Bate a mágoa do engano,
a dor de de nada poder fazer,
fica sempre um imenso dano
de quem tudo dá sem nunca se arrepender.
Toca a vida na porta errada,
passa por lá mas sai depressa,
mas a dor de ser enganada
não atenua com uma simples compressa.
Assobia o vento na direção oposta,
o carrocel movimenta-se ao contrário,
quando se atinge uma resposta
consegue-se um feito extraordinário.
Mas a resposta é a que se temia,
o enganador passou a enganado,
se hoje de dia eu tremia
agora estou num pântano estagnado.
Como cobrar a quem me deve,
como ir buscar a quem nada tem,
sinto a água que cada vez mais ferve,
sinto a raiva que supera o desdém.
Ser ignóbil que existe à face da terra,
que cospe no prato onde já comeu,
é esta a raiva que desespera
quem um dia tudo já lhe deu.
Não gosto de me sentir assim,
não sei lidar com sentimentos destes,
tiraram todo o dinheiro de mim,
mas não se vão livrar de momentos agrestes.
A falsidade é sempre desmascarada,
a traição vem sempre à superfície,
eu sei que sou afortunada
por me poder socorrer de quem sempre existe...
(Mafalda)