Blogue 2
Dizem-me que escrevo bem,
que devia continuar, mas sem lamentos,
penso sempre que a minha escrita fica muito aquém,
que nunca vou ser reconhecida pelos meus talentos.
Mas orgulho-me de mim,
orgulho-me de ter seguido pela minha própria estrada,
não era suposto vir a ser assim,
mas sinto-me muito bem nesta simples enseada.
Criei o meu próprio espaço,
cultivei as minhas flores,
agora sei sempre o que faço,
já não há margem para dissabores.
Depender apenas de mim,
e manter algumas pessoas próximas,
sempre quis que fosse assim,
sempre me deparei com cerradas inglórias.
Finalmente consegui ser independente,
criei a minha fonte de tranquilidade,
vivo sem que nada me apoquente,
vislumbro um horizonte cheio de claridade.
A alguém devo a minha liberdade,
a minha concretização como pessoa,
pode ser que com o avançar da idade
percebam que a dor traz sempre alguma coisa boa.
Nem que seja um amadurecimento,
uma constatação de fatos concretos,
hoje tento olhar para o firmamento,
mas passei a estar abrigada debaixo de tetos.
Vejo o que é visível,
não tento descobrir o que não existe,
a vida é demasiado apetecível,
vou vivê-la com todo o direito que me assiste...
(Mafalda)
O que todos mais gostam em mim,
é da força que me obriga a mexer,
acreditem, só falo assim
porque já nada mais tenho a perder.
Não estou em fase de negação,
nem tão pouco ando a fingir,
cansei-me de viver em paixão,
fartei-me de perder tempo sem sorrir.
Amo a vida acima de tudo,
o ar, a água, a terra,
de que adianta andar trombuda,
de que vale perder tempo à espera.
Não! A vida é para ser divertida,
para aproveitar cada instante que passa,
não é para andar sempre perdida,
o tempo urge e a vida é escassa.
Não estou a fingir ser o que não sou,
deixei de usar máscaras para me esconder,
sinto-me bem desde que tudo passou,
vou aproveitar todo o meu tempo até morrer...
(Mafalda)
Tenho-vos servido de exemplo,
agora preciso que confiem em mim,
não é necessário que me construam um templo,
mas para superar tem mesmo de ser assim.
Passei por uma experiência traumática,
como todos vós um dia já tiveram,
adotei uma forma de vida muito mais prática
e desde logo as recompensas apareceram.
Temos de ser positivos,
acreditar no nosso valor,
rodearmo-nos de amigos,
tirar deles o nosso calor.
Ninguém consegue viver gelado,
sem contacto com qualquer outra pessoa,
de nada adianta ficar fechado,
de nada vale chorar até que doa.
Acreditem quando vos digo,
que ninguém morre de amor,
passamos por uma fase de mendigo,
mas recuperamos todo o nosso fulgor.
Acabamos por sair mais fortalecidos,
com os olhos muito bem abertos,
aos poucos deixamos de nos sentir esquecidos,
devagar tornamo-nos mais espertos.
Aproveitar cada instante,
tirar uma gargalhada de cenas banais,
viver de forma refrescante,
fazer coisas pouco usuais.
Viver, apenas viver,
é só isso que nos deve importar,
aos poucos aprendemos a esquecer,
lentamente deixamos de acreditar.
Mas vivemos,
alegres e divertidos,
e rapidamente percebemos
que a vida é apenas dos atrevidos.
Má disposição afasta as pessoas,
cansam-se dos nossos dramas diários,
parecemos ecos que ressoam,
tornamo-nos pouco temerários.
Pessoas positivas atraem tudo,
amizade, cumplicidade, alegria,
hoje considero-me uma sortuda,
sinto-me grata por viver cada dia...
(Mafalda)
Eu sei que ando afastada,
sem vontade me vos massacrar,
é sinal que estou recuperada
de um amor que teimava em não passar.
Consegui alguns feitos importantes,
passei várias vezes e nem olhei,
não tive momentos hesitantes,
tudo o que tinha para dar, já lhe dei.
Nada resta aqui escondido,
estou imune ao amor despedaçado,
passo à vontade sem sentir perigo,
movimento-me bem, está tudo acabado.
Mais dia menos dia,
vou deixar de falar nele de uma vez por todas,
agora entendo porque não sorria,
agora sinto-me a maior das tolas.
Qual homem, qual carapuça,
ninguém tem o direito de nos fazer abdicar de nós,
passei meses em intensa escaramuça,
não conseguia ouvir a minha própria voz.
A voz que gritava por liberdade,
que me avisava de todas as maneiras,
ela tentava mostrar-me a realidade,
dizia-me que um dia secariam as torneiras.
Eu fui uma surda obstinada,
que sempre se recusou a ouvir a razão,
virei uma mulher depenada,
envolta numa tremenda solidão.
Tudo vale a pena quando se aprende,
quando se cresce como ser humano,
o meu coração jamais se rende
a ser tratado como um pano...
(Mafalda)
Fazemos escolhas pensando ser as certas,
criamos expetativas na pessoa contratada,
não pretendemos nunca ser as mais espertas,
às vezes vemo-nos numa situação apertada.
Como dizer sim a uma pessoa,
dizer não à que está ao lado,
como fazê-lo sem que doa,
como explicá-lo num tom sussurrado.
Contratações são complicadas,
despedimentos ainda mais,
não gosto de ver pessoas magoadas,
não queria criar expetativas demais.
Mas a vida é assim mesmo,
temos de mostrar o que valemos,
não podemos avançar a esmo,
sob pena de nos perdermos...
(Mafalda)
A noite chega devagar
sem sombra de hesitação,
ela gosta de me abraçar,
de me levar pela sua mão.
Sempre gostei de me sentir envolta
na escuridão que ela traz,
do dia restava a revolta
do querer e não ser capaz.
Mas a noite tudo permite,
é sensual e intensa,
é um ver quem resiste
a uma escuridão que se adensa.
É a paz, o silêncio,
o brilho de estrelas no céu,
a noite ensinou-me a prudência
de querer o que é só meu.
A paz noturna dá-me o que preciso,
a loucura de um sonho sem destino,
a ternura de um silêncio conciso,
a oportunidade de perder o tino.
Sempre gostei da noite,
de a aproveitar até ao limite,
haverá quem longe pernoite,
mas também há quem muito perto fique...
(Mafalda)
Ser mulher é trazer dentro de nós todos os sonhos do mundo,
é ver tudo o que nos rodeia, sem baixar os olhos,
é ser mãe, amiga, filha, neta, amante,
é estar disponível sempre que de nós precisam,
é saber escutar, aconselhar, apoiar, criticar,
é ter coragem para chorar, gritar, esbracejar,
é aceitar o sofrimento e seguir em frente,
é ser trabalhadora, dona de casa,
é assumir as tarefas que esperam que façamos e mais as que ninguém espera,
é crescer todos os dias como pessoa livre e feliz,
é ser o lenço necessário, o ouvido que vos aconchega,
é ser o ombro de quem precisa, sempre que precisa,
é ser a companhia de quem está só,
é ser sonho, magia, paixão,
é ser vício, dependência, solidão,
é ter dias que não têm horas que cheguem,
é ter noites que têm horas a mais,
é ser luz, caminho, compreensão,
é ser humildade, cumplicidade,
é ser,
é ter,
é ver,
é saber,
é assumir,
é crescer,
é estar...
(Mafalda)
"Um homem nunca diz tão mal das mulheres como uma mulher.
Um homem tem medo das mulheres.
Sem explicações,
sem horários,
sem complicações,
só funciona para os temerários.
Não é fácil tomar a iniciativa,
nem lidar com as consequências,
recomeça-se tudo de forma primitiva,
mantendo um sorriso para as aparências.
Sem prisões,
sem compromissos,
sem altercações,
faz-se da vida um permanente esquisso.
Não é fácil nos primeiros tempos,
nem nos que vêm a seguir,
passa-se por muitos sofrimentos
até a paz se atingir.
Sem medo da solidão,
sem receio de não ser capaz,
sem entrar em frustração,
esperar apenas pelo que o tempo traz.
Não é fácil de aguentar,
nem o desejo a ninguém,
só é bom quando começam a brotar
os frutos que nos fazem sentir alguém.
Sem pesos de consciência,
sem sentimentos de culpa,
viver é uma constante ciência,
só consegue quem tem um quê de chalupa...
(Mafalda)
Se está escuro e queres luz: carrega no interruptor.
"O futuro não se advinha, inventa-se."
Escreveram-me esta simples frase
e obrigaram-me a pensar,
eu sei que já passei a fase
em que nada mais fazia senão chorar.
Eu não adivinho o meu futuro,
nem tão pouco o quereria fazer,
sou fénix de um passado duro,
pouco me importa o que irá acontecer.
Nada lamento, de nada me arrependo,
a vida tem as suas próprias razões,
hoje em dia nem eu mesma pendo
para encontrar quaisquer explicações.
É o que tem de ser,
é o que está gravado a ferro e fogo,
de nada adianta tentar perceber,
de nada vale viver a vida como um logro.
É o dia que importa,
a hora, o minuto,
amanhã posso já estar morta,
de nada valeria ter um pensamento astuto.
Tenho a paz que pretendia,
a vida com que sempre sonhei,
se em tempos o futuro não me sorria,
hoje ri-se à gargalhada com o que conquistei.
Eu invento todos os dias o meu futuro,
acrescento-lhe pormenores constantemente,
posso dizer que atingi um estado maduro
em que já não serei descartada novamente.
Não o permitirei de forma alguma,
o futuro é meu e apenas meu,
se o tentasse adivinhar poderia cometer uma grave lacuna,
invento-o com tudo o que a vida me deu...
(Mafalda)
Só gostamos do que lemos,
quando nos identificamos no que está escrito,
quando ao ler nos lembramos do que sofremos,
quando estamos dentro do mesmo registo.
Gostar de poesia é paixão,
é sofrimento, é dor,
poeta não escreve com a razão,
escreve apenas com o seu ardor.
Massacra páginas em branco
com desgostos de desamores,
escreve muito e nunca é tanto
como os seus pensamentos interiores.
Dizemos gostar de um poeta em particular,
mas gostamos é do que ele escreve,
está em nós esta forma peculiar
de ler, porque escrever ninguém se atreve.
É complicado passar para o papel
sentimentos íntimos que nos envolvem,
é um tentar constante em ser fiel,
um zelo em esconder os problemas que não se resolvem.
Chamem-lhe privacidade,
digam que é discrição,
para mim é ter uma atitude covarde,
é esconder o que nos dá libertação.
Poetas somos todos,
mas poucos abrem o coração,
escrever palavras a rodo
só para quem não se preocupa com a aceitação.
Mas liberta, dá-nos asas,
pouco importa se alguém não gosta de nós,
damos cartas, conhecemos as vazas,
soltamos ao mundo a nossa voz...
(Mafalda)
Não devia parar de escrever,
não devia deixar de acreditar,
não devia continuar a temer
que nunca volte a amar.
Não devia ter dado tanto de mim,
não devia ter falado demais,
não devia ter vivido assim
sem a tranquilidade de momentos reais.
Não devia ter sonhado,
não devia ter feito planos,
não devia ter chorado
quando vi que eram tudo enganos.
Não devia ter desistido da vida,
não devia ter desesperado,
não devia ter sido esquecida
por quem um dia disse ter-me amado.
Não devia, não devia, não devia...
Mas tudo fiz e tudo aconteceu,
bem haja o dia em que sorria
apenas por ter um mimo teu.
Sonhos, ilusões,
momentos que pareceram verdadeiros,
são tão tontos os corações,
quando queremos acreditar sermos os primeiros...
(Mafalda)
"Sossega, coração! Não desesperes!
Solidão que todos temem,
ninguém a quer por companhia,
são poucos os que percebem
o bem que isso lhes faria.
Preferem viver farsas,
fazer teatro todos os dias,
palavras cada vez mais parcas,
nem imaginam o que isso me afligia.
Deviam acreditar nos seus benefícios,
aprender a viver com ela,
acabariam os vossos suplícios,
já não seriam necessárias as escapadelas.
Ser livre,
estar sozinha,
tudo o que até agora tive
em nada se compara com o que se avizinha.
Vou construir castelos,
vou sonhar a meu bel prazer,
aos problemas vou desfazê-los,
não me permitirei mais a sofrer.
A minha solidão é a minha parceira fiel,
é uma presença sempre constante,
sabe bem, sabe a mel,
deixei de me sentir hesitante...
(Mafalda)
Escrever sobre sentimentos...
Há uma poesia sempre presente,
que teima em se fazer ouvir,
há emoções sempre à espreita,
em tudo o que se consegue redigir.
Falamos de encantos, de devaneios,
falamos de desamores, de desilusões,
umas vezes estamos satisfeitos,
outras vezes pesam-nos as recordações.
Não sei se ser poeta é saber rimar,
se é saber abrir o coração,
se é conseguir suportar um esperar
que não terá nunca uma solução.
Escrever...
Deixar os dedos marcarem o ritmo,
libertar uma confusão de ideias,
escrevo muitas vezes sem ter um assunto definido,
tento nunca deixar palavras a meias.
Não sei se me adianta,
não sei se me ajuda,
há dias em que me sinto perante
um feroz grito de quem me acuda.
Escrever sobre o que ocupa a minha mente,
sobre assuntos de que já não falo,
escrever para sair dum sentimento latente,
escrever sobre tudo o que agora sempre calo.
Não sou poeta,
não sou escritora,
apenas me sinto repleta
de uma grande força motora.
Obriga-me a fazer algo,
a construir mansões sobre escombros,
pouco a pouco vou ganhando calo,
devagar deixo de ser levada em ombros.
Escrever...
Sempre a minha fiel companhia,
a melhor forma que tenho para fugir de mim,
tanta coisa que eu até faria,
para isto deixar de ser assim...
(Mafalda)
"A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens,
mas em ver com novos olhos."
Aninho-me.
Envolvo o meu corpo num abraço apertado,
enrosco-me em mim,
não tenho ninguém a meu lado.
Procuro no espaço vazio
um sinal de tempos idos,
encontro um lugar marcado
que apenas me faz voltar ao passado.
Aconchego-me numa cama demasiado grande,
rodeio-me de almofadas amarrotadas,
não quero pensar, não quero recordar,
mas as ideias não conseguem permanecer paradas.
Quero dormir, quero deixar de me lembrar,
mas dou voltas e voltas na cama,
agarro a roupa num ato desesperado,
como num apelo a alguém que não sabe que eu chamo.
Apetece-me ficar assim,
estagnada, encolhida,
há dias em que não estou em mim,
é forte o sentimento de partida.
Hoje é um dia cinzento,
em que nada me apetece fazer,
vou parar com o lamento,
tenho de arranjar algo com que me entreter...
(Mafalda)
Beber café com um amigo,
com meia dúzia de anos de intervalo,
parecer que sempre esteve comigo,
a conversa fluiu como um badalo.
Retomam-se os temas antigos,
continuam-se velhas conversas,
é muito bom manter amigos
para além das situações mais adversas.
É muito bom conviver,
é excelente conversar,
tudo isso significa que estou a viver,
é o que levo quando não for para ficar...
