Sabe-me sempre a pouco,
vá-se lá saber porquê,
considero-me um ser louco,
que deixou de acreditar no que apenas se vê.
Querer-se mais e mais de nada,
é um absurdo que me enlouquece,
aqui permaneço só e abandonada,
à espera do algo que nunca se esvanece.
Estive presente no passado,
estou presente na atualidade,
estarei sempre presente no futuro,
só agora entendo a minha dualidade.
É um querer tudo sem nada querer,
é saber que gosto do que tenho,
é uma vontade louca de me transcender,
é uma incapacidade inata de apurar o engenho.
Começo agora a ter algumas dificuldades,
sozinha não estou a conseguir lá chegar,
talvez sejam estas minhas insanidades,
que me mantêm sempre a capacidade de sonhar.
Sonho com um dia que nunca chega,
com uma noite de tórrida paixão,
cuidado, ninguém se atreva,
a estar perto de mim nesta situação.
Preciso de libertar esta minha loucura,
preciso de arranjar alguém que me agarre,
vivo há muito nesta contínua brandura,
tento vislumbrar se a porta se abre.
Às vezes parece que sim,
às vezes parece que não,
sinto que não estou em mim,
hoje não queria mesmo nada esta minha solidão...
(Mafalda)