Tempos...

28-03-2015 20:30
Ligo a televisão
Mas nada me apetece ver,
Tenho a eterna sensação
De continuar a viver sem entender.
 
Quero-me divertir
Mas as companhias não estão presentes
E também não me apetece sair
Do meio das minhas mantas quentes.
 
Queria estar acompanhada
Mas os imprevistos acontecem,
Já devia estar habituada
Aos obstáculos que sempre aparecem.
 
Queria conversar,
Nem que fosse conversa sem nexo,
Depois dou por mim a pensar
Num presente sem regresso.
 
O futuro não existe,
O passado já acabou,
Há sempre algo que resiste
Mas é no presente que estou.
 
Há sempre rosas
Que depois revelam os espinhos,
São demasiadas as mossas
Que se deparam nos caminhos.
 
Há sempre receios
Em acreditar no presente,
Não sei se são meros devaneios
Ou se virá uma situação latente.
 
Perguntas sem sentido
De quem nada quer fazer,
O dia é cada vez mais comprido
E pouco mais tenho a dizer.
 
Se não questionasse tanto,
Se não tentasse entender,
Nunca entrava em pranto,
Aprendia de vez a viver.
 
Mas eu sou assim,
Carente e insegura,
Habituei-me a só confiar em mim
E agora acredito que estou mais madura.
 
Não entro em ilusões,
Porque todas se revelam iguais,
Tento-me arredar de paixões
Que se resumem sempre a ingratos finais.
 
Que ganho com isso?
Talvez nada, talvez tudo.
Receio o compromisso,
O Homem é um sortudo...
 
Nada exijo, mas tudo peço,
Mas tudo o que sempre pedi me foi negado,
Dói quando me despeço
De quem por mim um dia foi amado.
 
Mistura de sensações,
Tenho os tempos todos baralhados,
Passado, presente e futuro repletos de ilusões,
Em que o tempo foi totalmente exterminado.
 
Sem relógios, sem horas,
A não ser nos compromissos profissionais,
Não tenho tempo para demoras
Nos assuntos mais superficiais,
 
São caprichos de uma mulher,
Querer algo que não existe,
Se só um de vós souber,
Diga-me onde está, não hesite!
 
(Mafalda)