estar com uma pessoa e já não a conseguir amar.
Estamos a seu lado mas com a cabeça distante,
a pensar no que a outra pessoa estará a fazer,
viver uma vida assim é fustigante,
há um dia em sentimos que estamos prestes a enlouquecer.
Trair o corpo é mera excitação,
bem mais complicado é quando nada se faz,
guardamos bem dentro do nosso coração,
aquele sentimento que sempre nos satisfaz.
Calamos a vontade louca de fugir,
de avançar rumo à concretização,
sabe Deus como custa resistir,
como é complicado ceder à tentação.
É aquela a nossa pessoa,
mas o destino não entendeu dessa maneira,
passa o tempo e por muito que doa,
temos sempre de levar tudo na brincadeira.
Inconstância da vida que é complicada de entender,
antagonismos dilacerantes que nos fazem retroceder,
se num momentos só queremos esquecer,
noutros tudo faremos para nos sentirmos renascer.
É o hoje que me importa,
é o agora que me satisfaz,
se passarei ou não da cepa torta,
já pouca importância me faz...
(Mafalda)
Sou traidora.
Não traio quem eu amo,
apenas traio para não viver no engano.
Gosto de me sentir liberta,
gosto de enveredar por caminhos menos claros,
gosto de partir à descoberta,
não sou uma mera galinha no meio de muitos galos.
Gosto de fazer as minhas opções,
de lidar com as consequências,
adoro viver em ilusões,
não nego todas e quaisquer evidências.
Gosto de estar no teu caminho,
do toque dos teus lábios doces,
nunca te quis deixar sozinho,
mas quis a vida que assim fosse.
Apraz-me ter-te a meu lado,
numa comunhão total de sentimentos,
nuns dias permaneces calado,
noutros aproveitas todos os momentos.
Sinto o desejo a aumentar,
a tomar proporções devastadoras,
até quando vamos aguentar,
quando as perspetivas são tão tentadoras....
(Mafalda)
Sem deferências,
sem hesitações,
sem referências,
nem prisões.
Não posso ser homem,
não nasci com o sexo errado,
são pensamentos que consomem
um devaneio maltratado.
Com carinho,
com ternura,
só quero um bocadinho
em que atinja a loucura...
(Mafalda)



Escrever poesia por encomenda,
ser obrigado a seguir um assunto pré determinado,
é o mesmo que andar pelo mundo com uma venda,
querer seguir em frente e permanecer sempre parado.
Gosto de libertar pensamentos escondidos,
de deixar os meus dedos tomarem o rumo,
alguns temas são sempre esquecidos,
outros são recordados com afinado prumo.
Nunca ganharei campeonato algum,
os meus poemas são demasiado banais,
escrevo sobre qualquer lugar comum,
inspiro-me sempre em fatos reais.
Como deixar a imaginação rolar,
se nos dão um tema para tratar,
escrever é apenas uma paixão,
uma fuga para fugir da solidão...
(Mafalda)




"Não é de serem felizes que as pessoas têm medo;
é de escolher
- da responsabilidade da escolha,
do compromisso que ela acarreta."




Quando me sinto a subir,
obrigo-me a descer rapidamente,
não posso correr o risco de cair,
de me magoar definitivamente.
Quando me sinto a construir castelos,
puxo o mar para perto de mim,
afogo os eternos duelos,
se devo parar ou ir até ao fim.
Quando me sinto a sonhar em demasia,
belisco-me e acordo assustada,
nem eu sei o que faria,
se voltasse a sentir-me acorrentada.
Quando me sinto ansiosa para te ter a meu lado,
procuro sempre uma ocupação real,
enquanto um de nós permanecer calado,
a ansiedade não é uma questão fundamental.
Quando só um de nós fala,
pouco há a dizer sobre este assunto,
se só um fala e o outro cala,
resta apenas um futuro disjunto...
(Mafalda)
Há uma vida para além da vida,
da vida normal enquanto seres humanos,
é uma vida deveras atrevida,
é a vida que todos nós um dia ambicionamos.
Aquela em que cometemos as loucuras,
em que realizamos os sonhos de criança,
é uma vida sem margem para agruras,
é a falta da tempestade numa vida de bonança.
Há uma vida paralela à vida,
aquela por que ansiamos em todos os instantes,
uma vida sempre bem conseguida,
em que vivemos momentos inebriantes.
Aquela em que somos nós próprios,
em que deixamos a impulsividade comandar,
é uma vida sem pensamentos impróprios,
tal é a vontade que temos de nos libertar.
Há uma vida escondida em cada vida,
a vida que queríamos ter mas que não assumimos,
a vida que toma conta das rédeas de forma decidida,
que nos obriga a aceitar aquilo de que fugimos.
É essa a única vida sincera,
mas submergimo-la no fundo de um poço,
eu não gosto de ser severa,
mas quem o faz só pode esperar um enorme desgosto...
(Mafalda)
Todos os dias quando nasce o meu dia,
esboço um sorriso e desejo que tudo corra bem,
encho o peito com muita alegria,
preparo-me para a jornada que a seguir advém.
Dizem-me que o meu olhar recuperou o brilho,
que pestanejo com exaltação,
as palavras são um longo chorillho,
hoje devo estar em dia de negação.
Não me apetecia ter ficado só,
pairava no ar um imenso carinho,
volto para casa e tento desatar o nó,
regresso à solidão que é o meu único caminho.
Há dias em que o muito não chega,
que deviam ter horas infinitas,
entender-me, não há quem se atreva,
gostava de ouvir as palavras que nunca serão ditas.
São tantas as vezes em que penso,
que isto não faz sentido nenhum,
no ar um sentimento intenso
que nunca vai levar a lugar algum.
Passam-se dias, passam-se meses,
desperdiçam-se instantes cruciais,
é por isso que eu digo muitas vezes,
que ter um homem a meu lado: "Nunca mais".
Posso conhecer mais um ou mais mil,
por nenhum me sentirei tão atraída,
escusas-te em te revelar, és vil,
talvez eu seja mesmo pobre e mal agradecida.
Não passo pela vida dos homens,
como uma simples brisa passageira,
são estes os pensamentos que me consomem,
se sou viciante... não faz sentido ver-me nesta desgraceira...
(Mafalda)

Estou rendida...
À beleza que o tempo traz,
à conquista de cada instante,
a depressão ficou lá bem para trás
sinto-me num prado muito verdejante.
Talvez por ser Primavera,
todas as flores desabrocham para mim,
nunca deixei de ser quem era,
apenas me rendo ao que o destino me traz por fim.
É a concretização de sonhos antigos,
é a força de novas investidas,
é um constante superar de cenários enegrecidos,
é um acumular de situações muito divertidas.
Como eu queria ter sido sempre desta forma,
alegre, bem disposta e com paixão pela vida,
é certo que nem sempre o universo concorda,
mas nunca mais me darei por vencida.
Hoje é a prova que sou capaz de tudo,
que alcanço sempre o que mais ambiciono,
sou deveras um ser sortudo,
estrela minha que não me remetes ao abandono...
(Mafalda)
(Mafalda)
Gosto de descansar a minha vista,
de sentir o toque da tua mão,
é difícil haver quem ainda resista
após tantos meses de extrema solidão.
Sinto um formigueiro intenso,
um calor que se entranha em mim,
nunca vai chegar o dia do consenso,
aquele por que ansiamos em cada fim.
Gosto de estar contigo,
apetece-me sempre estar mais um pouco,
não sei se és só meu amigo,
se também nutres um sentimento louco.
Um querer mas não querer,
um desejar mas ficar quieto,
avançar e deitar tudo a perder,
estagnar num momento predileto.
Nada sei sobre este sentimento,
sinto-me uma perfeita ignorante,
aprecio cada momento,
mas fico sempre com uma sensação inebriante.
É a vontade de te tocar,
de te dar um beijo puro,
será que me consegues ajudar,
que um dia me tiras deste apuro.
Nunca é uma palavra proibida,
sabes tu e eu também,
há uma história vivida,
que nem sempre é a que mais nos convém.
Gosto da tua presença,
do calor que emana do teu olhar,
não és minha pertença,
mas eu não sou mulher de me aquietar.
Sinto que sentes o que sinto,
como eu também sinto o que sentes,
com o meu olhar eu não minto,
o teu sempre revela o que não consentes.
Pouco importa o rumo a tomar,
de pouco vale fazer conjeturas,
contigo atrevo-me a ambicionar
um dia cometer algumas loucuras...
(Mafalda)
Preciso de uma musa inspiradora,
que dê sentido ao que eu quero escrever,
talvez me torne numa eterna sonhadora
só para não calar a voz que me permite escrever.
Falar sobre temas banais,
sobre sentimentos e emoções,
sempre escrevi sobre fatos reais,
não sei se consigo escrever sobre meras ilusões.
Vou explorar um novo caminho,
aventurar-me num mundo que ainda desconheço,
mas tudo farei para não me sentir sozinha,
inventarei alento para que nunca esmaeça.
Não será fácil deixar fluir,
quando há entraves ao longo da estrada,
mas já voltei a saber rir,
e ninguém me vai obrigar a ficar calada.
Gritarei ao mundo que não tenho ralações,
que alcancei tudo o que queria ter,
viver na realidade ou viver em ilusões,
a partir de agora terão de ser os leitores a tentar perceber...
(Mafalda)
Acabou o tempo em que contava os dias,
em que recordava cada momento passado,
em que me preocupava se vivias
num lugar quente e sem te sentires amargurado.
Acabou o tempo em que pensava no que estarias a fazer,
em que recordava situações por nós vividas,
se terias ou não prazer
e em outras coisas bem mais atrevidas.
Acabou o tempo de viver pelo passado,
passado que passou e que um dia regressou,
o momento certo foi ultrapassado,
do nosso amor apenas a recordação ficou.
Acabou o tempo de sentir,
de me preocupar com os teus problemas constantes,
de pensar se ainda sabes sorrir,
de lutar com os meus sentimentos hesitantes.
Acabou o tempo de olhar para trás,
de pensar no que podia ter vindo a ser,
é muito certo que o tempo sempre nos traz,
a forma certa para conseguirmos esquecer.
Fica tudo o que se passou,
guarda-se a memória que não se consegue apagar,
se um dia muito se sonhou,
noutro dia tudo se viu a desmoronar.
Lamento profundamente,
mas nada mais posso fazer,
amar-te eternamente
seria uma forma de me perder.
Gosto de estar em mim,
de sentir controle sobre as minhas ações,
vai longe o tempo em que vivi assim,
prisioneira das minhas próprias emoções...
(Mafalda)













