O que eu quero ninguém me pode dar,
porque quem pode não o quer fazer,
do que eu mais preciso ainda estou a averiguar,
adoro a vida que construí mas falta-me usufruir desse prazer.
O que eu quero é fácil e barato,
que aquele homem acorde a meu lado,
que passe a noite num verdadeiro desacato,
que tudo corra como foi um dia desejado.
O que eu quero ninguém mais me pode dar,
fechei as portas a todas as emoções,
deitei fora as chaves para nunca mais as encontrar,
atirei-as ao mar, foram levadas pelos arrastões.
O que eu quero nem eu sei bem se quero,
se teria capacidade para esquecer o passado,
se não entraria num novo desespero,
se não estaria na dúvida que sempre existe num ser que foi abandonado.
O que eu quero, o que me faria feliz,
era ter tudo o que agora tenho
mais o que um dia acreditei vir a ter,
esgotou-se-me o engenho,
viver é estar sempre a aprender...
(Mafalda)