(Mafalda)
Estamos no fundo de um precipício,
sem saber para que lado nos virar,
viver torna-se um suplício,
uma prova que não queremos enfrentar.
Puxam por nós com ténues cordas,
começamos a subir degrau a degrau,
sentimo-nos pertença de hordas,
tropeçamos em todo e qualquer calhau.
Voltamos a descer,
sem vontade para superar,
mas somos obrigados a crescer,
vamos ter mesmo de acordar.
E é então que nasce a luz
onde antes só havia escuridão,
percebemos que a vida reluz
que tudo tem uma solução.
Reconstroem-se muros derrubados,
apanham-se os pedaços de nós,
sustemo-nos em pedaços colados,
a pouco e pouco recuperamos a voz.
Primeiro gritamos com a dor sentida,
depois começamos a ironizar,
aos poucos vamos levando a vida
para o local onde sempre devia estar.
Devagar, muito devagarinho,
passo a passo para não tropeçar,
aqui e ali um gesto de carinho,
nada mais que isso posso ambicionar.
São opções de uma vida,
liberdade mas solidão,
nunca me darei por rendida,
não tenciono perder a paixão.
Mas paixão apenas pelo que tenho,
paixão pelos projetos em que estou envolvida,
a prova disso é que todos os dias aqui venho
mesmo que chegue ao fim do dia toda partida.
É esta a minha vida,
a que construí para mim,
nunca serei uma arrependida,
tudo acontece porque deve ser assim...
(Mafalda)
Ser escritora até poderia ser um orgulho,
se não o tivesse feito por mágoa e dor,
se não escrevesse para evitar o barulho,
se não fugisse de mim sempre que entro neste sítio acolhedor.
Orgulho é ver a felicidade de quem me ama,
ver olhos com brilho pela minha superação,
é sentir nos corações de quem me chama
o carinho que têm por estarem presentes na minha solidão.
Revejo inúmeras vezes as fotos do lançamento,
reparo nos olhos húmidos e nos narizes delatores,
nunca pensei em nenhum momento,
comover uma plateia com os meus amores.
Gosto de ler as críticas que são feitas,
de ouvir os telefonemas de satisfação,
sofria eu de tantas maleitas,
todas motivadas por um tonto coração.
Não acredito mais em relacionamentos,
em promessas de futuros apaixonados,
sonhos que viram longos tormentos,
futuros que acabam por ser passados.
Estou orgulhosa de mim,
de ter superado mais uma fase má,
ele sabia que eu ia reagir assim,
e será por isso que ele nunca me esquecerá.
Falo nele com muito carinho,
com boas recordações pelos momentos passados,
mas num longo futuro que se avizinha
sentimentos destes serão sempre escamoteados.
O que não me faz feliz não me faz falta,
mas falta-me o que me faz feliz,
por agora misturo-me com a malta,
com muito cuidado para não criar nenhuma raíz...
(Mafalda)
Será coragem, será loucura,
ainda não consegui definir qual delas está certa,
conto a minha vida, a minha amargura,
grito por um homem que está em parte incerta.
Quase um ano passado,
muito tenho escrito desde então,
o que mais me tem admirado
é ser merecedora da vossa atenção.
Não escrevo para me enaltecer,
para me gabar ou exibir,
escrevo apenas para não deixar morrer
um sentimento que muito me fez rir.
Aqui desabafo, aqui falo,
solto a raiva e a saudade,
no resto do tempo calo,
zelo apenas pela minha sanidade.
Liberto os meus pensamentos,
deixo-os comandarem os meus dedos,
nuns dias falo de tormentos,
noutros conto os meus segredos.
Enquanto funcionar como libertação,
enquanto eu conseguir escrever,
vou cedendo à tentação,
vou resistindo a esmorecer...
(Mafalda)
Hoje não sai nenhum tema
por mais voltas que dê à imaginação,
debato-me com o eterno dilema:
escrever só se sentir uma paixão.
Estar bem e não escrever,
sofrer e brotar a imaginação,
parece-me óbvio o que tenho de escolher,
nem tenho uma sombra de hesitação.
Estar apaixonado, amar,
viver momentos doces e aprazíveis,
passado uns tempos andar a chorar,
passar por situações inadmissíveis.
Não, prefiro não rimar,
não ter imaginação para poesia,
tudo menos novamente suportar
as calamidades de uma heresia...
(Mafalda)
“Sou uma espécie de carta de jogar,
de naipe antigo e incógnito,
restando única do baralho perdido.
Não tenho sentido,
não sei do meu valor,
não tenho a quem me compare para que me encontre,
não tenho a que sirva para que me conheça.”
“Mais terrível do que qualquer muro,
pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser,
de modo que,
vendo perfeitamente os outros,
perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros.”
Envolta na escuridão,
na negrura de uma noite sem estrelas,
passo apressado, com o cigarro na mão,
às lembranças, não quer, nem tê-las.
Se cada passo dado falasse,
se cada local contasse a sua história,
se ainda hesitasse
em esconder toda a memória.
Trajetos que são feitos em modo automático,
sem olhar, sem recordar,
às vezes faz falta um pouco de reumático
que obrigue apenas a parar.
Passar pela vida
sem ter nada para recordar,
devia fazer sentido
para quem não quisesse sonhar...
(Mafalda)
Não hesitem em me contactar sempre que queiram ou necessitem.
Criei uma conta exclusivamente para vós: mafaldaling1@gmail.com.
Aguardo-vos com muito carinho.
Obrigada por todo este tempo em que me têm acompanhado.
Mafalda Ling
Estou a ganhar menos leitores,
a deixar de ter novos acompanhantes,
deixei de falar em desamores,
deixei de despertar espíritos expectantes.
É assim a subtileza da vida,
o que hoje é um drama amanhã vira passado,
ninguém merece andar sempre perdida,
poucos são os que o houveram sempre ambicionado.
Mas a mágoa atrai leitores,
as minhas angústias encontraram um reflexo,
agora não ganho novos seguidores,
mas já consigo escrever palavras com nexo.
Era um sentimento de dependência,
como se a felicidade residisse numa só pessoa,
libertei-me do modo de subserviência,
já posso gritar até que a voz me doa.
Ser verdadeiramente livre,
pensar só no que me apetece fazer,
isso eu nunca tive
e apenas agora começo a aprender.
Não desistam de me ler,
escrevo apenas para falar convosco,
um dia irão perceber
que o meu amor foi um sentimento muito tosco...
(Mafalda)
Há pessoas que passam pelas nossas vidas,
que deixam marcas bem definidas,
pessoas que nunca serão esquecidas,
que fazem parte de nós sem direito a despedidas.
Passagens breves por este tempo imenso,
vidas que mereciam ser mais longas,
provocam em nós um sentimento intenso
que vou explicar sem mais delongas.
É uma saudade que bate forte,
mas não apenas neste dia especial,
não consigo entender tamanha falta de sorte,
em todos os dias o sentimento é igual.
Parte quem não deve,
algures para um lugar estrelado,
fica quem não se atreve
a dar um amor tão puro como acabado...
(Mafalda)
"Um homem pode ser destruído, mas não derrotado."
(Ernest Hemingway)
"Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho,
tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto
e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança."
"As pessoas preferem quem é fiel às suas convicções,
ainda que erradas e falsas,
do que quem flutua ao sabor das verdades de cada momento."
"Qualquer pessoa com dois neurônios sabe que é irremediavelmente só e para sempre será."
(Pedro Bial)
"Tá faltando homem com pegada,
homem que assuma seus afetos,
homem que se apaixone,
e que se dane o que os outros pensam."
Como é possível conseguir,
andar pelos mesmo locais sem me cruzar,
avisei que isso ia decidir,
se me voltasses a abandonar.
Quase um ano volvido,
consegui os meus intentos,
se não te tivesses esquecido,
não haveria lugar a mais lamentos.
Consigo gerir os meus locais,
andar em todo o lado sem me esconder,
apenas fora dos horários habituais,
em que teria muita probabilidade de te ver.
Eu avisei que não me verias mais,
que nunca mais te cruzarias comigo,
duas vezes já foi demais,
agora ando bem longe desse perigo.
Não sei porque hoje me lembrei deste tema,
talvez para vos dizer que não há impossíveis,
arranja-se um e outro estratagema
e vive-se de uma forma muito admissível.
Evito confrontos desnecessários,
mas não deixo de fazer a minha vida,
vivo momentos um pouco solitários,
mas vou sempre manter-me assim decidida...
(Mafalda)
Sim, sou irreverente,
gosto de me atrever no perigo,
é o que faz já não estar dormente,
não precisar de um porto de abrigo.
Sim, sou ambiciosa,
gosto de criar projetos,
é o que faz já não estar receosa,
encontrar-me sempre debaixo de tetos.
Sim, sou um pouco louca,
gosto de gozar a vida,
é o que faz deixar de ter voz rouca,
deixar de me sentir esquecida.
Sim, sou muito aventureira,
embarco em situações que não conheço,
é o que faz já não ser prisioneira,
ter vontade de lutar pelo que mereço.
Sim, sou um misto de adjetivos,
qual deles o mais assustador,
é o que faz regressar ao mundo dos vivos,
tirar da vida todo o seu calor.
Sim, tudo isto me define,
me caracteriza desde sempre,
pode ser que um dia atine,
mas por agora ando muito contente...
(Mafalda)
Auto-estima,
amor próprio,
passar para a rima
o que é mais impróprio.
Orgulho nos feitos,
alegria na concretização,
não há grandes defeitos
que sejam dignos de menção.
Gostar do que se vê,
aceitar o que não acontece,
esquecer o porquê,
ignorar o que se esvanece.
Aceitar as recusas,
continuar de cabeça erguida,
não arranjar mais escusas
para voltar a andar perdida.
Manter firmes as convicções,
abandonar as pouco importantes,
não sofrer novas deceções,
não enveredar por caminhos errantes.
Apenas viver da melhor forma possível,
deixar-me enlouquecer sempre que precisar,
se algo me parecer inverosímil
não avançar sem acreditar...
(Mafalda)
Ontem dizia a amigos
que aprendi a ser recatada,
nunca mais me expus a perigos
por não conseguir estar calada.
Talvez seja fácil dizer isto,
por estar numa época de calma,
mas sim, eu já resisto,
a não contar o que me vai na alma.
Saio, brinco, divirto-me,
ninguém tem de saber nada de mim,
chego a casa e rio-me,
ao pensar que sempre devia ter sido assim.
Aprendo com as minhas asneiras,
(e se isso me está a sair caro, hoje em dia,)
só pode haver um galo nas capoeiras,
doutra forma muito barulho se faria...
(Mafalda)
Menosprezam a ternura,
não dão importância ao carinho,
desconhecem a brandura
que se apresenta no caminho.
Dão importância desmedida a sexo,
a prazer carnal sem afeição,
são pensamentos sem nexo
que ocupam mentes sem inspiração.
O melhor de uma vida,
de um relacionamento sincero,
é a cumplicidade desmedida,
mesmo num ambiente severo.
O respeito é importante,
a aceitação plena de uma pessoa,
se às vezes há um quê de hesitante,
outras há em que a decisão soa.
Um simples toque,
um abraço sem contacto,
um sentimento que foque
tudo o que existe sem contrato.
Existe no futuro,
o que nunca existiu no passado,
há um presente maduro,
o mundo já não está baralhado...
(Mafalda)
Planto uma árvore,
tenho um filho,
escrevo um livro,
acaba a minha vida.
Tudo é básico,
tudo numa só pessoa,
uma vida trifásica
que ao longe se apregoa.
E agora o que faço,
nada mais está pré-estabelecido,
tenho de arranjar desembaraço
não deixar este assunto ser esquecido.
Invento uma quarta fase,
e mais uma e outra mais,
a vida não acaba aqui,
vou tornar mais sonhos reais...
(Mafalda)
Há em todos nós uma força de viver,
uma vontade de superar,
uma necessidade de aprender,
uma urgência em acreditar.
Há em todas as pessoas alegria escondida,
que não se solta com uma simples aragem,
precisa de ser muito bem construída,
liberta-se apenas com muita coragem.
Há uma necessidade de ter companhia,
de sentir o apoio de quem gostamos,
de viver em perfeita harmonia,
de superarmos os nossos enganos.
Há em mim uma força sem explicação,
uma energia que não sei de onde vem,
vivo a vida com muita emoção,
mas da forma que melhor me convém.
Há tudo o que mais queremos ter,
tudo o que precisamos para ser felizes,
tudo o que é necessário para sobreviver,
todo o tempo de uma vida para sermos aprendizes....
(Mafalda)
Gosto do que já tenho,
não preciso de nada mais,
aplica-se todo o engenho,
não há duas situações iguais.
Gosto de uma presença ausente
da ausência da presença,
nunca me sinto dormente,
apenas permanece em abstinência.
Gosto de uma boa companhia,
de pessoas que me fazem rir,
se um dia adivinharia
que a minha vida pudesse florir.
Gosto do orgulho depositado em mim,
da confiança e da cumplicidade,
de quem fez parte para que fosse assim,
de quem vive não se importa com a idade.
Gosto de partilhar ideais,
de sentir que não estou só,
momentos que são irreais,
mas que servem para soltar o nó.
Eu sou louca todo o dia,
tenho a minha quota de devaneio,
houve alturas em que me afligia,
hoje vivo com o que semeio...
(Mafalda)
Há um cansaço latente,
que teima em não me largar,
sinto que estou a ficar doente,
é uma gripe que está a chegar.
Perdoem-me, caros leitores,
a ausência a que vos tenho remetido,
não tenho tido tempo para louvores,
nem para contar o sucedido.
Foi um lançamento de livro muito divertido,
rodeada de pessoas amigas,
mas tem sido um tempo muito cansativo
em que vieram à tona todas as fadigas.
Preciso de um dia só para mim,
para estar aqui a libertar pensamentos,
hoje ainda não vai poder ser assim,
o cansaço físico traz-me desalentos.
Prometo voltar amanhã à noite,
inspirada e mais descansada,
hoje parece que levei um açoite,
tal a forma como estou prostrada...
(Mafalda)
Amanhã vai ser o "meu dia",
o dia que é de todos vós,
nunca pensei que um dia escreveria
por precisar de deixar sair a minha voz.
Obrigada pela vossa presença,
espero encontrar-vos por lá,
valeu-me a vossa persistência
em tentarem saber no que isto dá.
Dia de lançamento de um livro,
foi situação que nunca imaginei para mim,
este blogue foi o meu abrigo,
os meus leitores os meus amigos, enfim...
Obrigada!
(Mafalda)
Como é estranha a minha vida...
Passei anos a querer comemorar este dia,
comemorei-o por duas vezes,
hoje instalou-se em mim uma imensa apatia,
nem por um momento pensei em todos os reveses.
Deixei de dar importância,
aprendi a não me preocupar,
vivo uma época de abundância
em que tudo o que importa não me está a faltar.
Se há um ano atrás estava numa tremenda ansiedade,
se vivi o melhor que a vida me pode dar,
se caí no chão sem dar hipótese de alguém me ajudar,
hoje sinto que soube reconstruir a minha felicidade.