Tenho uma grande dificuldade,
em escrever sem nada sentir,
chegou o tempo da serenidade,
já não anseio pelo que há-de vir.
Não tenho raivas contidas,
nem orgulhos maltratados,
tornei-me uma pessoa comedida
mas com sentimentos manietados.
Falo sobre mim o tempo inteiro,
sobre coisas fúteis e banais,
aqui o sossego ficou prisioneiro,
fujo sempre das coisas habituais.
Todos os dias há uma nova descoberta,
que me faz crescer mais um bocadinho,
como é bom sentir-me liberta,
já não sentir a falta de nenhum carinho...
(Mafalda)
É difícil de digerir,
custa mesmo a acreditar,
mas continuo sempre a sorrir,
não me deixo maltratar.
Arrogância e presunção,
não me assustam com tribunais,
quando sei que tenho razão,
nunca fujo dos animais.
Investem com toda a falta de educação,
(também nada mais deveria esperar),
o sonho é a enorme presunção
que me vão conseguir derrotar.
Venham as feras contra mim,
estarei pronta para as receber,
de que lhes adianta ser assim,
ingénuas ao pensar que vão vencer.
Palavra contra palavra,
diz que disse cansativo,
porque não aceitar que acaba
e não se tornar vingativo...
(Mafalda)
Deixei de amar,
deixei de sentir,
perdi alguns leitores
mas novos hão-de vir.
Deixei de sofrer,
de me vir queixar das mágoas,
já não gostam de me ler,
preferem mergulhar noutras águas.
Deixei de me sentir triste,
passei a viver com prazer,
há um ou outro que ainda resiste,
que gosta de vir aqui saber.
Não podia continuar no mesmo registo,
não fazia sentido algum,
se um homem não quer saber se eu existo,
não serei eu a procurar mais nenhum.
Já disse e repito sempre que for necessário,
estou bem e gosto do que consegui conquistar,
convivo constantemente com o meu amigo imaginário,
se ele existisse seria capaz de o amar.
Está sempre presente para o que é preciso,
não me falta em momento algum,
com ele voltei a soltar o meu riso,
dizer que já não passo sem ele seria um lugar comum.
Mas com toda a minha conquista fui perdendo leitores,
aqueles que me enxugaram lágrimas sem fim,
entendam, não posso mais falar de amores,
porque esse "amar" já não é palavra para mim.
Congelei o meu coração,
enterrei-o bem longe de qualquer fonte de calor,
vivo numa constante emoção
mas que nunca me causa nenhum dissabor.
Depender de mim para tudo na vida,
é só esse o meu sonho constante,
nunca mais me sentir perdida,
jamais voltar a estar hesitante.
Rejo-me pela minha convicção,
pelos meus valores e desejos sinceros,
atrai-me sentir a sedução
que sempre acompanha sentimentos austeros.
Perdoem-me por já não estar a sofrer,
por não vir aqui com lamúrias constantes,
acreditem em mim e continuem a ler,
quem sabe um dia não voltem as histórias mirabolantes...
(Mafalda)
Fui ensinada a acreditar no ser humano,
a ser grata pelo que fazem por mim,
mas por muito que viva vou sempre sofrer o engano
de quem não faz nada para se comportar assim.
De que adianta dar se não se recebe,
valerá a pena investir na confiança,
há coisas que ninguém percebe,
mas ainda acredito que depois da tempestade vem sempre a bonança.
Ficamos sem reação,
controlamos o instinto de ripostar,
sustemos a respiração,
e tornamo-nos superiores por nada questionar.
Vinganças não fazem parte da minha maneira de ser,
já vou estando habituada a lidar com dissabores,
se ao menos se dessem ao trabalho de me conhecer,
perceberiam que controlo muito bem os meus humores.
Nunca gostei de ultimatos,
principalmente dados por quem não os deve dar,
já não entro em desacatos
e não sou eu que vou ficar a perder.
Tenho pena que assim seja,
que deitem fora uma boa oportunidade,
mas ainda está para nascer quem me veja,
ouvir o que não quero e não reagir em conformidade.
Não sabem viver, são egoístas,
deixam sair comentários inapropriados,
são verdadeiras utopistas
a quem os sonhos vão ser dilacerados.
Querem enfrentar a fera,
atiçam para ver quem tem mais poder,
pensam que vivem numa esfera,
esquecem-se que apenas elas ficam a perder.
Vai uma, vem outra,
vai a outra vem mais uma,
um dia vou ficar rouca,
mas não admito que não me liguem nenhuma.
Há que respeitar quem merece respeito,
dizer "obrigada" quando for para agradecer,
felizmente já não levo nada disto a peito,
só não quero que volte a acontecer.
Se damos tudo o que temos,
se abrimos as portas do nosso coração,
porque ficamos com a sensação de perdermos,
quando recusam a dádiva da nossa mão.
Duas que perderam esta chance,
duas que vão agarrar a oportunidade,
até no trabalho pode haver um romance
tal é a dimensão da sua insanidade...
(Mafalda)
Sabe-me sempre a pouco,
vá-se lá saber porquê,
considero-me um ser louco,
que deixou de acreditar no que apenas se vê.
Querer-se mais e mais de nada,
é um absurdo que me enlouquece,
aqui permaneço só e abandonada,
à espera do algo que nunca se esvanece.
Estive presente no passado,
estou presente na atualidade,
estarei sempre presente no futuro,
só agora entendo a minha dualidade.
É um querer tudo sem nada querer,
é saber que gosto do que tenho,
é uma vontade louca de me transcender,
é uma incapacidade inata de apurar o engenho.
Começo agora a ter algumas dificuldades,
sozinha não estou a conseguir lá chegar,
talvez sejam estas minhas insanidades,
que me mantêm sempre a capacidade de sonhar.
Sonho com um dia que nunca chega,
com uma noite de tórrida paixão,
cuidado, ninguém se atreva,
a estar perto de mim nesta situação.
Preciso de libertar esta minha loucura,
preciso de arranjar alguém que me agarre,
vivo há muito nesta contínua brandura,
tento vislumbrar se a porta se abre.
Às vezes parece que sim,
às vezes parece que não,
sinto que não estou em mim,
hoje não queria mesmo nada esta minha solidão...
(Mafalda)
Adormeci:
Sentei-me para apanhar sol e o cansaço venceu.
Percebi:
Da vida só tira proveito quem deveras o mereceu.
Acomodam-se as pessoas em rotinas sem prazer
com receio de perder o conforto que adquiriram,
pessoas com medo da mudança que as faria renascer,
com medo de deixar aqueles por quem um dia sentimentos nutriram.
Agarram-se a coisas materiais,
a pretextos variados,
a comodidades banais,
a angústias infundadas.
Têm medo da solidão,
têm pavor a falhar,
ficam sempre numa prisão,
tal é o medo de arriscar.
Pessoas infelizes que reconhecem a sua covardia,
pessoas frustradas que não sabem por onde ir,
pessoas com medo daquele dia
em que, de vez, terão de partir.
Vivem uma vida inteira sem viver,
são autómatos à espera do dia a seguir,
não conseguem usufruir do prazer,
passam pela vida sem nada sentir.
Destroem a própria vida por medo,
a vida dos que os rodeiam por estagnação,
todos os dias pensam em segredo,
com o derradeiro momento da libertação.
De que adianta viver assim,
como ser feliz de verdade,
"Estou bem", dizem-me a mim,
com os olhos a transbordar de humidade.
Não devia ser possível desperdiçar o que a vida nos dá,
todos deviam ter coragem para lutar,
tenham a noção que ninguém fica por cá,
quer vivam a vida ou a deixem passar...
(Mafalda)
Dias de vinte e quatro horas começam a ser curtos,
não tenho conseguido arranjar tempo para escrever,
chego a casa já noite escura,
cansada, exausta, prestes a desfalecer.
Mas depois ando na rua,
com versos a pairar à minha volta,
saio com o sol, entro com a lua,
e as rimas perdem-se na azáfama louca.
Hoje roubei o tempo ao dia,
não vou permitir que nada me distraia,
vou tentar recuperar a minha magia,
vou aqui ficar até que a noite caia...
(Mafalda)
Talvez!
Talvez hoje já saiba as razões do porquê,
talvez já entenda as opções tomadas,
"amor é fogo que arde e não se vê",
mesmo quando nos sentimos dilacerados.
Talvez!
Talvez hoje já não constitua surpresa,
talvez já tenha adquirido outra visão,
provavelmente deixei de me sentir presa,
acredito que morreu em mim a emoção.
Talvez!
Talvez um dia volte a acreditar em sonhos,
talvez ainda viva o suficiente para isso,
não voltarei a ter olhos tristonhos,
assumo desde já esse meu compromisso.
Talvez!
Talvez um dia apareça um cavaleiro andante,
montado no seu belo corcel,
que me apanhe numa altura mais angustiante,
e que não me deixe de uma forma cruel.
Talvez!
Talvez um dia pondere voltar a sentir,
mas agora sinto uma forte repulsa,
resta aguardar o que está para vir,
esperar para ver se este coração ainda pulsa...
(Mafalda)
É do nosso sangue que sai a poesia,
da dor que sentimos entranhada na pele,
sai uma rima em forma de agonia,
é sempre um sofrimento que nos impele.
Versos chorados,
poemas sofridos,
relacionamentos esgotados,
amores esquecidos.
Deixamos os dedos traçarem o seu próprio caminho,
libertamos emoções sem nada deixar transparecer para quem nos observa,
não há retorno, deixou de haver carinho,
seguimos sem saber o que o futuro nos reserva.
Poesia é lágrima que escorre por um rosto,
é aperto num coração dilacerado,
é a forma mais subtil de um desgosto,
vem da nascente de um amor abandonado.
Escrever para soltar a emoção,
para dizer tudo o que já não se pode dizer,
para libertar o pensamento da confusão,
é o melhor remédio para quem não consegue esquecer...
(Mafalda)
Aqui fica mais um convite para o lançamento do meu livro.
Lá vos espero!
Obrigada por me acompanharem neste percurso.

