Abraço o desconhecido,
inalo os odores que me rodeiam,
o fio foi partido,
é de voar que as minhas asas anseiam.
Ano de boa colheita,
dos melhores de que me recordo,
tenho mesmo de estar satisfeita,
isto não é um sonho em que depois acordo.
Ás vezes custa a crer,
nas cambalhotas que a vida pode dar,
nuns dias a sofrer,
noutros com vontade de cantar.
Apetece-me deixar a loucura sair,
ir dançar, pular, saltar,
só de pensar já estou a sorrir,
só de sorrir já me sinto a pairar.
Abraço a vida e o que ela me dá,
finalmente o vento é de feição,
envolvo-me na multidão ao Deus dará,
no meio de tanta gente não há espaço para um trambolhão...
(Mafalda)