Gosto de estar a sós comigo,
não me incomodo com a ausência de um homem,
sozinha nunca me sinto em perigo,
só eu, não tenho ralações que me consomem.
Cresci como qualquer pessoa,
mas sou uma adulta muito infantil,
tenho um coração que já não ressoa,
cada vez mais o meu espírito é juvenil.
Estou bem enquadrada no meu ambiente,
sinto a paz a entrar em mim,
deixei o estado de dormente,
perdi demasiado tempo sem ser assim.
"Dia dos Namorados" sem namorado,
mas com uma tranquilidade que me abraça,
por muito tempo poderia ter esperado
se não tivesse visto o amor transformar-se em fumaça.
Ilusões que gostamos de criar,
idealizarmos que precisamos de alguém,
no fundo estarmos sós é de louvar,
nunca as nossas ambições nos ficam aquém.
Temos a força dentro de nós,
basta procurá-la no momento certo,
porque havemos de gastar a nossa voz
num único sentimento tão incerto.
Felicidades aos namorados deste mundo,
vivam cada dia como se não houvesse mais,
nunca saberão se um dia vão chegar ao fundo,
nunca esperem sonhos irreais...
(Mafalda)
Dou por mim sem tempo para nada,
com tudo a girar à minha volta,
deixei de me sentir esgotada,
abandonei finalmente a minha revolta.
Ocupada em imensas situações,
qual delas a que mais me prende,
dou por mim repleta de satisfações,
envolta num mundo que cada vez mais me entende.
Conjugam-se os astros para não me deixarem pensar,
para me distraírem em todos os momentos do dia,
se há dias que passam devagar,
outros passam sob a forma de razia.
As horas são poucas para tanto afazer,
assim torna-se mais fácil superar o passado,
já não sei onde arranjar tempo para escrever,
falar sobre o costume vai ser um assunto encerrado...
(Mafalda)
Quando procuro uma imagem,
já tenho um poema em vista,
às vezes passo à margem,
outras vezes não há quem resista.
Talvez seja macabra,
mas é uma realidade muito intensa,
quando tudo se acaba,
há que aceitar a sentença.
Por vezes é complicado,
debatemo-nos com contradições,
não acontece o desejado,
temos de arranjar soluções.
Passamos meses a ouvir conselhos,
que temos de abrir os olhos, acordar para a vida,
um dia olhamos para um espelho
e percebemos que estamos decididos.
Decididos a avançar,
a abrir os olhos para a realidade,
decididos a acordar
e a não desperdiçar nenhuma oportunidade.
É assim que gira a vida,
com contrariedades e alguns desgostos,
que bom já não andar perdida
em lugares em que não era suposto...
(Mafalda)
Mulher que não depende de uma pessoa concreta,
que tem energia para fazer a sua vida,
às vezes sente-se numa ilha deserta,
há alturas em que gostava de poder ser ouvida.
Erro crasso precisar de alguém ao lado,
depender de uma pessoa seja para o que for,
mais vale só que mal acompanhado,
quando se está só nunca se pode sentir dor.
Não se espera nada porque nada há a esperar,
não se sofrem desilusões porque não há ilusões,
apenas falta alguma companhia para saborear,
mas pode-se ir onde apetecer sem dar justificações.
Percebo agora o significado de ser livre,
começo agora a disfrutar a liberdade,
prisões eu sempre tive,
finalmente chegou a época da minha claridade.
Olhos bem abertos para o mundo,
posso ser louca ou posso ser comedida,
quem sabe o que se passa quando se está bem no fundo,
tem de aproveitar a vida de uma forma mais atrevida.
Fazer apenas o que me apetecer,
quando apetecer e se apetecer,
se agora estou a escrever,
é porque nada mais tenho com que me entreter.
O calor das relações humanas,
deve ser absorvido pela nossa pele,
usufruir de amizades não provoca enganos,
é bom haver quem connosco tagarele.
Estou como nunca estive,
semeando e esperando a colheita,
não tenho pressa em escalar o declive,
vou devagar mas muito direita...
(Mafalda)
Ando perdida na imensidão da vida,
não sei mais para onde me virar,
gosto de me sentir divertida
mas tenho alguma necessidade de amar.
Não preciso de um amor sentimental,
apenas de uma união de corpos nus,
ao fim de um ano a esperar pelo que não vem,
começa a ser urgente sentir alguém.
Preciso de ser penetrada,
de gritar de êxtase e de loucura,
não sei se sou eu a errada,
mas sei que preciso que combater a amargura.
Quero sentir um homem em mim,
preciso de libertar tensões acumuladas,
perdoem-me por falar assim,
mas esconder o que sinto não faz parte das minhas realidades
Há quem me faça renascer,
existe alguém que me faz desejar,
apenas quero esquecer,
apenas quero amar....
(Mafalda)
Apetece-me bater em mim própria,
e só isso seria merecido,
olhava para o computador sem ver nada
e o impulso obrigou-me a recuar um ano.
Fui reler o que escrevemos nesse dia,
e recordei que inventaste um curso,
chegaste à minha porta ainda o dia nascia,
e durante onze horas vivemos um amor justo.
Foi um dia maravilhoso,
mas passou-se há um ano atrás,
porque tive de ceder ao impulso,
agora sinto-me atravessada por uma tenaz...
(Mafalda)
Podem-me chamar velha,
gasta ou cansada,
mas aparece em mim uma centelha
sempre que estou de volta a casa.
Gosto da minha paz,
da minha tranquila solidão,
confusão pouco me apraz,
acabou-se o tempo da exaltação.
Um descanso abençoado,
é o que sinto no meu lar,
acabou o tempo amaldiçoado
em que não sabia o que esperar.
Nada espero, nada ambiciono,
tudo tem aparecido sem nada fazer,
já tampouco me dececiono,
porque já nada tenho a perder.
Se muito perdi durante uns tempos,
agora tenho mais do que antes tinha,
de nada me adiantavam os lamentos,
nem pensar que um dia ele vinha.
É o que tem de ser,
nada podemos contra o que está destinado,
mas por muito que faça para te esquecer,
ainda luto com um sentimento obstinado.
Já não o combato,
deixo-o expressar-se à sua maneira,
fiz com ele um trato
em que me permite alguma brincadeira.
Só quero manter o que agora tenho,
continuar em harmonia com o universo,
há um sentimento que não desdenho,
é ele que me faz escrever em verso...
(Mafalda)
Cada vez mais abomino
ter de ir a um velório,
perco completamente o tino,
ao ser rodeada de tanto falatório.
Pessoas que não se encontram durante muito tempo,
entre o espaço de uma morte e a outra a seguir,
conversam sobre tudo, não há lamento,
gostam de se rever, gostam de sorrir.
Porque não combinam um jantar,
um café ou uma bebida,
porque têm de se reencontrar
numa hora de despedida.
Não faz sentido algum,
sempre detestei este tipo de situação,
decoro não há nenhum,
um velório não é uma alegre reunião.
Sento-me sozinha numa cadeira,
tento prestar homenagem ao defunto,
vem para o meu lado uma carpideira,
que tem um e outro assunto.
Não me conhece, nunca me viu,
mas gosta de conversar,
esquece que quem partiu
apenas merecer repousar.
Não gosto de velórios,
não gosto de reuniões por morte de alguém,
perdoem-me os menos perentórios,
mas se isto é uma homenagem a um morto... fica muito aquém!
(Mafalda)
Todos nascemos com uma meta traçada,
sem saber o tempo necessário para a atingir,
enquanto uns vivem de uma forma desgraçada,
outros fazem por passar o tempo todo a sorrir.
É uma força interior que nos alimenta,
uma enorme vontade de viver em paz,
de que adianta só pensar na tormenta,
de que serve pensar que não se é capaz.
Superam-se obstáculos complicados,
são constantes provas por que passamos,
de nada adianta andarmos arreliados,
de nada vale só pensar nos danos.
Hoje perdeu-se uma das pessoas mais positivas,
com uma força brutal para viver,
uma das pessoas mais divertidas
que um dia me foi dado o prazer de conhecer.
Não é a idade que nos mata,
não são os desgostos nem as perdas,
só há uma doença que não se trata,
que não nos deixa ultrapassar as cercas.
Resiste-se enquanto há energia,
enquanto a vontade de viver é maior,
esta Senhora tudo fazia
para da vida só tirar o seu esplendor.
Admirei sempre a sua forma de estar,
nunca lho terei dito, talvez,
foi um grande exemplo de não vergar,
foi uma pessoa cheia de sensatez.
Aprendi muito com ela,
a minha forma de estar é muito parecida,
aproveitou sempre toda e qualquer escapadela
de forma a nunca se sentir rendida.
Descanse na paz que lhe é merecida,
deixou a sua marca em todos por quem passou,
infelizmente foi vencida
por uma doença que a desgastou...
(Mafalda)
Se um dia passares à minha porta,
não hesites em me procurar,
sobe os degraus de forma absorta
pois não sabes o que vais encontrar.
Podes-me encontrar assim,
alcoolizada e carente,
podes não obter nada de mim,
nem sequer uma réstia de amor latente.
Mas toca à campainha,
não vá eu estar acompanhada,
num futuro que se avizinha,
apenas sinto que vou estar irada.
Raiva que vem ao de cima,
que me lembra o que é estar só,
o álcool sempre culmina
numa angústia de dar dó.
Mas não é sentimento,
é apenas vontade de estar com alguém,
perco sempre o momento,
receio sempre o que daí advém.
Não tenho idade para ser descartada,
para ser rejeitada em nome do respeito,
às vezes devia ser mais descarada,
devia conseguir chegar a algum proveito.
Amizades coloridas são preciosas,
não criam laços nem obrigações,
acabam com sensações ansiosas,
dão sentido a algumas frustrações.
Preciso de um amigo colorido
preciso de libertar energias,
o meu corpo começa a estar em perigo,
com tamanha concentração de sinergias...
(Mafalda)
É o álcool que está a escrever,
perdoem-me se disser alguma asneira,
às vezes bate mais forte se beber,
e depois sai sempre alguma asneira.
Hoje apetecia-me continuar,
ter uma noite muito divertida,
porque não dizer "amar",
gostar de ser alvo de uma investida.
Apetece-me fazer amor,
sinto o meu corpo a desesperar,
quase um ano se passou
desde a última vez que soube o que é amar.
O álcool tem esse efeito,
faz-me desejar, faz-me sentir,
"fazer amor" é um verbo rarefeito,
quem me acompanha acaba sempre por partir.
Estou com vontade de reviver,
de sentir alguém em mim,
com o desejo de não esquecer
que fazer amor é uma arte em si.
Preciso de um homem que me acompanhe,
de uma pessoa por quem eu sinta afeto,
até lá eu que me amanhe,
que sozinha exista debaixo deste teto.
Quero ser mulher,
sentir todos os prazeres carnais,
haja o que houver,
estes desejos são muito reais...
(Mafalda)
Às vezes basta uma palavra,
uma simples palavra banal,
é a dica que resolve a encruzilhada,
que dá um ténue e insignificante sinal.
Às vezes uma palavra é demais,
mesmo que nada signifique.
recomeçam a pairar ideais,
palavra vã que em nada se dignifica.
Sim, tenho muitas palavras na cabeça,
ocupam todo o espaço livre,
palavras que não permitem que esqueça,
memórias de um passado que tive.
Estou repleta de palavras por dizer,
de palavras que muitas vezes já disse,
uso-as apenas para escrever,
escrevo-as como se o futuro previsse.
Palavras que são do passado,
que teimam em se fazer ouvir,
pareço um disco riscado,
não há mais paciência para insistir...
(Mafalda)
Acaricio a lombada,
admiro a grafia da capa,
fico com a vista toldada,
superei mais uma etapa.
Não sei o que vão pensar,
se vão gostar ou detestar,
escrevi por te amar,
amor que me fez sufocar.
Olho para as caixas cheias,
penso se não vou vacilar,
confundem-se as ideias,
mas vou ter de o apresentar.
Vou estar rodeada de amigos,
informal como eu gosto,
não há lugar a mais perigos,
não tem cabimento qualquer desgosto.
Não posso reler o que escrevi,
foi escrito numa época dura,
escrevo sempre a falar para ti,
é a emoção em toda a sua candura...
(Mafalda)
Vento que uiva por entre as portadas,
que revolta o mar em demasia,
quando penso em águas passadas,
vem sempre a sensação de estar vazia.
Há questões que nunca terão resposta,
há dúvidas que amava esclarecer,
penso nisso e fico mal disposta,
não quero pensar, mas não sei como o fazer.
Quem temos em comum diz-me que tudo está igual,
que nada mudou durante todo este tempo,
que fazes tu, afinal,
o que justifica todo esse portento.
Eu sou simples como a água,
intensa como o vento,
coexisto com a mágoa,
abafo o meu lamento...
(Mafalda)
“Sucessão de tédios: eis a vida.
Começam a aparecer corações em todo o lado,
começam as compras para quem tem um par,
um dia comprei uma prenda ao meu namorado,
igual à que ele já tinha para me dar.
Está a chegar um dia triste,
um dia que eu não queria que existisse,
tenho de pôr as minhas armas em riste,
ninguém mandou que simplesmente desistisse.
Nunca gostei desse dia,
até o passar ao seu lado,
quem sabe se com alguma companhia
consiga passar um dia menos complicado.
Vai ser um dia muito intenso,
véspera do lançamento dos "Pensamentos",
daqui até lá vou ver se não penso,
se não recordo os anos dos bons momentos...
(Mafalda)
É a voz estrondosa do mar,
furioso, desgastado,
oiço-a aqui no meu segundo andar,
grita insano, descontrolado.
Está possesso com o mundo,
devasta tudo à sua passagem,
na areia peixes moribundos,
já sem força para uma nova viagem.
Está agreste e revolto,
quer tomar conta do que não é seu,
imparável, sente-se solto,
brade aos céus tentando perceber o que aconteceu.
Não tem limites nem conhece fronteiras,
não há nada no caminho que o faça parar,
sente os paredões como coleiras,
obstáculos que só servem para o atrapalhar.
Não gosta de ser desviado,
não quer a intervenção humana,
dos poucos que o hão desafiado
nenhum sobreviveu a essa gincana.
Mar intenso e prepotente,
que não se deixa travar,
está mesmo à minha frente
mas não me atrevo a lá chegar.
Oiço o que diz com atenção,
tento perceber a sua angústia,
passei o fim de ano na sua imediação
fiz-lhe um pedido cheio de argúcia.
Mar que fala de forma ruidosa,
que está a processar o meu pedido,
da minha janela uma vista airosa,
no meu peito um coração nada desprendido...
(Mafalda)
Passo longas horas a ler poesia,
a escolher a que mais me retrata,
podem considerar uma grande heresia,
mas só os poetas entendem do que aqui se trata.
Todos falam dos seus sentimentos,
das suas dúvidas existenciais,
todos recordam os momentos
em que viveram instantes celestiais.
Não sou diferente de nenhum,
nem ninguém é diferente de mim,
o que todos temos em comum
é apenas conseguir escrever assim.
Rimar sem ter de pensar,
saírem palavras espontaneamente,
descrever emoções sem hesitar,
viver situações intensamente.