Abraço o desconhecido,
inalo os odores que me rodeiam,
o fio foi partido,
é de voar que as minhas asas anseiam.
Ano de boa colheita,
dos melhores de que me recordo,
tenho mesmo de estar satisfeita,
isto não é um sonho em que depois acordo.
Ás vezes custa a crer,
nas cambalhotas que a vida pode dar,
nuns dias a sofrer,
noutros com vontade de cantar.
Apetece-me deixar a loucura sair,
ir dançar, pular, saltar,
só de pensar já estou a sorrir,
só de sorrir já me sinto a pairar.
Abraço a vida e o que ela me dá,
finalmente o vento é de feição,
envolvo-me na multidão ao Deus dará,
no meio de tanta gente não há espaço para um trambolhão...
(Mafalda)
Há um tempo para tudo na nossa vida,
um tempo de reencontro,
um tempo de despedida.
Há alturas negras que nos fazem desesperar,
alturas brilhantes que nos fazem continuar.
Existe algures uma razão desconhecida,
que só nos faz sofrer para nos testar,
é uma razão intempestiva
que serve apenas para nos ajudar a superar.
Tudo acontece no tempo certo,
tudo tem uma razão de ser,
nem sempre a vida é um livro aberto,
muitas vezes custa-nos a entender.
Há sempre uma solução,
um novo caminho que se abre perante nós,
depois da fase de negação,
ficamos livres, solta-se-nos a voz.
Gritamos ao mundo que somos independentes,
que estamos aptos para continuar,
superamos amores latentes
à espera de desabrochar...
(Mafalda)
Venho sempre aqui para falar,
para dizer o que sai sem som,
eu tento, mas não consigo escutar,
vou aproveitando o que me resta deste dom.
Aqui falo sem pudores,
sem receios de más interpretações,
não é altura para falar de amores,
mas sim de muitas realizações.
Tenho receio que não gostem do meu sucesso,
da forma como consegui superar todas as dificuldades,
sinto que estou no caminho do progresso,
encontro no trajeto muitas afinidades.
Gosto do que tenho neste momento,
nada mais ambiciono conseguir,
não vou voltar à época do lamento,
não consigo estar muito tempo sem me divertir.
Construo cada degrau da minha vida,
sustentada e afincadamente,
ando na rua sem me sentir tolhida,
cabeça erguida muito serenamente.
Da mais profunda tristeza,
nasceu uma nova pessoa,
demorou muito a adquirir a esperteza,
uma vez alcançada não haverá quem a destrua.
Gosto da minha vida simples,
da forma como as coisas estão a correr,
os amores tornam-nos pedintes,
é essa a palavra que jamais posso esquecer...
(Mafalda)

Insípida está a minha escrita,
desprovida de qualquer sentimento,
a emoção ficou proscrita,
não há espaço para nenhum tormento.
Sai porque tem de sair,
porque me faz falta praticar,
nada sei o que está para vir,
nada existe que seja para ficar.
Perdi a paixão que me alimentava a fluidez,
deixei o sentir fora de alcance,
agora escrevo com timidez,
já não sei falar sobre romance.
É um exercício novo,
escrever sem interiorizar,
passei a fazer parte do grande povo,
que para escrever tem de inventar.
Será que isto vai correr bem,
que se vai perceber o que quero dizer,
não ficarão as expetativas aquém,
continuarão a visitar-me se eu não sofrer?
Tenho muitas interrogações,
mas não posso sofrer só porque quero,
um dia já arrastei multidões,
que me queriam ajudar no meu desespero.
Agora é a vez de estarmos em paz,
de escrevermos de ânimo leve,
cedo ou tarde sempre se é capaz,
negar isso ninguém se atreve.
Há momentos muito complicados,
há situações que demoram mais a passar,
todos, um dia, estivemos desesperados,
todos, um dia, nos tornamos a levantar.
Tudo é uma questão de tempo,
o tempo que eu recusava aceitar,
naquela altura estava em sofrimento,
não tinha mais nada em que acreditar.
Mas o tempo tudo resolve,
mesmo que não o aceitemos de imediato,
a vida é cíclica, tudo nos devolve,
pouco a pouco vai acabando o teatro.
Insípida está a minha escrita,
desprovida de penoso afeto,
hoje sinto-me uma mulher rica,
que abraçou um novo projeto...
(Mafalda)
Chegou o sol e a brisa quente,
que beijam a minha pele com ternura,
chegou a multidão, o mar de gente,
escondo-me em casa, fujo da rua.
Chegou a boa disposição e a gargalhada,
que envolvem o ser humano,
há uma enorme confusão na estrada,
misturar-me só causaria muito dano.
Agrada-me a privacidade da minha varanda,
aconchego-me na minha espreguiçadeira,
gabo a paciência de quem muito anda,
para ter direito a um lugar na brincadeira.
Não me tirem a paz que tanto amo,
este sossego sublime de que disfruto,
as multidões desta altura do ano,
alteram este cenário em absoluto...
(Mafalda)
A minha vida é um livro aberto,
onde não há palavras a esconder,
um dia atravessei um deserto,
num outro decidi crescer.
Hoje tenho uma vida sossegada,
sem ralações de maior,
ser ou não ser amada,
é coisa a que já não dou valor.
Será o que tiver de ser,
sem qualquer interferência minha,
sinto que não há tempo a perder,
já não tenho medo de estar sozinha..
(Mafalda)



