Cabelo preso num travessão,
vestido drapeado esvoaçante,
numa mão a trela do cão,
na outra um pensamento hesitante.
Convidava-te para seres meu,
para te entregares sem pudores,
fala quem já tudo perdeu,
desde os amores aos desamores.
Desafiava-te para seres louco,
para a ousadia de momentos a dois,
não és só tu que és mouco,
também eu deixo sempre para depois.
Em frente ao mar não morro de sede,
nem na floresta morro de fome,
há sempre o receio de se ser apanhado na rede,
receio infundado de quem já não se comove.
Convidava-te para viajar,
para sair daqui por uns dias,
fazer tudo sem nada planear,
é sempre o que traz mais alegrias.
O imprevisto pode sempre acontecer,
os momentos definem as situações,
nada mesmo há a fazer,
apenas não resistir às tentações...
(Mafalda)