Chamem-lhe um dom,
chamem-lhe uma vocação,
mas eu só escrevo para não deixar sair o som
que se faz ouvir no meu coração.
Escuto palavras que não quero,
vejo coisas que não estão aqui,
escrevo para não entrar no desespero
de recordar momentos bons que um dia vivi.
Uso a escrita como um escape,
uma fuga de mim própria,
é um rapto sem hipótese de resgate,
pouco merecedor de alguma glória.
Leio frases muito sentidas,
oiço todos os sons que deviam estar calados,
as pessoas nunca serão esquecidas,
enquanto os seus escritos forem sendo recordados.
Escreveram com dor e ansiedade,
com amor e com muita ternura,
uns escreveram na claridade,
outros na penumbra de uma amargura.
Sentimentos sinceros que são relatados,
emoções contidas e muito sofridas,
a quem é verdadeiro sempre serão dados
os louvores da coragem de não serem vencidos.
Escrevemos apenas para libertar,
para não cansarmos ouvidos já fartos,
assim somos nós próprios em algum lugar,
usamos o papel para expressar pensamentos menos parcos.
Damos asas à ébria inspiração,
falamos sempre como se alguém nos ouvisse,
gostamos desta forma de sublimação,
acreditamos no sonho como se ele existisse.
Escrevemos muito e sem parar,
sempre com o Amor como pano de fundo,
pelo menos é assim que gosto de pensar,
amor a um homem ou amor ao mundo.
Sentimos na pele o que escrevemos,
dedicamos a algumas pessoas os nossos poemas,
esta é a melhor forma de nos rendermos
perante uma vida complexa e com muitos esquemas.
Escrever é apenas mais um,
uma maneira de falar sem emitir uma única palavra,
posso não escrever mais nenhum,
mas já não me esquivo a ficar marcada.
Basta gostarmos de um poema
para descobrirmos quem o escreveu,
se nos interessar o tema,
foi mais um poeta que não se perdeu.
Não menosprezo os outros escritores,
todos temos a nossa própria arte,
mas os poetas não são atores,
sofrem apenas muito e em toda a parte...
(Mafalda)
Já caminho de cabeça erguida,
chegou a altura de me revelar,
deixei de andar escondida,
nada tenho que justificar.
Deixo revelar a minha escrita,
assumo o que aqui relato,
nada acontecerá para que desista
de assumir esta verdade como um facto.
Sou uma pessoa simples e normal,
com virtudes e com defeitos,
vivi uma situação pouco usual,
dela tirei escassos proveitos.
Esperava mundos e fundos,
queria acreditar que correria bem,
nem com a ajuda de todos os meus defuntos
consegui vislumbrar mais além.
Assumo o amor que vivi,
nada mudaria se voltasse ao passado,
foi por ele que tudo isto escrevi,
mas é por ele que tudo está acabado.
Sou uma pessoa consciente,
que não tem medo de mudar,
sonhei muito tempo com um amor emergente
que não se chegou a concretizar.
Bati fundo, muito fundo,
fui puxada por forças amigas,
quando estava deitada num chão imundo
percebi que o mundo não estava para cantigas.
Atos são a única coisa verdadeira,
as palavras desaparecem com o vento,
aprendi muito com toda esta brincadeira,
não permitirei nunca um novo sentimento.
Se sou diferente é pela ousadia,
sofro de demasiada temeridade,
nunca fujo perante uma agonia,
nunca viro costas a uma dificuldade.
Sou diferente porque sou sincera,
não tenho medo de colocar questões,
mas quase sempre o que me espera
é ficar a falar com os meus botões.
Sou frontal e muito direta,
não dou hipótese de ser mal interpretada,
podem considerar a minha conduta abjeta,
mas assim fico sempre elucidada.
Posso ter um sim, posso ter um não,
nunca saberia se não questionasse,
posso ter alguém a quem dar a mão
ou apenas fazer com que rapidamente se afastasse.
Gosto de saber em que cama me deito,
não tenho medo de ser atrevida,
já foi tempo em que o preceito
era ditado por uma mente rendida.
Sou discreta mas marco a diferença,
não preciso de mostrar o que não sou,
há sempre alguém que nota a minha presença
ou a minha falta quando eu não estou.
Serei só eu que sou assim,
ou há demasiado medo em assumir a verdade,
pouco importa se gostam ou não de mim,
serei sempre "viciante" até à eternidade...
(Mafalda)
Não!
Não posso continuar neste tom,
tenho de abraçar este dom
para sair duma insistente confusão.
Não!
Não quero perder mais tempo,
preciso de parar com o lamento
para resolver esta situação.
Não!
Não quero sentir mais nada,
quero-me tornar uma pessoa gelada
capaz de vencer a desilusão.
Não!
Não posso continuar a escrever,
falar do mesmo amor até morrer
seria um puro ato de castração.
Não!
Não posso continuar assim,
tenho de pensar só em mim
e de não perder oportunidades em vão.
Não!
Não me virem mais as costas,
não me deixem sem respostas
não me empurrem para a solidão.
Não!
Não recusem o meu sentir,
não tenham medo do que há-de vir,
não ganham nada na privação.
Não!
Não e mais não e mais não!
Chega de emoção,
estou farta de contenção,
preciso de libertar esta tensão...
(Mafalda)
Rendo-me à ignorância,
à sensação de tudo ter perdido,
dias de muita abundância
antecedem dias sem qualquer abrigo.
Submeto-me à vossa compaixão,
já nada mais tenho a esperar,
permanece sempre a sensação
de estar a ser obrigada a hibernar.
Sensação de impotência
perante o que não depende de mim,
sensação de dormência
que nunca chega ao fim.
Mundo de sensações,
nenhuma delas a ambicionada,
preciso de fazer algumas arrumações
antes de dar o assunto por encerrado.
Sensação de esquecimento,
mesmo de quem não me costuma falhar,
talvez não seja este o momento,
talvez não me queiram procurar.
Remetida a sensações,
de impotência, de ausência,
vou escrevendo estes palavrões
para compensar uma longa abstinência.
Gosto do que até agora construí,
pena que não tenha um ombro a meu lado,
consola-me o que antes vivi,
pena que a companhia tenha acabado...
(Mafalda)
Há alturas em que quero acreditar
que só te amo para poder escrever,
que se não sofresse não conseguiria improvisar,
que mais vale amar-te do que te esquecer.
Há alturas em que gosto de acreditar
que estou livre desses sentimentos,
que de ti não tenho mais nada a esperar,
que acabaram todos os nossos bons momentos.
Há alturas em que sou obrigada a acreditar,
que o destino tem os seus próprios planos,
que não nos cruzaria num longínquo lugar,
que estarmos separados são passageiros enganos.
Há alturas em que não sei em que acreditar,
que sinto que tudo está muito baralhado,
que sei que um dia vais voltar,
que algures existe um plano bem delineado.
Há alturas em que me baralho,
que digo que amo e que já não amo,
confusão que resulta neste longo trabalho,
pouco a pouco, já quase passou um ano.
Há alturas em que gosto de sonhar
com céus estrelados e campos floridos,
há alturas em que tenho de parar,
estes sentimentos são meus inimigos...
(Mafalda)
Se não fosse Gémeos de signo,
a minha vida seria mais facilitada,
o que ontem disse e o que agora digo,
não ajudam em nada esta longa charada.
Dualidade que me atormenta,
que não me deixa pensar em paz,
o coração diz: aguenta
a cabeça diz: esquece o rapaz.
Homens há muitos por aí,
mas eu não quero mais nenhum,
o meu coração ficou preso em ti,
não faz sentido magoar mais algum.
Dualidade complicada,
que me recorda alguns prazeres,
gostava de dormir acompanhada,
mas tu tens outro tipo de afazeres.
Faz-me falta a tua presença,
o teu sorriso, o teu olhar,
depois a cabeça dita a sentença:
segue em frente sem hesitar.
Fácil, muito fácil de dizer,
vais ter de falar mais alto,
o coração recusa-se a esquecer,
está sempre em grande sobressalto.
A cabeça é uma revoltada
que ironiza com as coincidências,
o coração entende o recado
e não acredita nas aparências.
Cabeça, coração,
coração, cabeça,
que treta de situação
quando tudo se conjuga para que não te esqueça...
(Mafalda)
Os teus dedos percorrem o meu corpo,
conhecem todos os seus recantos,
o teu olhar permanece absorto,
nada vê para além dos nossos encantos.
Sinto a humidade do teu beijo,
a tua língua a beijar a minha boca,
olho em volta e nada mais vejo,
quero falar mas sinto-me rouca.
Carícias intensas que me fazem vibrar,
perco a conta às estrelas do céu,
ficas feliz por me poderes amar,
ficas extasiado quando sentes que és só meu.
Corpos que dançam em perfeita comunhão,
embalados pela música que só juntos libertam,
fazem amor com toda a paixão,
sentimentos verdadeiros que se acalentam.
Dois corpos estreitamente entrelaçados,
não damos espaço a que nada se intrometa,
mantemos a esperança enquanto abraçados,
naquele modesto hotel na baixa lisboeta.
Exaustos, cansados mas muito felizes,
não temos vontade de nos separar,
parecemos dois meros petizes,
que descobriram agora como é bom amar.
O tempo é nosso inimigo,
temos de deixar o sonho desvanecer-se,
voltamos para uma vida de perigo,
cada um por si a tentar esquecer-se.
Mas como esquecer tardes de amor,
de verdadeira paixão incontrolável,
como limpar as manchas de suor,
de um sentimento tão imensurável.
Marcas que ficam nas nossas peles,
cheiros que mantemos nos nossos sentidos,
por muito que tentemos fugir deles
acabamos sempre por ser perseguidos...
(Mafalda)
Que difícil foi chegar aqui,
conseguir arranjar um pouco de tempo,
lembrar-me de tudo o que já escrevi
e chegar à conclusão que não tenho nenhum talento.
Para escrever tenho de sofrer,
de estar numa grande depressão,
agora já não sei o que dizer
acabou-se a época do "dia não".
Corre a vida por uma estrada tranquila,
sem montanhas nem precipícios,
não carrego mais uma pesada mochila,
não estou disposta a mais sacrifícios.
Escrever assim torna-se demasiado vago,
não há emoção na ponta dos dedos,
traga comigo o peso de um passado,
mas soltei-me do emaranhado de novelos...
(Mafalda)
Existem inúmeras coisas
sobre as quais podemos escrever,
porque insistimos em temas
que nada nos podem trazer.
Falamos sobre sentimentos,
sobre angústias e desesperos,
esquecemos os bons momentos,
das tristezas fazemos exageros.
Podemos escrever sobre estrelas,
sobre pássaros, sobre a terra,
mas caímos sempre nas esparrelas
que nos levaram a uma longa guerra.
Gostamos de carpir,
de moer temas já acabados,
esquecemo-nos de sorrir
quando vemos objetivos concretizados.
Faz parte da natureza humana
gostar de pensar no que não tem solução,
viver de forma mediana,
ouvir muito o coração.
Não aproveitamos as loucuras,
não tiramos prazer de estarmos vivos,
preferimos as agruras
a estarmos divertidos.
De nada vale pensar,
de nada vale idealizar,
a vida é para se aproveitar
já que pouco tempo vamos cá ficar.
Seguir sem rumo traçado,
aproveitar as oportunidades,
é fácil ficar calado
quando se nos apresentam dificuldades.
A vida é para quem tem coragem,
para quem a sabe viver,
pouco me interessa a imagem
desde que não volte a sofrer.
Lutar pelos sonhos,
é pura perda de tempo,
ficamos com olhos tristonhos
e a vida passa a ser um lamento.
Sem pensar,
sem projetar,
sem nada esperar,
só assim se consegue avançar...
(Mafalda)
Hoje há demasiado ruído
que não me deixa concentrar,
estou dorida neste abrigo
onde sou obrigada a descansar.
Hoje há demasiado incómodo,
que me inibe a movimentação,
escondo-me num lugar cómodo
e espero que passe a confusão.
Hoje há sons que se repetem,
de forma intensa e desesperante,
ruídos que me enlouquecem,
parece que estou submersa num altifalante.
Hoje a parte física em nada ajuda,
estou com uma telha brutal,
será que não há quem me acuda,
que me ponha a dormir até ao final...
(Mafalda)
"Dias de chocolate e sexo.
Passam nuvens apressadas
que toldam a nossa visão,
neblinas muito agitadas
que nos devolvem à escuridão.
Refletem-se no nosso olhar
mas só para quem está atento,
neblinas que vieram para ficar,
porque precisam de alimento.
Nuvens densas e carregadas,
atravessam-se à nossa frente,
neblinas intensas e cerradas
afastam-nos de toda a gente.
Neblinas de solidão,
de ausência de cumplicidade,
nevoeiros de exaustão,
afastam todos os raios de claridade.
Nuvens que teimam em se mostrar,
que não desistem dos seus intentos,
com quem poderemos comemorar,
como acreditaremos em novos argumentos.
Envoltos num turbilhão
de nuvens, neblinas e nevoeiro,
tapo os meus olhos com a mão,
não quero entrar de novo nesse atoleiro...
(Mafalda)
Pequenas coisas do dia comum
fazem o pensamento andar para trás no tempo,
dou por mim a pensar neste intenso jejum,
desperdícios anormais que eu muito lamento.
Como tudo poderia ter sido diferente,
se tivesse havido mais coragem,
sentimentos que voaram lentamente
como se tivessem sido varridos por uma aragem.
Foi um verdadeiro ar que lhes deu,
uma brisa que os empurrou para longe de mim,
só me entende quem um dia já sofreu,
a perda de um amor assim.
Duas décadas de devoção,
de recordação de momentos sentidos,
duas décadas de solidão
para as duas pessoas envolvidas.
Quanto mais nos restará
para o fim das nossas vidas,
é uma pergunta à qual só o tempo dirá,
se valeu a pena termos desistido.
Daqui a muitos anos,
talvez pense que aconteceu o que é certo,
quando não viver em enganos,
quando entender que os sentimentos são incertos.
Hoje penso que tudo está errado,
que nada devia ser assim,
erro meu que nada devia ter esperado,
ingenuidade a minha que não percebi que tudo tem um fim.
Hoje estou cansada,
de "Primaveras" e "Aviões"
não estou angustiada,
mas estou farta de solidões...
(Mafalda)
Sim. Podia ter virado a cara
e ter olhado para onde queria.
Sim. Podia ter estacionado o carro
e ter ido ver se tu sorrias.
Mas obriguei-me a não olhar,
fui contra toda a minha vontade,
limitei-me a passar
fora do limite da velocidade.
Não posso, não devo, não quero,
de nada valia ver a tua cara,
entraria num longo desespero
o bom trabalho já feito logo acabava.
Obrigo-me a preferir assim,
longe da vista, longe do coração,
há quem me diga que eu insista
mas não vou ceder a essa tentação.
Passarei sempre que for necessário,
mas nada mais farei do que seguir em frente,
não espreito, não estaciono,
não quero voltar a sentir-me demente.
Tudo o que reconstruí até agora,
devolveu-me o gosto pela vida,
não vou deitar tudo fora
e voltar a sentir-me tão perdida.