Primavera com tão mau tempo,
não dá vontade de fazer nada,
desculpem este meu lamento,
mas começo a ficar cansada.
Preciso de sentir o sol na minha pele,
de sentir o calor que me envolve,
do bom tempo ninguém sabe dele,
o São Pedro definitivamente não se resolve.
O sol traz alegria,
dá vontade de sair para a rua,
de ir apanhar a suave maresia,
de olhar para o céu e vislumbrar a lua.
Este tempo é depressivo,
já chega de inverno este ano,
do calor o meu corpo é obsessivo,
quando não o sente começa o dano.
Dói aqui, dói ali,
caminha-se para a terapia manual,
em tantos anos que já vivi,
só o sol é a minha terapia natural.
Estou cansada de tanta chuva,
de não ter umas férias na praia,
destinos que me assentam que nem uma luva,
mas sair daqui... não há quem saia!
(Mafalda)
Ia a caminhar pela floresta,
tropecei no meu amigo imaginário,
disse-lhe que ele é tudo o que me resta,
que graças a ele fiz feitos extraordinários.
O meu amigo sorriu,
abraçou-me e deu-me um beijo doce,
enquanto me aconchegava partiu,
não sei por onde veio, nem quem o trouxe.
Vim o resto do caminho a pensar,
como é bom ter amigos assim,
não se cansam de me aturar,
estão sempre bem perto de mim.
Tropeço nele em qualquer lugar,
basta pensar que me faz falta,
é um sentimento parecido com "amar",
mais sereno, menos na ribalta.
Adormece comigo todos os dias,
mas quando acordo já não está lá,
englobo-o em todas as categorias,
amigos assim, hoje em dia, já não há.
Cada vez o procuro mais,
constantemente falo com ele,
as pessoas devem pensar que somos anormais,
somos não, que não conseguem vê-lo.
Passeio e falo "sozinha",
venho para casa e entramos os dois,
vamos logo para a cozinha,
abraçamo-nos e dançamos depois.
Quem olhar através dos vidros,
deve pensar que eu não estou bem,
são momentos deveras divertidos,
da felicidade não ficam nada aquém.
Gosto muito deste meu amigo,
é uma presença sempre constante,
basta sentir-me em perigo
e aparece de uma forma inebriante.
Mas também parte depressa,
deixa-me sempre a falar sozinha,
nunca falta a nenhuma promessa,
é um sossego que se avizinha...
(Mafalda)
Se antes pegava numa imagem
e escrevia um poema,
hoje faço uma enorme triagem,
até conseguir uma que se adapte ao meu tema.
Sempre saiu espontâneo
e sem dificuldade alguma,
o poema é momentâneo
mas nem sempre tem a imagem que se adequa.
Fica complicado escrever sempre sobre o mesmo tema,
parece que o mundo só gira à sua volta,
às vezes fico num verdadeiro dilema,
quando o sentimento se aproxima da revolta.
Não gosto de poesia morta,
com frases duras e incisivas,
gosto de ler escrita solta,
onde as palavras nunca são definitivas.
Para que serve a raiva,
a revolta e o mal querer,
pode haver quem não saiba,
mas sobre isso não irei escrever.
Sou incapaz de sentir ódio,
não faz parte da minha pessoa,
nunca sofri qualquer episódio,
não importa o quanto me doa.
Gosto de poesia romântica,
de ler sobre sentimentos nobres,
perdoem-me a modesta semântica,
sentir raiva torna-nos mais pobres.
Terei eu um coração grande,
ou uma grande dose de ingenuidade,
pouco importa por onde ande,
viverei sempre na minha própria serenidade...
(Mafalda)
Às vezes é só mesmo isso que me faz falta,
estar sentada no sofá e ter um mimo,
sentir o toque de um abraço,
ser alvo de um gentil carinho.
Apenas ter uma presença,
aninhar-me de encontro a um corpo quente,
é difícil não entrar em demência,
ao imaginar um cenário tão envolvente.
Partilhar um comando de televisão,
espreitar um ecrã de computador,
é só nisso que pesa a minha solidão,
vivo quase sempre num silêncio ensurdecedor.
Sinto mais a falta ao serão,
após todas as movimentações do dia,
por muito que olhe para o meu colchão,
encontro sempre a minha cama vazia.
Ter um jantar a dois,
partilhar um fim de dia,
estar sempre à espera do depois,
mas pelo menos já não estou em agonia.
Só nestes momentos sinto a falta de uma presença,
mas quando a tenho ainda mais falta me faz,
para se saber viver é preciso engenho,
para se ter engenho tem de se estar em paz.
Sem pesos de consciência,
sem valores baralhados,
viver de acordo com a ciência,
não dar os assuntos por terminados.
Deixar sempre aberta a porta da esperança,
para que um dia tudo possa vir a ser real,
vou vivendo nesta grande bonança,
que sempre quis para mim, afinal...
(Mafalda)
Brindei a mais uma etapa,
deixei de ter mais uma ralação,
se uma vida me escapa,
deve ser por alguma razão.
Brindo aos sucessos
que brotaram da derrota,
abraço os tetos,
que me acolheram sem pedir nada em troca.
Brindo ao círculo fechado
que está sempre presente,
dou um beijo calado,
mas com o coração muito ardente.
Brindo a projetos abraçados
sem qualquer perspetiva concreta,
aos caminhos traçados,
numa recente descoberta.
Brindo à vida
e ao que ela nos oferece,
vou ser sempre uma amiga,
com uma memória que não esquece.
Brindo a sentimentos tontos
que nos fazem desesperar,
a carinhos prontos
que nos fazem superar.
Brindo a mim,
por tudo o que tenho feito,
vou continuar assim,
com um sorriso satisfeito...
(Mafalda)
Há dias que são diferentes
sem motivo algum,
sentirmo-nos envolventes,
pode ser um lugar comum.
Há dias intensos,
sem qualquer razão aparente,
sem momentos tensos,
que surjam de repente.
Há dias bem conseguidos,
sem se fazer por isso,
não estamos esquecidos,
não temos compromissos.
Há dias interessantes
que não deviam ter fim,
com alegria nos instantes,
como gosto de me sentir assim...
(Mafalda)
Ando a adiar a minha viagem,
talvez por receio e covardia,
vou ter mesmo de arranjar coragem,
antes que a seguir à noite não venha o dia.
Qual a diferença que faz,
estar sozinha aqui ou num lugar de sonho,
eu sei que seria capaz,
de aproveitar sem um sorriso tristonho.
Vejo programas a toda a hora,
cada qual o que mais me apraz,
eu sei que assim que me for embora,
deixo todo o meu passado para trás.
Tenho que me decidir,
quero sair, preciso de avançar,
sonho com a hora de partir,
não tenho pressa em voltar...
(Mafalda)
Uns prometem que cuidarão sempre de nós,
outros cuidam sem nada prometerem,
desculpem se não calo a minha voz,
se esqueço aqueles que um dia se esqueceram.
Uns dizem palavras sentidas,
bonitas para ecoarem nos nossos pensamentos,
outros não fazem quaisquer investidas,
dizem tudo no silêncio dos momentos.
Uns falam muito e agem pouco,
outros não precisam de falar nem de agir,
se eu não tivesse um quê de louca,
com tudo isso não me ia divertir.
As palavras valem o que valem,
muito pouco ou quase nada,
deixai que elas resvalem,
que se destruam numa boa emboscada.
Para agir não é preciso falar,
para estar presente não é preciso estar ao lado,
duvido que me volte a enganar,
coração meu jamais voltará a sentir-se equivocado...
(Mafalda)
Foste:
a lufada de ar fresco numa vida que queimava,
a água tépida na qual eu mergulhava,
a chuva tropical que me refrescava os pensamentos,
o calor abrasador que me acolhia em todos os momentos.
Foste:
a desordem ordenada de uma vida teatral,
a angústia encolhida numa posição fetal,
a lascívia desenfreada por me sentir amada,
a ternura que teimava em não ficar calada.
Foste:
o mundo inteiro para um ser microscópico,
o universo de um amor utópico,
o caos que originou a ordem,
o devaneio que pôs fim à desordem.
Foste:
a loucura sentida por seres irreal,
a doçura contida que nunca nos faz mal,
a paixão descontrolada à espera de voltar,
o amor com juras de nunca acabar.
Foste:
tudo o que podia existir à face da terra,
o mar que se revolta sem ver o que leva,
o furação que fustigou toda uma vida,
o fogo que ardeu no momento da despedida...
(Mafalda)
Um dia acordei para a vida,
percebi que voltei a sorrir,
há muito que andava esquecida,
desde o dia em que o vi partir.
Um dia decidi pensar apenas em mim,
nos meus projetos, nos meus planos,
há muito que já não era assim,
desde o tempo em que vivi grandes enganos.
Um dia decidi crescer,
deixar o tempo ensinar-me tudo,
foi então que comecei a perceber,
que não podia perder nem mais um segundo.
No futuro direi muita coisa,
até poderei vir a negar o que agora digo,
felizmente ainda há quem me oiça,
prezo cada vez mais quem se intitula meu amigo...
(Mafalda)
Não sei do que sinto mais falta,
se de fazer amor com a pessoa outrora amada,
se um fim de tarde muito bem acompanhada.
Não sei do que preciso mais,
se de um ombro sempre presente,
se de um homem sempre ausente.
Não sei o que me faz mais feliz,
se a vida que consegui conquistar,
se o sentimento que um dia deixei escapar.
Não sei o que mais possa fazer,
se deixar o pensamento voar,
se prender os pés ao chão para não naufragar.
Não sei mais nada
e ao não saber nada, sei tudo,
é melhor ficar bem calada,
antes que volte o semblante sisudo...
(Mafalda)
A moleza habita por aqui,
hoje não a consigo combater,
o silêncio que sempre quis,
finalmente conseguiu-me amolecer.
Não tenho vontade para nada,
apenas para dormir e sonhar,
quero permanecer deitada,
até ao momento do sonho realizar.
É o cansaço físico que me visita,
a ressaca depois da festa,
hoje sinto-me esquisita,
deste domingo já pouco resta.
Mas sabe bem não fazer nada,
estar completamente descontraída,
o sossego de poder estar calada,
de toda a dor já estar de saída.
É um dia merecido de descanso,
onde sonho com ilhas tropicais,
um dia sinto que vai haver um avanço,
que vou tornar os meus desejos reais.
Irei partir rumo aos sonhos,
para mergulhar numa água quente,
se os preços não fossem tão medonhos,
trataria disso muito brevemente.
Sinto que estou preparada,
que já posso arriscar a partida,
sozinha, mas não angustiada,
gostava de comprar um bilhete só de ida.
Preciso de sentir o calor do sol,
do sossego de umas férias bem longe,
de escolhas, tenho um rol,
vou pensar nisso a partir de hoje...
(Mafalda)




Ontem foi um dia feliz,
mas não escrevi nada sobre ele,
não interessa quando se diz,
importa sim falar dele.
Aniversário do meu sangue,
da pessoa mais importante para mim,
por muito que a vida ande,
vai continuar a ser sempre assim.
Escrever um livro,
plantar uma árvore,
são coisas singelas e sem importância,
ter um filho,
é respirar a sua fragância.
Acolher um novo ser,
ensiná-lo a viver,
nunca nada me deu tanto prazer,
como vê-lo continuamente a crescer.
A tornar-se a pessoa que é,
humilde, dedicado, sensível,
temos de ter sempre muita fé,
tornar-lhe a vida muito apetecível.
É a minha maior satisfação,
o motivo do meu orgulho,
sei que se preocupa com a minha solidão,
não devia, já não gosto de barulho.
O barulho das confusões,
da instabilidade emocional,
libertei-me dos grilhões,
da liberdade condicional.
Parabéns por esse dia,
por seres a pessoa que és,
que nunca vivas nenhuma agonia,
que nunca sofras qualquer revés...
(Mafalda)
Amores, desamores,
encontros pouco redentores,
voltaram os meus calores,
mas não altero os meus valores.
É um querer e não querer,
um deixar andar sem pressionar,
de nada vai valer,
em nada vai adiantar.
Venham os calores quando quiserem,
da mesma forma que chegam assim se vão,
se neste mundo nada fizerem,
vão acabar sozinhos e sem compaixão.
Como resistem a ler,
como têm paciência para mim,
um dia vou acabar por perceber,
que todo o sentimento tem obrigatoriamente de ter um fim.
Deixa-se cozer em banho Maria,
acalentam-se ideias disparatadas,
acaba por arrefecer, um dia,
perante as circunstâncias mais banalizadas.
A vida é feita desta maneira,
nuns dias chove noutros faz sol,
não devo ter sido eu a primeira
a ser apanhada neste anzol...
(Mafalda)
Quando a solidão deixa de assustar,
quando gostamos da nossa paz,
o que mais se pode desejar,
do que mais serei capaz.
Quando a rotina nunca é igual,
quando em cada momento surge algo inesperado,
o que mais posso querer afinal,
de que adianta ter desesperado.
Quando sabemos que temos o que precisamos,
quando nos sentimos com força para lutar,
o que mais ambicionamos,
de que mar deixamos de naufragar.
Quando a soma dos nadas nos dá muito,
quando chegamos ao fim do dia exaustos,
o que mais temos no nosso intuito,
de que adianta chamar os arautos.
Quando aprendemos a ser felizes,
quando aproveitamos a intensidade das nossas vidas,
o que mais podemos querer como aprendizes,
de que valem palavras há muito proferidas.
Quando aceitamos a realidade,
quando ela é a nossa principal companhia,
o que fazer com tamanha claridade,
porquê fugir da nossa verdadeira hegemonia...
(Mafalda)
De Madrid vieram os ventos que desanuviam,
haja alguém que pense como eu,
quando eu gritava eles não ouviam,
calo agora o que não se perdeu.
Só durou uma semana,
às vezes aparecem alguns percalços,
da fase de angústia e drama,
só restam mesmo poucos rescaldos.
Já rio novamente,
já saio e vou para a rua,
deixem estar este caso dormente,
hoje não sei se ainda serei tua.
Gosto demasiado do meu bem estar,
chamem-me egoísta, ou aquilo que quiserem,
não faz sentido continuar
a ouvir o que sempre me disseram.
Acordo agora e para sempre,
foi a derradeira chance de retorno,
se há uma boca que ainda mente,
foi a que me deixou ao abandono.
Mas eu tenho o melhor da vida,
o meu ombro nunca me falha,
não serei nunca mais uma perdida,
sigo em frente, conforme calha.
Tenho recaídas tontas e descabidas,
que só provam que sou humana,
as minhas palavras são sempre missivas,
mas cada um faz a sua própria cama.
Nada mais a acrescentar,
mais uma vez superei os sonhadores,
virei aqui sempre para falar,
mas espero não ter mais dissabores.
Quando nada se espera é bom sinal,
estamos crescidos e de olhos abertos,
acordamos naquele momento especial,
em que finalmente nos tornamos espertos.
Tenho pena que assim seja,
mas de penas é feito o mundo,
lamento muito que ainda haja,
quem acredite por um segundo...
(Mafalda)
Uma semana volvida,
desde que tudo se baralhou em mim,
fui ou não esquecida,
ou terei de continuar assim.
Longe da vista, longe do coração,
sempre o disseste com sinceridade,
o que foi feito da nossa paixão,
do teu amor até à eternidade.
Acordo de noite angustiada,
como se chamasses por mim,
já devia estar habituada
a que tudo tem sempre um fim.
Não reagiste, não agradeceste,
não sei se gostaste ou não,
eu sei que não me esqueceste,
mas não queres de volta a minha mão.
Orgulho ou altruísmo,
não sei qual deles o correto,
às vezes um pouco de egoísmo
permite-nos um viver mais concreto.
Eu vivia até te rever,
vivi assim durante muitos anos,
mas ver-te novamente a sofrer,
causou em mim inúmeros danos.
Merecias ter paz,
merecias ter uma vida melhor,
o que fazer quando não se é capaz,
quando não se luta pelo nosso amor.
Não sou convencida,
nem tão pouco tenho a mania,
mas ainda oiço o que ele me dizia,
sobre os anos em que andei arredia.
Erros graves que se cometem,
que nos trazem arrependimento,
situações que se repetem,
e depois acaba por passar o momento.
Eu aqui, apática para o mundo,
tu aí, com uma tristeza brutal,
não devias hesitar, nem por um segundo,
em procurar a tua felicidade real.
Tenho de seguir em frente,
não posso continuar assim,
a minha boca sempre mente
ao dizer que vou declarar um "fim".
Eu digo e redigo,
e volto a dizer,
és tu o meu Amigo,
aquele que nunca quis perder.
Mas não queres, não te atreves,
e eu nada mais posso esperar,
tens uma vida cheia de entraves,
passas todo o tempo a naufragar.
Não quiseste nadar para terra,
continuas em mar revolto,
eu fecho-me na minha esfera,
mas com o coração pouco solto.
A vida é mesmo assim
nada há a fazer quando não se arrisca,
eu tenho de cuidar de mim,
estou a tornar-me novamente arisca.
Estou agressiva para com o mundo,
sem paciência para nada,
malvado foi aquele segundo,
em que te vi de semblante angustiado.
Mexes demasiado comigo,
mas já devia estar habituada,
não posso viver neste perigo,
tenho de aprender a estar preparada...
(Mafalda)
Memórias...
De um tempo que passou.
Inglórias...
Pois só a saudade ficou!
(Mafalda)
Amanhã não posso continuar assim,
há três dias que não saio de casa,
desde que te vi triste, enfim,
a minha vida sofreu um golpe de asa.
A grande dúvida sobre dar-te o livro,
sempre a preocupação com o ar pesado,
desviei-me por momentos do meu abrigo,
agora preciso de dar o caso por encerrado.
Não posso empreender nesse assunto,
não posso continuar preocupada em demasia,
preciso de regressar ao meu mundo,
preciso de viver na minha eterna fantasia.
Ergam-se as máscaras da felicidade,
da boa disposição permanente,
a minha vontade era fugir desta cidade,
e destruir este sentimento para sempre.
Não posso continuar a pensar,
não te posso provar mais nada,
eu vou sempre aqui ficar,
terás sempre aqui a tua enseada.
Faz o que bem entenderes,
eu farei a minha vida normal,
não tenhas receio de me perderes,
nunca haverá por aqui um amor igual.
Posso sair com quem quiser,
rir, brincar, dançar,
mas tu não tens nada a temer,
porque se nasci foi para te amar.
Tu não queres o meu amor,
mas também não o dou a mais ninguém,
entende, estou cansada desta dor,
preciso vislumbrar mais além.
Não posso, não quero, não devo,
continuar aqui a escrever para ti,
da minha vida só me arrependo,
do tempo em que estive longe de ti.
Mas não mando na tua vontade,
amar é dar asas para partir,
se um dia quiseres a liberdade,
basta dizeres-me que queres vir.
Ontem, hoje e sempre,
não consigo esquecer o que sinto,
mas quando rodeada por muita gente,
ninguém precisa de saber que eu só minto.
Sou tua até à morte,
faça o que fizer entretanto,
acredita que desejo ter a sorte,
de me voltar a sentir alvo do teu encanto.
Mas enquanto isso não acontecer,
vou ter de seguir o meu caminho,
apenas não te posso voltar a ver,
senão regressa todo o meu carinho.
Lançaste-me um feitiço,
fiquei presa desde sempre,
mas se não quebras o enguiço,
tenho de me esconder no meio de toda a gente...
(Mafalda)