Sim. Incomoda-me não me sentir indiferente,
angustia-me saber-te ausente,
mas preciso de ter uma vida consistente
sem a tua presença continuamente.
Sim. Gostava que tudo isto fosse um engano,
um erro que pudesse ser retificado,
mas tudo isto não passa de um desengano,
olho em frente e vejo que está acabado.
Sim. Nada disto foi o meu sonho,
nunca previ tal desfecho,
mas depois de um ano medonho
ter uma recaída... eu não deixo!
(Mafalda)
Ter de passar à tua porta,
pelas ruas que tantas vezes atravessamos,
hoje acordei com uma disposição meio torta
já sei que vai ser uma tarde com muitos danos.
Porque me incomoda isso tanto,
porque não passo sem pensar,
não vou entrar em novo pranto
mas custa tanto seguir e não parar.
Ser obrigada a fazer o caminho que fazia,
todos os dias, dias sem conta,
arrasta-se o coração para nova razia,
baralham-se as ideias, pareço tonta.
Porque me incomoda isso tanto,
passar ao teu lado sem te ter,
ainda presa ao teu encanto...
é a única explicação que pode haver.
Entrar no carro e ligar a ignição,
Primavera a tocar alto e bom som,
volta o tempo à recordação
de momentos únicos e muito bons.
Porque me incomoda isso tanto,
um dia vou ter de me libertar,
mas o que fazer entretanto
com os sentimentos que estão a hibernar.
Ando fugida da poesia,
e até mesmo de toda a prosa,
hoje sei bem o que faria,
mas vou ter de fazer vista grossa.
Porque me incomoda isso tanto,
porque não tenho direito a te amar,
vou tapar os meus olhos com um manto,
vou passar por ti sem sequer olhar...
(Mafalda)
Podia ter escrito imensas coisas,
expressado os meus pensamentos,
mas às vezes só preciso que oiçam
músicas cheias de sentimentos.
Elas falam por mim,
dizem tudo o que me vai na alma,
vou desistir, enfim,
vou tentar recuperar a calma...
(Mafalda)
Há dias em que me quero enganar,
que preciso acreditar na frieza das emoções,
nunca mais vou querer amar,
só para não sofrer novas desilusões.
Há dias em que me recuso a pensar,
em que não dou hipótese às recordações,
mas quando chega a hora de deitar
sinto na pele todas as solidões.
Há dias em que não te quero amar,
que desejo que nunca mais apareças,
mas não sei o que farei se contigo me cruzar,
é enorme o medo que de mim te esqueças.
Há dias em que não sei lidar comigo,
em que nem sequer me apetece mexer,
quando penso estar longe do perigo,
pequenas coisas não me deixam esquecer.
Há dias que deviam acabar depressa,
e serem seguidos de noites infindáveis,
tanta jura, tanta promessa,
tanta plantação em terrenos tão pouco aráveis...
(Mafalda)
“Só um tolo ama acima de tudo.
"Precisamos aproveitar quando a sorte está do nosso lado,
e fazer tudo para ajudá-la da mesma maneira que ela está nos ajudando."
(Paulo Coelho)
Cinco metas estabelecidas,
devia ter estipulado seis,
perante mentes estarrecidas,
quatro delas já ultrapassei.
Mesmo no que não depende da nossa vontade,
temos mais uma prova superada,
a não ser que haja uma grande calamidade,
este ano vou ser uma pessoa muito realizada.
A quinta está para muito próximo,
a que não existia já foi ultrapassada,
uma meta apenas para atingir o máximo,
para chegar ao fim e não estar mais cansada.
Depois de tudo se concretizar,
posso partir em paz,
um dia tudo vai acabar,
veremos se eu vou ser capaz.
Nada farei para que tal aconteça,
se estiver escrito assim sucederá,
mas antes que a minha vida desapareça
vou torcer para ver se acontecerá.
A força da mente é tramada,
as dificuldades transformam-se em pequenos grãos,
andar feliz e animada,
será tudo o que de mim esperarão...
(Mafalda)
Há marcas que duram uma vida,
há recordações que não se deixam esbater,
comecei por me sentir totalmente perdida,
custo-me imenso estar lá sem te ter.
Valeram-me as companhias
que não me deixaram esmorecer,
valeram-me as correrias
que não me deixaram tempo para sofrer.
Acabei por superar
os incómodos do meu coração,
nunca mais lá vou entrar,
e essa é a maior satisfação.
Perdoem os meus leitores,
mas estou exausta até mais não,
apenas vim aqui para não causar dissabores
a quem estes dias deixei na solidão.
Amanhã será um novo dia,
normal como todos os outros,
depois deste fim de semana de razia,
sinto que vou obtendo alguns louros...
(Mafalda)
Daqui a pouco estou a caminho
de um local onde não queria ir,
mandem-me todo o vosso carinho
para que eu lá consiga sorrir.
Esta noite já foi má,
só de pensar nas próximas duas,
não percebo porque há quem vá
ao encontro de memórias nuas.
Obrigação a quem não me furto,
mas aperta-se-me o coração,
lá o amor atingiu um surto
muito próximo da ilusão.
Vou precisar de desabafar,
de vir aqui libertar as emoções,
espero que a net vá trabalhar
senão fico imersa em recordações.
Não vou ter muito tempo,
vai ser um fim de semana agitado,
bolas... como eu lamento
sentir este coração dilacerado...
(Mafalda)
Há uma pergunta no ar,
que me acompanha há muito tempo,
como conseguiu ele superar
sem pronunciar um único lamento.
Como conseguiu compensar
a falta da minha presença,
como conseguiu aguentar
com tamanha indiferença.
Há uma pergunta no ar,
que faço vezes sem conta,
como conseguir não se lembrar
do que sentia por esta tonta.
Pergunto-me vezes infinitas
se alguma vez sentiu saudades,
se todas as palavras ditas
não passaram de meras casualidades.
Há uma pergunta no ar,
à qual não sei responder,
se tanto me dizia amar...
como foi tão fácil me esquecer?...
(Mafalda)
Algures neste vasto mundo,
bem escondido da vista humana,
existe apenas um único segundo
em que novamente se reacende a chama.
Algures neste amplo universo,
bem entranhado nas profundezas,
existe uma pessoa que escreve em verso
somente para superar as suas tristezas.
Algures neste céu enevoado,
bem longe, no horizonte do mar,
existe um amor que está calado,
mas que tem vontade de voltar.
Algures nesta terra molhada,
bem distante de suposições,
existe uma afeição ignorada,
um calcificar de emoções...
(Mafalda)
Escrevo sem um motivo,
apenas pela vontade de escrever,
fazê-lo nunca será um castigo,
é uma das coisas que mais me dá prazer.
Chegar aqui e deixar sair,
mesmo sem nexo ou sentido,
sempre escrevi para desinibir,
para soltar o que estava escondido.
Não há um tema em concreto,
não há nada de novo a acontecer,
continuo confortável debaixo deste teto
onde sinto que tudo posso vir a ser.
Acato todos os desafios
que a vida me tem apresentado,
só os sentimentos se tornaram esguios,
para não entrarem em mais desacatos.
Em tudo o resto vou andando,
calma e serenamente,
dia a dia concretizando
o que me vai passando pela mente...
(Mafalda)
(Pablo Neruda)
Eu sei que tenho andado fugida,
a tratar dos meus projetos,
mas não sou mal agradecida,
apenas estou com ritmos irrequietos.
Não paro de tratar de vários assuntos,
estou a caminho das concretizações,
às vezes dava-me jeito um adjunto
que me libertasse de algumas situações.
Parte das metas que estabeleci,
estão prestes a tornar-se verdade,
depois de tudo o que já sofri,
também eu mereço um pouco de serenidade.
Acredito piamente
que desta vez nada vai falhar,
no que não depende da gente,
já nada há para esperar.
Talvez as duas que não dependem de mim
sejam mesmo as mais importantes,
mas nada posso fazer, enfim,
apenas esperar por desfechos inebriantes.
Pouco a pouco tudo acontece,
apenas temos de acreditar,
finalmente estão a ouvir a minha prece,
tenho mesmo de aproveitar...
(Mafalda)
A vontade de reler o passado
tem-me flagelado todo o dia,
até agora tenho aguentado
apenas porque sei que sofreria.
É forte a tentação,
mas mais forte tenho de ser eu,
de que adianta a recordação
de um amor que se viveu.
Palavras trocadas em todos os momentos,
milhares delas que eu guardei,
foram ditas com os melhores sentimentos,
se as reler sei que chorarei.
De nada vale passar por tudo isso,
já nada há a fazer,
no sono ter muito rebuliço
deita toda a minha paz a perder...
(Mafalda)
Comer uma simples tangerina
e ser obrigada a recordar,
comias sempre de forma repentina
para teres tempo para vir namorar.
Entravas no meu carro com cheiro a laranja,
apressado para fugirmos dali,
bolas... hoje é o que se arranja,
não consigo deixar de pensar em ti!
(Mafalda)
Algo se passou no mundo do meu sono
que me deixou muito angustiada,
questiono se tudo não passou de um sonho
ou se realmente ainda sou amada.
Hoje sonhei com o teu sangue,
longa conversa nós tivemos,
fiquei triste por te saber estanque
num mundo que nós não fizemos.
Dizia-me que tu não estavas bem,
que a tristeza te corrói,
que te dizia para ires mais além,
que o teu amor é uma ferida que dói.
Eu perguntava porque não o fazias,
porque continuavas sem reação,
ele só dizia que tu muito sofrias
e que tinhas medo de não te dar o meu perdão.
Disse que pioraste depois do fim de ano,
que já não sabe o que te há-de fazer,
que os teus sentimentos te causam muito dano,
que tu tens uma enorme vontade de me ter.
Acordei com uma imensa dor,
sem saber se foi sonho ou realidade,
hoje apetecia-me um pouco de calor,
espreitar por onde houvesse alguma claridade.
Vou ficar aqui quietinha,
tentando abstrair-me desse sonho,
novamente a tempestade se avizinha,
hoje fiquei com um semblante tristonho...
(Mafalda)
Olhar para um céu enevoado
e tentar vislumbrar uma estrela,
é um trabalho ousado,
estrela... nem vê-la.
Mas se nos concentrarmos,
conseguimos descobrir uma,
e quanto mais observarmos,
vemos uma, e outra e mais uma.
Assim é a estrada da vida,
por vezes muito sinuosa,
mas olhando com atenção
percebemos que é maravilhosa.
Concentrando-nos em ser felizes,
em aproveitar as pequenas coisas,
transformamo-nos em meros petizes
que escrevem nas suas lousas.
Estudamos a lição,
aprendemos todos os dias,
a capacidade de observação
evita muitas agonias.
Consegui ver várias estrelas,
num céu totalmente enevoado,
há quem olhe sem vê-las,
tal é o estado de embriagado.
A lucidez é essencial,
a clareza e a abertura,
a vida é especial
e tem de ser vivida com brandura...
(Mafalda)
Porque lêem o que eu escrevo,
porque vêm aqui com tanta frequência,
imaginar motivos, nem me atrevo,
apenas quero sentir a vossa complacência.
Partilham o meu pensar,
o sentir que outrora vivi,
ajudaram-me a superar,
e isso eu jamais esqueci.
Venho aqui todos os dias,
deixar umas palavras soltas,
palavras que outros escreviam
ou as minhas palavras tontas.
Como é importante a "palavra",
como sentimos tanto a falta dela,
se alguém tudo nos dava,
só resta sonhar que está à nossa janela.
Mas a palavra não sai,
é inaudível para o ser humano,
"quem quer vai",
não se limita a fazer um plano.
Palavras e mais palavras,
um mar imenso cheio de dizeres,
mas se depois tudo acabas,
não fez sentido tanto tempo perderes...
(Mafalda)
Menos de dez minutos
para construir um poema,
com dez dedos astutos
não percebo qual podia ser o problema.
Escrevo depressa, eu sei,
mas ainda mais depressa penso,
durante a vida pouco hesitei,
sempre enfrentei o nevoeiro denso.
Peguei o boi pelos cornos
sempre que foi necessário,
não sou pessoa de muitos adornos,
não preciso de nada extraordinário.
Sou frontal e às vezes dura,
mas durmo sem pontas soltas,
os amigos ainda perduram,
ainda resistem às minhas palavras tontas.
Sou amiga de quem me merece,
já não permito mais falsidades,
o passado sempre se esquece
apesar de todas as adversidades.
Restam ténues lembranças
dos momentos mais sofridos,
benditas são as esperanças
que nos protegem de todos os perigos...
(Mafalda)
Ao olhar para um fundo branco
e enchê-lo de palavras soltas,
imagino-me sentada num banco
rodeada de folhas revoltas.
Cai uma folha aqui,
cai outra mais além,
se não fui eu que escrevi
também não foi mais ninguém.
Deixo o pensamento voar,
envolver-se no turbilhão,
o vento há-de passar,
as folhas hão-de ficar no chão.
Vão cobrir o nosso caminho,
amortecer as nossas pisadas,
temos de andar devagarinho
para não as deixarmos muito amassadas.
De folhas caídas é feita a nossa vida,
caem e nada podemos fazer,
eram bonitas antes de desprendidas,
agora esperam por quem as vá varrer.
Estiveram suspensas durante uns tempos,
caíram e cobrem o chão,
aguardam por dias de menos ventos,
idealizam uma reutilização.
Podem ser deitadas fora
ou ser guardadas e admiradas,
nada há a fazer agora,
estão velhas e amachucadas...
(Mafalda)
Ontem dizia a uma amiga,
que não sei rimar sem sofrer,
mas o que vai ficar da minha vida
é somente aquilo que eu escrever.
Há muitos temas no planeta,
sobre os quais posso versejar,
antes que seja atingida por um cometa
e deixe de respirar.
Ontem disse que não já não sofria,
é uma verdade absoluta,
gelei, que era o que eu temia,
mas desta vez foi de forma resoluta.
Assim protejo-me de nossos dissabores,
de novas paixões sem sentido,
não vou mais sofrer os horrores
de sentir o meu coração partido.
Hoje escrevo sem sofrer,
sem chorar, sem desesperar,
finalmente aprendi a viver,
confesso que já estava a tardar...
(Mafalda)
Ser uma pessoa doce,
crédula e disponível,
receber um instante agridoce
como prenda de despedida.
Ser uma pessoa meiga,
incansável e sincera,
ser tratada como uma leiga
nesta vida que é severa.
Ser uma pessoa genuína,
bem disposta e divertida,
enfrentar uma situação cretina
que culminou numa despedida.
Ser uma pessoa delicada,
exigente e afetiva,
levar uma grande palmada
que a deixou destruída.
Ser uma pessoa honesta,
simples e discreta,
é só isso que resta,
só isso importa nesta vida...
(Mafalda)
Cada dia que passa
é menos uma oportunidade que temos,
vem um pássaro com a sua longa asa
e, de repente, tudo perdemos.
Cada dia que desperdiçamos,
a fazer seja o que for,
é mais um dia em que desesperamos
à espera de um pouco de cor.
Deixamos passar o tempo,
sem pensarmos que ele tem fim,
de vez em quando vem um lamento
e continuamos a viver assim.