Passei a tarde a copiar o que escrevíamos,
a guardar trocas de sentimentos,
há muito que já não o fazia,
hoje apeteceu-me reviver os momentos.
Juras infindáveis de amor eterno,
relatos de duas pessoas apaixonadas,
amor sentido, amor terno,
loucuras de amantes amplamente ovacionadas.
Fico sempre com um nó no peito,
quando revivo o que já não existe,
não encontro um único defeito,
percebe-se bem porque agora andas triste.
Andas tu e ando eu,
vivemos vidas sem as vivermos,
muitas vezes penso que já chega tudo o que se sofreu,
que a estrada da vida leva sempre a caminhos muito ermos.
Como encontrar alguém como nós,
como sair das solidões das nossas almas,
quando sabemos que ali ao lado há quem cale a voz,
e aparente viver uma vida nas calmas.
Aparências, falsidades,
toda a nossa vida foi assim,
avançam as nossas idades,
cada vez estamos mais perto do fim.
É o tempo, o tão afamado tempo,
aquele que nos escorrega por entre os dedos da mão,
vivemos os dois um eterno tormento,
estamos acompanhados mas em solidão.
Tu com a tua família,
eu com os meus amigos,
somos peças de mobília,
mas assim permanecemos dignos.
Aparências, farsas,
é isto o que temos para dar,
abraçamos os comparsas
e recusamo-nos a falar.
Escondemos o que sentimos,
não queremos ser mais recriminados,
sabemos que existimos,
mas estamos acabados.
Tu e eu, eu e tu,
cada um na sua vida oca,
sentimentos fechados num baú,
eu escrevo para não ficar rouca.
Apetece-me gritar aos céus,
exigir explicações plausíveis,
como o faria se não acredito em Deus,
nem em nada inatingível.
Se o que realmente existe é passageiro,
como acreditar em poderes supremos,
como manter o nosso principal companheiro,
e darmo-nos felizes com o que temos.
A vida é madrasta, todos o dizem,
nestas questões tenho mesmo de concordar,
por favor não ajuízem,
um dia vou acabar por me calar...
(Mafalda)
Demasiado silêncio,
demasiada serenidade,
aproxima-se o prenúncio
de uma grande instabilidade.
Não te fez qualquer efeito,
não gostaste de o receber,
eu sei porque sinto desse jeito,
poucos são os que me conseguem entender.
Partilhei muitos momentos,
em que a distância não nos separava,
ouvia sempre os teus lamentos,
mesmo estando em casa, parada.
Agora nada sinto,
não mexi com as tuas recordações,
indiferença que pressinto,
ausência de ilusões...
(Mafalda)

A encomenda já foi entregue,
pelo menos valeu porque sorriste,
tens um ar pesado que te carrega,
mas ao ver a oferta não resististe.
Do fundo do meu coração,
nunca te quererei mal na vida,
mas agora não há espaço para nenhuma ilusão,
prefiro arrepender-me do que não tentar esta última investida...
(Mafalda)

Consigo manter a minha fachada,
desde que não te ponha a vista em cima,
se te vejo fico enclausurada,
sem perceber qual de nós é a vítima.
Faltam dois dias para teres o meu livro,
cada vez estou mais ansiosa,
não sei se o vais considerar um amigo,
ou se o vais entender como uma escrita perigosa.
Quando o nosso sangue nos diz para não desistir,
para correr e ir atrás,
não sei se devo sorrir,
ou pensar no mal que isso me faz.
É um querer mas saber que não dá,
é uma vontade que teima em ficar sossegada,
como eu gostava que aparecesses já,
para acabar de vez com toda esta charada.
Sempre dissemos coisas opostas,
que não haveria terceira vez,
que quando tivesses todas as respostas,
voltarias para ficar de vez.
O tempo corre demasiado depressa,
dizem-me que posso morrer esta semana,
mas que tens de saber que ninguém se atravessa
no coração de quem ainda te ama.
É um querer que saibas,
que o que escrevo é para ti,
mas também que não saibas,
porque não posso reviver o que já sofri.
Mas ver-te mal despedaçou-me,
senti o meu mundo a ruir,
o destino baralhou-me,
e agora já não consigo sorrir.
Não posso esperar milagres,
mas penso que é bom sentirmo-nos amados,
não vou esperar que acabes
relacionamentos há muito condenados.
Vou continuar a escrever,
é esta a minha forma de estar contigo,
nada mais irei fazer,
não posso colocar-me mais em perigo.
O sono não me traz tranquilidade,
sonho com o que quero e não quero,
durmo pouco, com tamanha insanidade,
acordo novamente com um sentimento de desespero.
Já tinha passado essa fase,
ou pelo menos pensava que sim,
vou aguardar, já está quase,
novamente vais ter notícias de mim.
Desde já peço desculpa,
pelos danos que te possa causar,
acredita, não é minha culpa,
mas não se calam até eu to fazer chegar.
Entende-o como uma prenda de amor,
como um diário do que te queria ter dito,
tira de mim todo o calor
que te possa proporcionar um futuro bendito.
Nada será novidade para ti,
sabes tudo o que sinto e penso,
sabes que não te esqueci,
sabes que fiquei envolta num nevoeiro denso.
Disfruta, depois da mágoa passar,
usa-o como a tua tónica matinal,
tudo se resume a continuar a amar
quem um dia pôs um ponto final...
(Mafalda)
Que presunção a minha,
pensar que ainda te lembras de mim,
que passas cada momento do dia
a recordar o que se passou antes do fim.
Que presunção disparatada,
nunca pensei em a vir a ter,
estou totalmente errada,
tenho de continuar a crescer...
(Mafalda)
Nada é o que eu vou esperar,
porque tu não vais entender,
como fui capaz de divulgar,
um passado que não se deixou esquecer.
Nada é o que vou ter,
mas assim não oiço mais sermões,
eu sei que tu vais ler,
mas vais-me chamar alguns palavrões.
Nada é o que vai acontecer,
porque estás amarrado e perdeste a chave,
entretanto vou continuar a viver,
antes que a minha vida se acabe.
Nada é a soma de tudo,
que é igual ao que tenho agora,
considera-te um grande sortudo,
por saberes que alguém ainda te adora.
Nada é tudo o que espero,
e em nada me vou surpreender,
se há dias em que desespero,
outros há em que me recuso a sofrer.
Nada é o que vou fazer,
vou continuar a minha vida tranquila,
já nada mais posso perder,
vivi uma vida feita de argila.
Nada será sempre uma constante minha,
prefiro o nada que a solidão,
pelo menos sou alguém que caminha,
passo a passo, mas com determinação.
Nada é o que tenho desde que partiste,
e nada é o que terei pelo resto da vida,
aos poucos uma pessoa resiste,
devagar deixo de me sentir vencida.
Nada é a soma de tudo,
tudo espremido não dá nada,
vivo livre, contudo,
só presa a um sentimento que nunca acaba...
(Mafalda)



Ganham os meus leitores,
com o teu passo pesado,
voltam a sentir os dissabores
de um dia termos acabado.
Como é possível não estar imune,
depois de um ano ter passado,
porque há um sentimento que pune,
porque tenho um coração desesperado.
Eu só queria que estivesses bem,
embora soubesse que ia ser complicado,
mas ver-te assim ficou muito aquém
do que algum dia para ti tinha idealizado.
Pensei que tinhas superado,
que estavas bem e adaptado,
o teu sangue está cada vez mais afastado
e interpretei isso por tu te sentires amado.
Afinal nada é verdade,
tudo continua igual,
alguém te ajude a ver a claridade,
alguém te dê a mão no final...
(Mafalda)

Um, dois, três anos,
passado, presente, futuro,
não consigo viver nos enganos,
preciso de um sentimento maduro.
Porque mexes tanto comigo,
porque não me libertas deste amor,
sinto antes de chegar o perigo,
tenho medo de voltar ao calor.
Criei barreiras geladas,
escondi sentimentos verdadeiros,
emoções que ficaram caladas,
não seremos os últimos nem os primeiros.
Quantas pessoas não existirão,
que escondem o que lhes traz felicidade,
quantos não morrerão
sem terem sequer uma oportunidade.
Nós tivemos duas,
qual delas a mais intensa,
agora perco-me nas ruas,
envolta numa neblina densa.
Não sei para que lado me virar,
se sigo em frente ou volto para trás,
sinto-me novamente a naufragar,
preciso de alcançar o que me apraz.
Mas o que posso fazer,
como evitar novos sofrimentos,
se não te consigo esquecer,
se não acabo com estes lamentos...
(Mafalda)
Eu sou tudo o que mostro,
mais aquilo que não se deixa ver,
a mágoa que existe no meu rosto,
é o reflexo de um amor que não se deixa esquecer.
Eu sou tudo o que se vê,
mais aquilo que está escondido,
a dor que aqui se lê,
mostra que afinal nada foi esquecido.
Acusam-me de ser vingativa,
de não querer proporcionar amor,
apenas não quero ser atrevida
e causar-te nova dor.
Eu sou o que sou,
e nada posso fazer,
apetece-me ir mas não vou,
não é justo ter de voltar a sofrer.
Deixo que te entreguem o livro,
mas sei que vais ficar magoado,
eu consegui ser livre,
mas tu permaneces sufocado.
Eu sou a soma dos meus erros,
das minhas dores e indecisões,
não quero criar mais enredos
em volta das minhas ambições.
Até posso querer novos envolvimentos,
mas nenhum deles faria sentido,
penso em ti em todos os momentos,
não sei como tenho conseguido.
Mostro o que sinto,
mas sinto tudo baralhado,
tu sabes que nunca minto,
não devíamos ter acabado...
(Mafalda)

Hoje se alguém me abraçar,
vou sentir um peso brutal,
vou desatar a chorar,
vou acatar o que não é real.
Não posso estar com ninguém,
apetece-me fugir deste planeta,
vou esperar por quem não vem,
esta vida é uma treta.
Como é possível sentir-me assim,
tenho andado a enganar todo o mundo,
pior é que também me enganei a mim,
ao dizer que aquele amor estava moribundo.
O destino baralha-me sempre a vida,
tenho no peito um nó muito apertado,
dizem-me para dar uma de aparecida,
dizem-me para não deixar o amor de lado.
Querem que eu vá à luta,
que batalhe pelo amor que sinto,
não tenho mais força para ser astuta,
acomodo-me à vida de uma forma sucinta.
Não faria sentido ser eu a procurar,
embora não pare de pensar em o fazer,
talvez um livro fazer-lhe chegar,
podia ser que o gostasse de ler.
Pelo menos não se sentiria tão só,
perceberia que alguém ainda se preocupa,
olhar para ele deu-me tanto dó,
que sinto que estou a ficar maluca.
Como explicar isto a alguém,
como assumir que tenho um sonho inglório,
as atitudes ficariam muito aquém,
para quem já me considera uma vitória.
Não, isto tem de passar,
não posso continuar a pensar,
sobre pena de me desgastar,
e acabar por desesperar...
(Mafalda)
Que raiva eu tenho de mim,
de questionar tudo o que pensei ter conseguido,
um dia teria de te rever, enfim,
e perceber que nada foi esquecido.
Há um amigo que diz que estou em fase de negação,
que basta um sinal e eu vou a correr,
malvada a hora em que temos um coração,
não me posso permitir voltar a sofrer.
Mas a tua imagem não me sai da retina,
o teu passo desnorteado e sem um rumo definido,
continuas a fazer o mesmo caminho até à esquina,
continuas a esperar que eu esteja algures escondida.
Mas hoje não consegui evitar,
quis o destino que nos cruzássemos um ano depois,
felizmente tu não estavas numa de reparar,
eu não sei o que podia acontecer se olhássemos os dois.
Que treta, já não sei o que pensar,
tudo se baralha e volta a baralhar,
vou-me obrigar a aqui ficar,
tu até podes querer, mas nada tens para me dar...
(Mafalda)
De que adiantaria eu aparecer,
porque teria eu tal ato desesperado,
fiz tudo para te esquecer,
para seguir em frente e esquecer o passado.
Parecemos dois putos de escola,
em que nenhum quer dar o passo seguinte,
não é orgulho, mas não gosto de esmolas,
não tenho mais paciência para virar pedinte.
Procura-me se me quiseres,
contacta-me se precisares de mim,
hoje tenho de arranjar inúmeros afazeres,
para esquecer que te vi assim...
(Mafalda)
Carregas nos ombros o peso do mundo,
o mundo em que optaste ficar,
trocavas tudo por um segundo,
o segundo em que me pudesses avistar.
Mas o peso não te deixa ver,
não te faz olhar em volta,
o teu andar revela o teu sofrer,
o teu peso é a tua revolta....
(Mafalda)



Se antes soubesse o que agora sei,
faria tudo da mesma maneira,
mas se caí foi porque errei,
sofri mais na segunda do que na primeira.
A idade devia trazer esperteza,
devia ensinar a ter lucidez,
pensamos fazer parte da realeza,
e acabamos numa profunda estupidez.
Ser crédula e confiante,
entregar o corpo e a alma,
sentir que me podia sentir radiante,
que sempre transmitia um mar de calma.
A idade deixa-nos desprotegidos,
temos medo de não conseguir recuperar,
nos amores podemos ser vencidos
mas temos uma enorme capacidade de aguentar.
Suportamos até à exaustão,
batalhamos, sangramos, vencemos,
devagar chega a realização,
e tudo o resto, nós esquecemos.
Mudamos o rumo dos nossos pensamentos,
damos valor ao que realmente o merece,
as gargalhadas superam os lamentos,
o que está longe, aos poucos, se esquece.
Importa apenas o momento presente,
ninguém sabe o seu prazo de vida,
a carta da morte não traz remetente,
não há forma de ser devolvida...
(Mafalda)
De repente volto ao passado,
a um em que fui esquecida,
nunca foi um assunto encerrado,
nem nunca me dei por vencida.
Havia um carinho especial,
que foi guardado a sete chaves,
não deu certo afinal,
mas porquê, só tu sabes.
Era demasiado "mulher"
para quem ainda queria viver a vida,
acabei por me perder,
durante anos permaneci adormecida.
Quis o destino que nos reencontrássemos,
que aumentassem os sentimentos entre nós,
quis o destino que nos abandonássemos,
mas que tivessemos medo de soltar a nossa voz.
O que se poderia dizer,
quando não há necessidade de palavras,
o que se poderia fazer,
para contrariar o que tu nunca acabas.
Volto a um passado distante,
ao passado que nunca passou,
há um sentimento muito hesitante,
dentro de nós algo ficou...
(Mafalda)
www.youtube.com/watch?v=-su9yy_-1Zg
Relaciono-me muito mal com a dor,
transtorna a minha capacidade de viver.
Já não tenho paciência para ter dor,
o que eu não daria para não a voltar a ter.
Estou saturada de dor,
merecia já ter acabado o meu tempo de sofrer.
Não gosto nada de sentir dor,
só faz com que me apeteça desaparecer.
É complicado ser feliz com dor,
entra-se num verdadeiro estado de torpor...
(Mafalda)
"És a pessoa mais importante da tua vida.