Temos de relativizar os problemas,
dar importância ao que é importante,
deixar de viver em dilemas,
parar de avançar de forma hesitante.
Cada dia que termina,
deixa o nosso fim mais perto,
descobrir o que nos anima
e tudo o que nos dá alento.
Cada dia que passa por nós,
deixa o seu rasto gravado em sulcos profundos,
queremos poupar a nossa voz,
pensamos poder usá-la em outros mundos.
Mas a vida é o aqui e o agora,
o ontem e o amanhã,
nada aproveita quem chora,
quem vive uma vida vã.
Cada dia que passa,
é o aproximar de uma meta,
faça tudo ou nada faça,
todos acabamos numa carreta...
(Mafalda)
O drama é a chegada à cama,
quando fecho os olhos para tentar dormir,
oiço sempre uma voz que me chama,
um leve sussurrar que não me deixa partir.
Peço ajuda durante o sono,
que me iluminem o caminho,
nunca me lembro de nenhum sonho,
nunca sei se sou ouvida.
Posso passar um dia todo
com mil ocupações para me distrair,
mas a noite traz sempre um toldo
que só serve para me cobrir.
Fico envolta na recordação,
na vontade de saber,
dormir é uma ralação,
só aí não sei o que é te perder...
(Mafalda)
Boa noite, Amigos leitores.
Como já aqui disse, dia 15 de Fevereiro lanço o meu primeiro livro de poesia, intitulado "Pensamentos".
Hoje ofereço-vos a parte dos "Agradecimentos"...
Espero-vos no lançamento!
Obrigada...
........
"Até quando esperas por mim",
é uma interpretação sonhadora,
já não entendo a vida assim
habituei-me a ser mais observadora.
Falo de uma explicação dada
por uma pessoa que te conhece,
diz-me que o teu ponto de interrogação
é apenas a tua simples prece.
Que queres que eu espere,
mas que ainda não queres vir,
que dê a vida por onde der
vais acabar por conseguir partir.
E eu teria de ficar quieta,
estática à espera do nada,
mais valia fugir para outro planeta
onde me sentisse menos enganada...
(Mafalda)
"A coisa mais importante que os pais podem ensinar aos seus filhos, é como sobreviverem sem eles."
(Frank Clark)
Preciso de ser egoísta
de pensar apenas no meu bem estar,
acordar e ser realista,
e deixar de hesitar.
Preciso de pensar em quem pensa em mim,
em quem está sempre ao meu lado,
não me vou tornar uma pessoa ruim,
apenas vou dar como findo o passado.
Passado é passado,
de nada nos adianta esperar que volte,
o tempo foi esgotado,
acabou a época da má sorte.
Vou seguir o meu caminho,
sem hesitações e com convicção,
acompanhada ou sozinha
de ser feliz não abro mão...
(Mafalda)
Tenho a lua à minha frente,
mas aparenta estar a dormir,
parece que está contente
mas não sei se não estará a fingir.
Ilumina quem a observa,
sem perder a sua clareza,
só ela sabe o que nos reserva
este futuro de incerteza.
Está suspensa num céu escuro,
rodeada das minhas proteções,
fala-me num passado obscuro,
mas daqui para a frente só haverá concretizações.
Acredito no que ela me diz,
silenciosa e calmamente,
avisa-me que vou ser feliz,
talvez mesmo muito brevemente.
Que este ano vai ser de oiro
comparado com os anteriores,
não vai ter nenhum mau agoiro
que me traga novos dissabores.
Finalmente chegará a verdadeira liberdade,
a independência tanto ambicionada,
será bom viver uma vida de verdade
ao fim de anos de existência escamoteada.
Hoje a lua fala comigo,
diz-me que tudo se vai realizar,
que vou deixar de viver no perigo
de poder ver tudo desabar.
Escuto com atenção,
essas palavras de sabedoria,
não as oiço com a audição,
oiço-as apenas por telepatia.
Afinal não está a dormir,
está atenta ao que se passa aqui,
agora sou eu a sorrir
ao recordar tudo o que já vivi...
(Mafalda)
Definem-se metas a atingir
e espera-se pelo momento certo,
de nada adianta desistir,
de nada vale temer o incerto.
Metas realistas, mas ambiciosas,
que delineei para este ano,
nada de perder oportunidades preciosas,
nem deixar o que já foi feito ir pelo cano.
Avançar com passo firme,
rumo ao que me faz feliz,
poderá haver quem afirme
que eu nasci virada para a luz.
Por vezes penso que não dá,
que não vou ter força para conseguir,
depois fico ao Deus dará
e sem saber o que fazer a seguir.
Mas as minhas estrelinhas da sorte
entraram este ano a meu lado,
vieram com os ventos do Norte
apenas para me concederem o mais desejado.
Cinco metas traçadas,
três no caminho da realização,
nas duas mais ambicionadas
não me é permitido pôr a mão...
(Mafalda)
Hoje é um daqueles dias
em que as imagens aparecem à minha frente,
recordo os minutos em que sorrias,
as horas em que nos amávamos num quarto quente.
Hoje tudo anda a pairar,
sem qualquer motivo aparente,
parece que sou obrigada a recordar
motivada por algo muito insistente.
Não sei se são os astros a conjugarem-se
ou se serão as minhas estrelas distantes,
sinto os momentos a intensificarem-se
em cada sopro de ventos fustigantes.
Hoje é um dia sem sentido,
desde o acordar até ao adormecer,
pensar que estava quase esquecido
afinal não passou de uma forma de entreter...
(Mafalda)
Por mais que tente definir o que sinto,
não encontro a palavra adequada para o exprimir,
"nostalgia" é o termo mais sucinto,
mas pensar que é isso, só pode dar vontade de rir.
Nostalgia pelo tempo passado?
Ou pelo tempo que não chegou a passar?
Nostalgia por estar tudo acabado?
Ou porque essa verdade custa a aceitar?
Como tudo muda num dia,
como se volta a pensar e a sentir,
se eu soubesse que isso aconteceria,
nada faria para o permitir.
Não estou angustiada,
nem tenho razões de queixa,
apenas sinto que a minha estrada
em muitos lugares se cruza com a de uma gueixa.
A liberdade é nostálgica,
quando não nos sentimos livres,
preciso de arranjar uma forma trágica
para sufocar sentimentos sublimes...
(Mafalda)
O que começou por um desabafo
teve 12.516 leitores no ano passado,
hoje, novamente, não sei o que faço,
se tudo continua ou se está acabado.
Os sonhadores dizem que foi um bom sinal,
eu acho um perfeito absurdo,
para eu "ver" teria de haver um final,
era necessário ele deixar de ser surdo.
Não sei mais o que pensar,
como lidar com aquela resposta,
alguém me ajude a tudo equacionar,
uma só pessoa me ajude a deixar de estar mal disposta.
O que mais me incomoda,
é que pensei estar no bom caminho,
afinal este coração idiota só se acomoda
à mínima coisa percebo que ainda está pelo beicinho.
Pensei já estar imune,
que os sentimentos estavam esquecidos,
afinal ele saiu impune
para este coração, outrora adormecido...
(Mafalda)
A todos muito boas entradas,
que 2014 vos traga muita felicidade,
eu vou-me fazer à estrada
em busca de uma nova oportunidade.
Desejo-vos muita saúde,
muita paz e muito amor,
hoje e sempre de forma amiúde,
vivam a vida em todo o seu esplendor...
(Mafalda)
Espumante, muito eu bebia,
sempre que estávamos a sós,
hoje decidi fazer sangria
só para ajudar a desatar os nós.
Baralhaste a minha cabeça,
acordaste o meu coração,
não arranjo forma para que esqueça
que tudo não passou de uma ilusão.
Malvado ponto de interrogação
que está a causar tanto transtorno,
em bebida vou afogar a minha emoção
pois a nossa história não tem retorno.
Querias dizer alguma coisa?
O que querias que eu depreendesse?
Não vou mais partir a loiça,
tudo fiz para que te esquecesse.
Fazes anos, culpa minha,
que te desejei longos anos de vida,
devias-me ter deixado na sina
à qual há nove meses fui remetida.
Não respondias,
não dizias nada,
eu sorria
e continuava na minha estrada.
Agora tenho bifurcações,
derivações e entroncamentos,
malvadas são as emoções
que nos causam tantos tormentos.
Não vou entrar no novo ano
a queixar-me de desencontros,
o mar vai afugentar o meu engano
vai-me ajudar a reatar os pontos.
Vou fazer o que quero,
sair daqui e ver o fogo,
o coração não o levo,
não me permito a esse desafogo.
Está frio e humidade,
mas vou na mesma para a praia,
pode ser que vislumbre a claridade,
pode ser que o amor por fim, saia...
(Mafalda)
Quero lá saber do fim do ano,
se está frio ou se está a chover,
causa-me muito mais dano
passar o teu dia de anos sem te ter.
Dizem-me que não me esqueceste,
que ainda me amas,
tudo porque respondeste
a uma das tuas damas.
Que vida tão idiota,
que sentimento tão ridículo,
queria tanto dar a volta,
queria de mais mudar de fascículo...
(Mafalda)
Porquê tanto empolgamento
com um simples passar de ano?
Motivos para contentamento?
Não, e não há qualquer engano.
Porque tem de ser diferente
de todas as passagens de dia,
porque tem de haver gente
que faz disto uma alegria?
É um dia banal
como todos os outros são,
é esta a vida real,
aqui estou eu com o meu cão...
(Mafalda)
Lá recomecei eu a processar,
a tentar ler nas entrelinhas,
aqui sozinha vou continuar a estar
apenas acompanhada com as minhas estrelinhas.
Porque me respondeu ele aquilo,
o que será que quis dizer,
fará parte do jogo antigo,
ou não sabia mais o que escrever.
Porque não se remeteu ao silêncio,
porque teve de me lançar um isco,
mas é nula a minha apetência
para correr um novo risco.
Mas tirou-me a serenidade,
deixou-me a pensar no que não queria,
vai-te embora insanidade,
tudo isto não passa de uma nova alegoria...
(Mafalda)
Às vezes arrependo-me do que faço,
mas nada posso fazer contra mim,
mandei-te os parabéns sem um abraço
e tu decidiste responder, enfim.
Mas parece que estás a brincar comigo,
outra explicação não posso arranjar,
dizeres-me que "eu veja",
só pode ser mesmo por estares a gozar.
Preferia que nada tivesses dito,
como fizeste em tantos outros dias,
bolas, não te devia ter escrito,
devias ter feito como ultimamente fazias...
(Mafalda)
No ano passado comemorei três vezes,
em Samoa, México e Lisboa,
ficará por conta das vezes
em que passarei sem a minha pessoa...
(Mafalda)
Algures no planeta
alguém já espera para festejar
e antes que eu adormeça
aqui vai o que faz o céu brilhar...
(Mafalda)
Mais um ano prestes a chegar ao fim,
mais um horror de horas que por nós passou,
aos leitores que não se esquecem de mim,
só posso desejar que concretizem tudo o que cada um sonhou.
Provavelmente amanhã não virão aqui,
devem entrar bem acompanhados no novo ano,
agradeço o apoio que sempre senti,
foi fundamental para reparar o vasto dano.
Eu ficarei por cá,
provavelmente escreverei todo o dia,
por muito que queiram que eu vá,
sempre disse que daqui não sairia.
Quero passar este fim de ano,
em comunhão total com o que me faz feliz,
a praia, o meu cão, a casa que eu amo
e afastar para bem longe o que me fez infeliz.
Quero esquecer a angústia que vivi,
a dor que tanto me dilacerou,
quero começar o novo ano aqui,
e deixar para trás tudo o que já passou...
(Mafalda)
"Não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens.
Não chores pelo que está morto, luta por aquilo que nasceu em ti.
Bom dia, Querido (?),
Amanhã é o teu dia e nada farei para o ofuscar.
Não esperes ver o meu email mal chegues ao trabalho. Até o podia mandar já, tal é a vontade de o fazer. Mas não. Não o farei. Vais receber os parabéns mais para o final do dia, mas a tempo de veres antes de ires comemorar o teu aniversário e a passagem de ano.
Adorei esse dia no ano passado, mas só até às 17.30. Depois disso não gostei mesmo nada. Parecia um prenúncio do que estava para vir uns meses depois.
Muita coisa aconteceu desde que saí da tua vida. Sempre te disse que desapareceria, que nunca mais me cruzaria contigo. O destino, o acaso, ou a minha preocupação em que isso não aconteça, fazem com que as minhas palavras tenham sido lei, pelo menos até agora.
Gostava de te ver, gostava de te dar os parabéns como tos dei no ano passado, gostava de te dar um simples beijo. Mas tudo isso vai ficar aqui, neste sítio onde tu não me encontras.
Aqui permito-me dizer o quanto gosto de ti, apesar de tudo o que se passou, apesar de mais uma vez, tudo ter corrido ao contrário do que era expectável.
Mas quero-te bem, quero que sejas Feliz, que tenhas um dia feliz. O ideal mesmo seria teres um dia em que não te lembrasses dos últimos aniversários, nem por um segundo que fosse. Aí sim, estarias feliz e ter-me-ias esquecido definitivamente.
O meu coração, apesar de encarcerado, ainda acredita que um dia... tudo possa acontecer. A minha cabeça diz que não e obriga o coração a estar calado. Concordo com ela, só assim recupero a minha sanidade mental, que tanta falta me tem feito para lidar com todas as outras situações que tu desconheces.
Mas tu és parte integrante de mim. Sempre foste, sempre o serás. Se um dia voltarmos a falar, perceberás que tudo continuará exatamente no ponto em que foi interrompido, tal como já nos aconteceu uma vez. Mas isso tem pouca probabilidade de acontecer. Vou fazer com que não aconteça mesmo. No que depender de mim, mantenho a forma rígida que adotei para não me cruzar contigo nunca mais na minha vida.
Espero que o meu email não te vá transtornar. Mas sempre te dei os parabéns, mesmo enquanto estivemos separados durante tantos anos. Não será agora que vou deixar de o fazer... Tu nunca mos deste a mim, eu sempre tos dei a ti...
Já não te sei escrever. Perdi a prática. Agora escrevo para quem não me conhece mas se interessa pela minha escrita. Devido a ti, tenho muitas pessoas que me seguem e em breve, muitas mais terei.
Agradeço-te teres feito com que eu crescesse como pessoa, como escritora, como empresária. Sem ti, isso nunca teria sido possível. Afastares-me de ti deu-me muita força, embora tenha sido motivada pela necessidade de me ocupar, mas tudo isso foi um facto positivo no meio de um desgosto tão grande.
Obrigada!
Mas também os Amigos foram essenciais para me reerguer. Mas tens o benefício de ser o motivo... eles foram a solução.
Continua a ser a pessoa que eu conheci, nua de segredos. Sempre. Nunca te deixes mudar nem te mostres como não és. Não vale a pena. A vida é demasiado curta para ser desperdiçada com teatros onde não há espectadores.
Um beijo.
Mafalda
..........
(Mafalda)
Começo a viver no dilema
de não conseguir rimar sem sentir,
arranjei agora mais este problema
mas não tenho outra forma de agir.
Dois dias para o fim de ano,
pouco tempo para cumprir promessas,
esperar o que não vem já não faz dano,
mas as palavras começam a ser escassas.
Tenho de amar para escrever,
tenho de deixar fluir os sentimentos,
ao fim deste tempo todo comecei a aprender
que de nada vale viver de lamentos.
Fechei o meu coração,
consegui aniquilá-lo por completo,
não tenho mais espaço para a emoção
mesmo em relação ao meu amor predileto.
Tornei-me novamente fria,
desprovida de sensações,
com o passar do tempo, quem diria,
acabaram finalmente as confusões.
Mas com tudo isso perco este dom,
que só existe em mim quando amo,
não sei se é mau ou bom,
apenas sei que está a chegar o fim de ano.
Vou passá-lo sozinha,
tal como aconteceu no ano passado,
mais uma data que se avizinha
mais um sonho não concretizado...
(Mafalda)
Quando eu era pequenina
havia um ritual domingueiro,
dar sempre a mesma voltinha
quando o dia era soalheiro.
Agora sou bem crescida,
mas há muitos que o continuam a fazer,
sair ao domingo e andar em fila,
não percebo a felicidade que isso possa trazer.
Da minha varanda a vista é privilegiada,
consigo observar as longas filas de carros,
tarde prazenteira mas pouco sossegada,
não deixo de pensar que são momentos muito bizarros.
Sair de casa para onde todos vão,
quer seja na marginal ou em centros comerciais,
nunca pode ser uma diversão,
nunca podem conseguir momentos especiais.
Porquê ir para as confusões,
andar por locais onde todos andam,
assim os domingos tornam-se prisões
a semana recomeça sem qualquer descanso.
Como prezo a minha vista,
a paz que consegui para mim,
como haverá quem resista
a não querer viver assim...
(Mafalda)
Dias de inverno solarengos
em que pareço um verdadeiro caracol,
no dia a seguir fico doente
e não posso apanhar mais sol.
Constipação que me atrapalha
em tudo o que preciso de fazer,
já não há quem me valha
pois ela chegou sem a prever.
Agora sou obrigada a ficar em casa,
escondida da luz do dia,
tenho de inventar um trapaça
para abreviar a melhoria.
Nada me apetece fazer,
dor de cabeça até mais não,
logo volto a escrever
que agora é hora de reflexão...
(Mafalda)
Há dias que passam depressa,
hoje foi um daqueles muito divertido,
aqui fica a minha promessa
que amanhã regresso ao meu porto de abrigo...
(Mafalda)
Adormecer agora
e acordar quando a vida me sorrir,
estar a chover lá fora
e não saber se devo ou não devo ir.
Adormecer agora
e deixar o tempo passar,
não querer ir embora
mas também não querer ficar.
Adormecer agora
porque o cansaço é muito,
fechar-se a Pandora
de um modo muito fortuito.
Adormecer agora
e não querer mais despertar,
deixar passar cada hora
aprendendo a nada esperar.
Adormecer agora
para não ter de me esconder,
deixar ir o outrora
porque nada mais há a fazer...
(Mafalda)
Estou ausente de mim própria,
não sei mais para onde me virar,
continuo a escrever a minha história
mas meia volta sinto-me a hesitar.
Paro e equaciono tudo,
depois avanço e tomo decisões,
como eu gostava de conhecer um sortudo
a quem tivesse saído o euromilhões...
Não precisava de muito,
apenas o necessário,
a sorte é um dado fortuito,
não será por aí que atinjo o meu imaginário.
Preciso de estar em mim,
de pensar com serenidade,
isto de ser assim
às vezes traz alguma ansiedade.
Impulsiva mas não irresponsável,
tudo tem de ser feito por paixão,
avançar para um negócio viável
mas sempre acompanhar-me de muita razão.
Tal como a vida sentimental,
tudo deve ser feito ponderadamente,
nunca liguei ao plano material
mas era bom ter um suporte mais abrangente.
Posso sempre criar uma conta bancária,
exclusiva para donativos,
seria uma forma muito temerária
de conseguir atingir os meus objetivos.
Se cada leitor que eu tenho,
contribuísse com uns modestos cinco euritos,
conseguiria com o todo esse empenho
transformar os problemas em problemazitos.
Estou a ironizar, como só faria sentido,
embora às vezes pense nisso a sério,
pode ser que o livro que já está escrito
me ajude a construir o meu pequeno império...
(Mafalda)
Vou arranjar uma palete de cores
para pintar todos os meus dias,
preciso de fugir dos horrores,
tenho mesmo de evitar as agonias.
Vou comprar muitas latas de tintas,
de todos os tamanhos e feitios,
com cores totalmente indistintas
como se fossem um denso emaranhado de fios.
Vou-me rodear de cores muito vivas
que me forneçam um luz colorida,
vou ficar longe de todas as investidas,
não vou mais ser uma mulher perdida...
(Mafalda)
Longos têm sido estes dias,
com uma azáfama permanente,
venho aqui de forma fugidia
porque não quero mesmo ficar ausente.
Sinto necessidade destes bocadinhos
onde posso falar sem limitações,
preciso de sentir os vossos carinhos
presentes em todas as situações.
O interesse que demostram diariamente,
a insistência com que me visitam,
fazem-me sair de um estado dormente,
agora são vocês que em mim habitam.
Escrevo para quem me quer ler,
outrora escrevia para uma só pessoa,
"foi só ele que ficou a perder",
é este o eco que em mim ressoa.
Um só homem me deixou mas ganhei 12.000 leitores,
pena que não estejam fisicamente presentes,
muito me orgulha ter tantos seguidores
sentir que lerem o que escrevo vos deixa contentes.
Tenho uma parte do mundo atenta ao que faço,
observando cada passo que eu dou,
mas gostava de voltar a sentir o abraço
da pessoa que por aqui ainda não passou...
(Mafalda)
Aproxima-se a passos largos
mais um dia muito marcante,
os doces vão ser muito amargos,
desta vez não vou abrir espumante.
Não posso deixar de pensar,
em tudo o que ouvi há um ano atrás,
não consigo evitar
a recordação que nenhum bem me traz.
Vou-te dar os parabéns,
nem de outra forma eu saberia agir,
tenho pena dos que ficam reféns,
daqueles que não conseguem sorrir.
Se calhar estás feliz e contente,
ainda bem se assim for,
recordo um amor latente
que me deu muito calor.
Os teus anos são importantes,
pelo menos para mim,
em relação aos restantes
também deveriam pensar assim.
Até lá vou tentar não pensar,
ocupar o tempo que me sobra,
de nada adianta divagar
quando não se consegue fazer a manobra...
(Mafalda)
Mais um Natal passado,
contagem decrescente para o novo ano,
o mundo já não está desfocado,
eu já não vivo no engano.
Acabam as épocas de consumismo,
de amizades pontuais,
volta-se ao egocentrismo
das vidas normais.
Acabam os jantares solidários,
agora esperem mais um ano,
vivam os vossos calvários
de um modo muito espartano.
Acaba a hipocrisia,
acaba a boa vontade,
todo aquele que sofria
vai ter mais um ano de austeridade.
Regressa-se à vida normal,
olhando para os nossos umbigos,
só um dia é Natal,
só um dia se ajudam os mendigos.
Bem vindos à normalidade,
ao dia-a-dia rotineiro,
viver assim é uma insanidade,
quem me dera ter muito dinheiro...
(Mafalda)
Obrigada a quem me segue
mesmo no dia de consoada,
só a vossa companhia consegue
fazer-me sentir acompanhada.
Obrigada a quem me visita,
me dá força para continuar,
me ajudou na desdita
e me fez superar.
Obrigada a quem se interessa,
a quem não deixa de me procurar,
a vida não se pode fazer com pressa,
tudo tem o seu lugar.
Obrigada aos meus leitores
que todos os dias querem saber,
são todos esses fatores
que me ajudam a sobreviver.
Obrigada!
Um Feliz dia de Natal!
(Mafalda)
Seria rude da minha parte,
não te desejar as Boas Festas,
sentimentos postos à parte,
as recordações nunca serão funestas.
Desejo que tenhas tudo o que queres,
principalmente no que toca a saúde,
que tenhas sempre força para viveres,
que a felicidade te acompanhe de forma amiúde.
Desejo que consigas toda a tranquilidade,
imenso carinho e muita atenção,
que com o avançar da idade
nunca sofras nenhuma desilusão.
Desejo que sejas muito amado,
imensamente desejado e compreendido,
que nunca fiques calado,
que nunca percas o teu abrigo.
Paz, Saúde e Amor,
são as coisas principais,
que sintas sempre o calor
de sentimentos apenas reais.
Boas Festas para ti,
a quem mais te importa já as dei,
nunca esquecerei o que contigo vivi,
a tristeza já ultrapassei.
Desejo para ti o que desejo para mim,
nem de outra forma poderia ser,
compreender-te assim
só consegue quem fez tudo para te esquecer...
(Mafalda)
Hoje o tempo é muito escasso,
cada momento estará ocupado,
agora sei que tudo faço
para superar um amor acabado.
Disseste-me que nunca mais estaria sozinha,
principalmente nesta altura do ano,
a minha vida virou uma complexa adivinha,
mas estar só já não me faz nenhum dano.
Solidão é uma palavra dura,
mas não passa de uma mera palavra,
não me sinto em nenhuma clausura
nem tão pouco trocava isto por nada.
Obrigada por me teres feito crescer,
por me teres feito gostar de estar comigo,
agora nada mais temos a dizer,
mas no fundo foste um grande amigo.
Aprendi a sentir-me bem,
passei a gostar da minha paz,
este Natal não vai ficar nada aquém
daquilo que um dia disseste ser capaz...
(Mafalda)
Finalmente chega o
Entusiasmo, a
Liberdade, a
Independência, o
Zelo.
Nada mais posso querer,
Agora tenho tudo o que preciso,
Talvez me faltasse saber esquecer,
Afastar-me do que era indeciso.
Liberalizei-me…
(Mafalda)
Hoje é véspera de consoada,
com frio e chuva intensa,
apesar de tudo, estou descansada
e não guardo qualquer ofensa.
Provavelmente poucos aqui virão
pois a azáfama nestes dias é enorme,
mas para os que por cá ainda estão
um simples poema pode ser que conforte.
Também eu ando nas tarefas usuais
comuns nestas alturas do ano,
nas confraternizações habituais
onde podem comprovar a ausência de dano...
(Mafalda)
Haverá alguém que perceba
a paz em que eu me encontro,
não haverá mais quem se atreva
a levar-me a uma situação de confronto.
Chegar à minha varanda
e apenas ouvir o mar,
ver os pássaros em debanda
e finalmente conseguir respirar.
Porque se dá tanta importância
a um homem ao nosso lado,
não subestimo a abundância
de por isso já ter passado.
Haverá alguém que me entenda,
sou simples como uma página em branco,
haverá alguém que ainda se surpreenda
por eu ter acabado aquele longo pranto.
Confesso que às vezes preciso de um mimo,
de uma ternura mais abrangente,
mas isso não justifica o desatino
em que vivia constantemente.
Haverá alguém que discorde
desta tranquilidade em que me encontro,
pode haver quem não acorde,
quem nunca consiga chegar a este ponto.
Não troco esta paz
por nenhuma companhia do mundo,
nunca seria capaz
de manter um sentimento moribundo.
Estar acompanhada mas sozinha
nunca fez parte dos meus planos,
às vezes ajudava uma mãozinha
mas a grande arte é saber viver sem enganos...
(Mafalda)
Que absurdo dizer que estamos sozinhos,
quando temos tanto à nossa volta,
temos pássaros, árvores, vizinhos
e afinal viver, é tudo o que importa.
Temos família, amigos, animais,
recebemos de todos uma força imensurável,
que absurdo querermos mais
quando temos tudo o que é palpável.
Há milhares de desconhecidos que se importam,
que acompanham todos os nossos momentos,
porque insistimos em arranjar suportes
que apenas atrofiam os nossos movimentos.
Saber viver com a realidade,
porque ela nos dá tudo o que precisamos,
estou a ficar sábia com o avançar da idade,
finalmente vivo sem fazer planos.
Que absurdo o desperdício,
do tempo que passei a esperar,
este ano sinto o espírito natalício
e sei que nada mais tenho para procurar.
Estou completa, sinto-me plena,
de tudo o que me faz falta,
já não sei o significado de pena,
mas sei que vou começar o novo ano em alta...
(Mafalda)
Foi no fim do Inverno
que o denso frio se instalou,
mas agora já saí do inferno
em que a minha vida se tornou.
A Primavera foi dura,
muito agreste de suportar,
na vida só perdura
o que não se deixa acabar.
O Verão foi caótico,
com mais tipos de preocupações,
apelou-se ao lado católico
e superaram-se algumas situações.
O Outono passou tranquilo,
foi um renascer em terras queimadas,
de tudo o que mais admiro
é a certeza das provas superadas.
Entro neste novo Inverno
bem preparada para o enfrentar,
continuo no sonho eterno
de não aparecer mais nada para me alterar...
(Mafalda)
"Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
Aniversários são para comemorar
junto de quem nos é mais querido,
amanhã já sei que vou lamentar
não poder estar com um grande Amigo.
A vida decidiu
que os nossos encontros fossem reservados,
eu fiquei, ele partiu,
continuamos amigos mas estamos separados.
Afastados por culpa própria,
ou talvez por imposição alheia,
agora que a vida já se apresenta sóbria
percebo que vivemos uma audaz epopeia.
De qualquer forma aqui fica
o meu desejo de um dia muito bom,
existem sentimentos que uma pessoa não explica
vamos mantendo a amizade sem emitirmos um som.
Aceitaste de uma forma excecional
o que poderia ser um verdadeiro caos,
é o que permite uma amizade incondicional,
é o que nos faz sentir bons, quando todos nos chamam maus.
És uma pessoa espetacular,
do melhor que se pode pedir,
já muito conseguiste alcançar,
mas muito mais estará para vir.
Muito grata te estou,
sempre o estive e estarei,
recebe este beijo da Amiga que aqui ficou
juntamente com a promessa que nunca te esquecerei...
Parabéns, RJ!
(Mafalda)
Passei a minha vida a fugir
de tudo o que não me fazia bem,
optava por muito dormir
mas hoje isso já não me convém.
Passava horas a fio
escondida entre lençóis,
estivesse calor ou frio,
adiava sempre a vida para depois.
Depois passei uma fase
em que gostava de estar na cama,
apenas queria que o tempo parasse
e que não tivesse apagado essa chama.
Agora vou à cama para dormir,
e mesmo assim por pouco tempo,
passar tantos anos a fugir
é tudo o que eu mais lamento...
(Mafalda)
Acordar muito cedo,
sair para a rua ainda de noite,
estar em paz sem nenhum segredo,
sem que a consciência me açoite.
Ter dor física, incontrolável,
mas viver sem ralações,
tudo graças à amizade inabalável
de amigos presentes em todas as ocasiões.
Considero-me uma sortuda,
nem todos o podem afirmar,
sei que tenho sempre uma ajuda,
uma e mais outra que nunca vão falhar.