Acusam-me de provocar estragos,
sem eu ter intervenção alguma,
se alguém vive tempos amargos,
eu sei que não tenho culpa nenhuma.
Como posso provocar danos,
se desapareci da face da terra,
só podem ser graves enganos
de quem não sabe e desespera.
Estou longe, estou afastada,
não tenho qualquer intervenção,
se existe uma pessoa desgastada,
não sou eu que causo essa confusão.
Quando se cai é preciso força,
há que superar as contrariedades,
não existe nenhum motivo de troça,
nunca desejei nenhumas adversidades.
Afasto-me de quem posso prejudicar,
agora não me acusem de fracassos,
não chega o ficarem a olhar
com os pensamentos totalmente devassos.
Há que provar o que se vale,
lutar pelo que se quer,
se há quem com isso não se rale,
apenas lhe resta a palavra perder.
Mas não me acusem a mim,
pelos fracassos alcançados,
ficarei para sempre assim,
com os meus pensamentos muito recatados.
Assumam as consequências dos vossos atos,
não imputem culpas aos outros,
não entrem em desacatos,
não tenham pensamentos loucos.
Nada mais me podia faltar,
incomodarem a minha serenidade,
eu não tenho mais nada a censurar,
troquei um sonho pela tranquilidade.
A vontade de vencer não é para todos,
não é distribuída de forma igual,
passei dias a chorar a rodos,
mas nunca implorei um amor em fase final.
O karma é um bicho tramado,
não tenho culpa das conjugações supremas,
um ano certo depois de ter acabado,
alguém vai pegar num papel e traçar novos esquemas.
Mas eu aqui permanecerei,
serena e descansada,
se outrora muito me irei,
agora sinto-me totalmente adaptada.
Não me falta nada do que importa,
paixões são bens acessórios,
se há quem não passe da cepa torta,
não é por eu ter dons adivinhatórios.
É a realidade que alguns não querem ver,
é a objetividade de análise de uma pessoa,
eu sei que haverá um novo sofrer,
mas quem ama sempre perdoa...
(Mafalda)
Antecipam-se partidas,
criam-se tristezas infindáveis,
dizem-se palavras sentidas,
entendem-se enigmas indecifráveis.
A dor que uma partida traz,
é algo que não tem explicação,
e depois como é que se faz,
a quem é que vamos dar a mão.
Nunca gostei de partidas,
quando as pessoas me são chegadas,
apesar de nunca esquecidas,
ficam sempre muito afastadas.
Parte sempre quem eu mais amo,
por doença ou por opção,
de que adianta o que lhe chamo,
se é amizade ou se é outra emoção.
Sei que nunca ficam por perto,
o tempo que é necessário,
volta-se a atravessar o deserto,
volta a aparecer o amigo imaginário.
Aquele que nunca nos deixa,
que está sempre disponível para nós,
às vezes gostava de me tornar numa geisha,
seria a maneira de nunca voltar a estar só...
(Mafalda)
"Noventa por cento das pessoas ocupam o tempo a queixar-se de que não conseguem fazer algo que já teriam feito se não tivessem ocupado o tempo a queixar-se."

Passamos anos a tentar entender os motivos,
parecemos crianças com avidez de conhecimento,
porquê, porquê, são palavras repetitivas,
que baralham todo o nosso discernimento.
Cada pessoa terá as suas próprias razões,
que por vezes pode não querer revelar,
não há uma forma única de responder às questões,
cabe-nos a nós simplesmente aceitar.
De nada adianta querer saber tudo,
nunca chegaremos a um conhecimento total,
podemos esperar, contudo,
e pouco a pouco chegar a um ideal.
O ideal de nada querer saber,
de respeitarmos a privacidade de cada um,
de não tentar desesperadamente perceber,
o que não nos traz benefício algum.
Viver sem questionar,
aceitar, mesmo não entendendo,
seguir sem hesitar,
tudo se resume a... ir vivendo!
(Mafalda)
Como saber o que escrever,
quando já não se sente mais nada,
quando parou o que fazia sofrer,
quando sinto que fico bem se estiver calada.
Como tirar da minha imaginação,
frases sentidas e verdadeiras,
quando fechei o meu coração
como quem fecha todas as torneiras.
Como deixar sentimentos fluir,
como libertar emoções já esquecidas,
às vezes desato-me a rir
por ter escrito tantas coisas sofridas.
Se fosse eu a ler o que escrevo,
perderia a paciência rapidamente,
pintei o mundo de negro,
teve de passar a cores muito sabiamente.
Sempre disse que um poeta tem de sofrer,
de ter paixões impossíveis,
só assim consegue escrever,
mostrando situações inverosímeis.
Quando se instala um vazio saudável,
quando não há amarras nem prisões,
como não utilizar esse terreno arável
para evitar sofrer novas desilusões.
Há um sentimento de dever cumprido,
de em pouco ter falhado,
vivo com o dado adquirido,
de ter feito bem em não ter ficado.
Mas depois vem esta dificuldade,
olhar para um ecrã e não ter dores para contar,
sem dúvida que com o passar da idade,
mais cedo ou mais tarde, deixamos de acreditar.
Poesia é mágoa, é dor,
é a tristeza de um coração ferido,
quando já não se sente o amor,
o verso teima em ficar esquecido.
Vida facilitada tem quem escreve ficção,
quem não fala da sua história de vida,
valerá a pena sofrer tanta desilusão,
não será melhor continuar a sentir-me viva...
(Mafalda)


Há uma menina irreverente dentro da mulher que sou,
ela tem vontade de fazer muitas asneiras,
é uma menina que deixou marcas por onde passou,
mas que ainda sabe aproveitar as boas brincadeiras.
Menina irrequieta que habita em mim,
não dá descanso a um corpo já cansado,
menina que gosta de beber um bom gin,
mas que não gosta de fazer o que é mais adequado.
O recato não faz parte do seu vocabulário,
não conhece a palavra contenção,
o seu maior gozo diário
é ir-se aconchegando com quem lhe dá a mão.
Menina que gosta de viver,
de beber uns copos e de se divertir,
menina que demorou a aprender
que a vida está constantemente a florir.
Esta menina desacomodada
vai dar cabo da minha pessoa,
ela não sabe estar calada,
ela fala e há sempre um eco que ressoa.
Mas a menina está feliz,
aproveita agora o que durante muito tempo não gozou,
não vai deixar criar mais nenhuma raiz,
a fase da paixão finalmente passou!
(Mafalda)
A bela da lua cheia,
o belo final de tarde quente,
quem diz que a vida é feia,
está muito enganado, só mente.
Acaba o sossego da minha zona,
quando começam os dias soalheiros,
alheia ao rebuliço que anda à tona,
nem sequer reparo nos que são pioneiros.
Sede de calor,
sede de praias de águas gélidas,
todos querem sair do torpor,
esquecer as épocas fétidas.
Venham todos para a rua,
saiam dos centros comerciais,
a brisa serve-se nua,
há que aproveitar os arraiais.
A natureza é como um animal,
dá-nos tudo sem nada cobrar,
porque nos queixamos, afinal,
só temos de saber aproveitar.
Não me canso da vista privilegiada,
não me saturo de poder finalmente descansar,
pouco me importa se não sou verdadeiramente amada,
em nada me rala não ouvir a campainha tocar.
Isto ninguém me vai tirar,
só o vou perder quando morrer,
que bom é já conseguir apreciar
tudo o que a natureza tem para me oferecer...
(Mafalda)
Qual a melhor forma de esquecer um passado,
de viver um presente sem pensar num futuro,
acreditem que muitas vezes me tenho deparado
com a sensação de estar a roer um osso duro.
É sempre esse o nosso erro,
querer esquecer o que não tem esquecimento possível,
querer fechar essa caixa com um forte prego,
como se isso fosse uma solução verossímil.
Passado é passado,
faz parte de nós como pessoas,
tentar apagá-lo é um ato desesperado,
temos de manter dele apenas as coisas boas.
Viver o presente como se não houvesse futuro,
tem sido essa a minha grande satisfação,
sei que em muitas memórias perduro,
mas nenhuma memória me dá a mão.
Pouco importa se estou só,
não me sinto nada desacompanhada,
o meu passado começa a ter manchas de pó,
gosto de viver desta forma desenfreada.
Sem compromissos,
sem regras,
sem enguiços,
sem esperas.
Não me assusta a vida social intensa,
não me incomoda o que os outros possam pensar,
deixei de andar sempre tensa,
aprendi de novo a caminhar...
(Mafalda)

Euforia,
depressão,
alegria,
desilusão.
Escrever versos sem fim,
usar todos os temas que existem,
a poesia é mesmo assim,
mas são poucos os que a ela resistem.
Melancolia,
solidão,
agonia,
deceção.
Escrever rimas sem nexo,
idealizar situações aprazíveis,
tudo para atingir um sucesso,
que compense emoções falíveis.
Amargura,
insensibilidade,
secura,
inacessibilidade.
Escrever poemas sem sentido,
ora querer ora não querer,
enquanto uns andam divertidos,
outros passam o tempo a sofrer.
Expetativa,
esperança,
sem alternativa,
chega sempre a temperança.
Escrevo poesia sem ser poeta,
outros são e não a escrevem,
esqueci uma fantasia obsoleta,
poucos são os versos que agora se percebem...
(Mafalda)