Que mais se pode querer,
quando se tem tudo o que importa,
estou feliz por conseguir viver,
por ter atravessado mais uma porta...
(Mafalda)
Hoje acaba o Outono,
da melhor forma possível,
deixei de sentir o abandono,
esqueci o que sempre foi inatingível.
Entro no Inverno com o coração gelado,
mas apta a encarar qualquer situação,
o ano não correu como era esperado
mas a realidade superou a imaginação.
Estamos na noite mais longa do ano,
aproveitada por muitos para descansar,
eu aproveito-a para recuperar do dano
causado pelo tempo que passei a esperar.
Muitas vezes já aqui mencionei
o desejo de que o frio se instalasse,
se outrora outras vontades equacionei,
finalmente resolvi este longo impasse.
Solstício de Inverno,
recebo-te de alma lavada,
saí do longo inferno,
onde vivia amargurada.
Amanhã é um dia muito pequenino,
o começo de uma nova estação,
pode ser que o meu destino
me traga de volta alguma emoção...
(Mafalda)
Sonhar que tudo acaba bem,
que tudo se vai resolver um dia,
que não vou querer mais ninguém
que cause uma nova agonia.
Sonhar que sou muito feliz,
que tenho uma vida descansada,
que não escrevo nada a giz
que a realidade não vai ser alterada.
Sonhar que tudo vou conseguir,
é já meio caminho andado,
que nunca vou desistir
de tudo o que tenho desejado.
Sonhar que voo para longe,
mas sem sair deste lugar,
mulher não pode ser monge
enquanto a regra não se alterar...
(Mafalda)
Caros leitores e leitoras do meu blogue,
Antes de mais nada, quero-vos desejar um Feliz Natal e um excelente ano de 2014. Está na altura de o fazer, antes que vão de férias e deixem de me visitar com a assiduidade com que o têm feito.
A todos agradeço do fundo do meu coração, a força que me têm transmitido ao longo destes meses, unicamente através do vosso interesse.
De facto, nunca pensei chegar a tantas pessoas, e que o que é um hobbie para mim fosse acompanhado pelo interesse de mais de 10.000 leitores.
Aproveito para vos informar que, graças a vocês, fui incentivada a publicar um livro de poesia. Está já na fase final de lançamento, estando marcado o seu lançamento para o dia 15 de Fevereiro. O que começou por ser um simples desabafo da minha vida, dos meus pensamentos, das minhas insatisfações... acabou por se tornar algo mais importante: um Livro de Poesia!
Confesso que nunca pensei que tal pudesse acontecer, mas se agora é uma realidade, a vocês o devo.
Caso tenham interesse em adquirir uma obra autografada por mim e com dedicatória individual, por favor contactem-me através da Chiado Editora.
Só para despertar a curiosidade, a imagem que hoje aqui coloco, é a da capa do meu livro...
A todos, um Muito Obrigada e um Feliz Natal!
Mafalda
Lançamento a
15/02/2014
pelas 15.30
na Livraria Les Enfants Terribles,
Av. 5 de Outubro, nº 42-B
Lisboa
"Diga apenas aquilo que quer dizer. Aja de acordo com a sua própria espontaneidade, nunca se preocupe com as consequências no aqui e no Além."
Sinceridade e abertura
só provocam deslumbramento,
acaba a candura
surge o afastamento.
Assim é mais seguro
não se correm riscos desnecessários,
só eu sei o que procuro
nos meus amigos imaginários...
(Mafalda)
O "Aqui" e o "Agora"
é tudo o que faz sentido,
quando alguém se vai embora
só merece mesmo ser esquecido.
Vou regressar ao amigo imaginário,
que esse nunca me abandona,
é um ser muito temerário
que às vezes também se emociona.
Hoje dou por mim a pensar,
se o que vivi foi uma emoção verdadeira,
se pensava estar a amar
e afinal era só uma brincadeira.
Desvalorizo sentimentos
que na altura eram imensos,
duvido dos momentos
em que nos sentíamos tão intensos.
Quis acreditar que era possível,
quis crer que era real,
nunca foi acessível,
a prova está aqui, afinal.
Mas ainda bem que assim aconteceu,
assim nunca terei dúvida alguma,
nunca saberia se me escolheu
apenas por não ter mais nenhuma.
Que tonta fui tanto tempo,
sofrer por quem não merecia,
só o que eu lamento
foi ter entranhado a agonia.
A vida é para se viver,
para se ser louco até mais não,
nunca mais vou sofrer
por amores de coração...
(Mafalda)
Tudo se mexe,
tudo se movimenta,
só se esquece
o que já não se aguenta.
Tudo gira,
tudo se renova,
só se admira
o que se comprova.
Tudo passa,
tudo se abandona,
só se atravessa
o que se questiona.
Às vezes não é fácil seguir,
não nos aparecem soluções,
nessa altura só devemos ouvir
quem nos resolve as situações.
Acreditar que sim,
que tudo faz sentido,
às vezes não estou em mim
e depois caio ao comprido.
Às vezes penso nisso
e agora equaciono o tempo perdido,
foi um tremendo desperdício,
há muito que já o devia ter decidido.
Esta palavra era nossa,
dizia respeito ao tempo passado,
agora "desperdício" já não faz mossa
nem tão pouco é adequado...
(Mafalda)
Não me tirem deste lugar,
onde encontrei a minha origem,
só o facto de nisso pensar
me dá uma longa e intensa vertigem.
Não me tirem daqui,
onde tenho a paz que preciso,
onde ainda pouco vivi
mas onde renasceu este improviso.
Não me tirem deste local,
porque aqui quero morrer,
nunca haverá outro igual
onde eu assim consiga renascer.
A paz que tive neste dia soalheiro,
permitiu-me dar valor a tudo à minha volta,
encontro-me num lugar pioneiro
que me devolveu às luzes da ribalta.
Tenho uma vida excelente,
que conquistei com esta envolvência,
vejo agora claramente
que não sofro com a ausência.
Estou como quero estar,
cada vez mais e melhor,
deixem-me aqui ficar,
só peço isso, por favor!
(Mafalda)
"A vida só é possível através dos desafios.
Não se preocupem comigo,
apenas deixei de ser a menina atinada,
fugi de um longo abrigo
onde estava muito escamoteada.
A insanidade anda por aqui
e eu vou deixá-la entrar,
vou acompanhá-la por aí
e ela vai acabar por se instalar.
(Mafalda)
Estou alcoolizada pela palavra,
ingiro-a sofregamente,
como não sei quando tudo acaba
quero viver o agora intensamente...
(Mafalda)
Há dias assim,
em que os meus dedos não descansam,
escrevo apenas para mim
com a ilusão que os meus olhos alcançam.
Imaginação que transporto para aqui,
a que dou cor e muita vida,
não sei se tudo isto já vivi
ou se ainda estou na casa da partida.
Sei que sonho acordada,
mas que estes sonhos não me atrapalham,
que tudo é uma imensa charada
em que proveitos não se ganham.
Dá-me gozo ser assim,
é sinal que ainda estou viva,
desde que me mantenha em mim
nunca terei mais uma despedida...
(Mafalda)
Não tenhas medo de te entregar
de seguir a tua vontade,
temos sempre de aproveitar
toda e qualquer oportunidade.
Não tenhas medo de te apaixonar
de te sentires bem comigo,
se não ousarmos experimentar
viveremos sempre envoltos em perigo.
Não tenhas medo de ir mais longe
de viver uns momentos de ilusão,
o futuro é o dia de hoje
e tudo o resto é pura divagação.
Não tenhas medo do meu beijo
do meu toque, do meu carinho,
aceita o meu desejo
antes que o destino mude o nosso caminho.
Não tenhas medo de me enganar
de te enganares também,
é preciso dois para dançar
e se nós dançamos bem...
(Mafalda)
Ao pé de ti sinto-me palha,
ao pé de mim sentes-te fogo,
não há quem nos valha,
quem nos tire deste sufoco.
Ao pé de ti sinto-me fogo,
ao pé de mim sentes-te palha,
envolvemo-nos no jogo,
derrubamos a muralha.
A palha arde ao pé do fogo,
somos palha,
somos fogo,
negá-lo é um logro!
(Mafalda)
Se antes a solidão me assustava
era apenas porque não gostava de mim,
confesso que estou muito mais descansada
e gosto de viver assim.
Aprendi a dar valor
ao que sou e ao que penso,
demorou a chegar o louvor
mas ainda chegou a tempo.
Se antes precisava de alguém
em todos os momentos do meu dia,
era apenas porque me sentia uma zé ninguém
que lutava para sair da monotonia.
Aprendi a lidar com a ausência,
passo dias, serões e noites sozinha,
atingi a clarividência
de não me preocupar com o que se avizinha.
Se antes queria sair
gozar a vida fora de casa,
era apenas porque me limitava a existir
e passava pela vida com muita brasa.
Aprendi a aproveitar o calor
dos pequenos instantes em que o sinto,
acreditem que dou muito mais valor
à realidade versus instinto.
Se antes não era completa
e estava sempre insatisfeita,
era apenas porque vivia num planeta
onde a realidade era sempre uma desfeita.
Aprendi a ser livre,
a apreciar o que tenho,
há emoções que sempre tive,
que me agradam e mantenho...
(Mafalda)
Quem quiser saber a minha vida,
saber como estou e o que penso,
não precisa de ser às escondidas,
basta descobrir este blog intenso.
Quem quiser saber o que senti,
o que sinto ou sentirei,
basta passar por aqui,
que eu tudo explicarei.
Quem quiser saber de mim,
sem mostrar que quer saber,
basta não fazer nenhum chinfrim
e ler tudo o que eu escrever.
Quem quiser ser mais curioso,
e tentar ler nas entrelinhas,
terá de ser muito habilidoso
e pedir ajuda a muitas alminhas.
Quem quiser preocupar-se comigo,
sem mo dar a entender,
tem aqui um ponto de abrigo
onde faço por nada esconder.
Quem quiser chegar-se a mim,
mas não souber se o deve fazer,
vai ter de ler até ao fim
porque nem eu sei o que vai acontecer...
(Mafalda)
Um Amigo é uma pessoa constante,
quer esteja perto ou longe de nós,
afasta-nos de um caminho errante,
devolve-nos a nossa voz.
Um Amigo é algo inestimável,
que não se quer perder de forma nenhuma,
ajuda-nos a sarar um dano irreparável
sem pedir contrapartida alguma.
Um Amigo ralha connosco,
obriga-nos a olhar para onde não queremos,
sofre com o nosso desgosto,
faz que por ele sempre ansiemos.
Um Amigo orgulha-se de nós,
por superarmos e vencermos,
ajuda-nos a desatar todos os nós,
barra-nos o caminho antes que nos arruinemos.
Um Amigo é uma preciosidade
que nunca devemos deixar partir,
nos muitos momentos de ociosidade
é sempre ele quem nos faz rir.
Um Amigo é insubstituível,
podemos ter muitos e muitos mais,
não é algo perecível
e não há dois amigos iguais.
Um Amigo cuida de nós,
da melhor forma que sabe e pode,
se for preciso levanta-nos a voz,
porque só ele nos socorre.
Ser Amigo é ser assim,
fazer tudo isto e muito mais,
um amigo é para nós, enfim,
um dos poucos amores reais...
(Mafalda)
O tempo passa,
cada vez mais depressa,
quando o amor acaba
espera-se que tudo se desvaneça.
Não faz sentido recordar
o que não acaba bem.
daí não querer voltar a amar,
não querer ter mais ninguém.
Qualquer pessoa que surgisse
nesta minha vida parada,
embora eu nunca o admitisse
só poderia ser enganada.
Acreditaria que seria um momento,
mas poderia ser mais do que isso,
no fundo só lamento
não conseguir assumir mais nenhum compromisso.
Não sou uma leviana insensível,
mas gosto de ter prazer,
mas quando amo é inadmissível
enganar só para me satisfazer.
Hoje falo sem um grande amor,
mas amo muita gente,
apetecia-me um pouco de calor
apenas porque me sinto dormente.
(Mafalda)
Passeio pelas ruas
à espera de tropeçar na vida,
mas as árvores já estão nuas
e preparadas para a partida.
Vagueio sem rumo certo,
onde os meus pés me levam,
este mundo é um lugar muito incerto
onde uns partem quando outros chegam.
Não espero nada para mim,
já não tenho qualquer esperança
limito-me a viver enfim,
entre a tempestade e a bonança.
Cada vez mais nada procuro,
aceito o que me for destinado,
fujo de cada lugar escuro,
só caminho num que seja iluminado.
Às vezes vislumbro um raio de luz
no meio desta densa floresta,
mas o que encontro não faz jus
porque apenas espreito por uma fresta.
Fechei o meu coração a sentimentos fortes,
vivo numa paz muito abrangente,
afastei-me do meu mundo de antes
e sinto-me bem mais contente.
Recuperei a tranquilidade,
ganhei novas inspirações,
construí a possibilidade
de ter várias realizações.
Se algo ainda resta do passado
é apenas uma sensação de vazio,
é como um vaso quebrado
que se aguenta por um fio.
Sorte a minha que tenho vários fios
que me vão amparando no dia-a-dia,
sempre surgem alguns auxílios
para ir quebrando a monotonia.
(Mafalda)
Já não faz sentido escrever para ti,
vou arranjar um amigo imaginário,
será a prova que sobrevivi
a um amor algo incendiário.
A partir de agora já não serás tu,
será alguém mais adequado,
alguém que não se mostre totalmente nu,
que se mantenha bem mais resguardado.
Que fale de si o suficiente,
que deixe reticências no que não deve dizer,
que não seja uma pessoa hesitante
e sem saber o que deve fazer.
Escolherei uma pessoa forte,
com inteligência para crescer,
pode ser no sul ou no norte,
será onde tiver de acontecer.
Vou criar uma pessoa que me estime,
que goste da minha companhia,
um Homem que me anime,
vou retratá-lo numa intensa alegoria.
Vai gostar muito de mim,
ter prazer em me acompanhar,
atravessará um denso jardim
só pelo prazer de me escutar.
Nunca me falhará,
sempre que eu dele precisar,
sempre me convidará
para rir e deambular.
Um Homem que eu não conhecia
e que vai agora aparecer,
um homem que sorria
só pelo facto de me ver.
Uma pessoa excelente,
daquelas que já não existem,
com uma sedução presente,
e ideais que ainda persistem.
Vou criar uma companhia
onde o espaço é todo meu,
vou imaginar que muito me divertia
com este meu querido Romeu.
Mas tudo será mera ilusão,
pois nunca me tocará,
poderá haver a tentação
mas de um imenso carinho não passará.
Respeitando os sentimentos
que serão fortes e demasiado bons,
não haverá lugar a tormentos
partilharemos sempre os mesmos tons.
Estaremos em sintonia
em todos os momentos das nossas vidas,
não fosse a dita alegoria
e seriam vidas bem divertidas.
Acabou o tempo da fealdade,
vou começar uma nova fase,
nada disto será verdade
ou poderá vir a ser, nunca se sabe.
Sei que tenho os olhos abertos,
que deixei de estar parva,
que estou farta dos desertos
onde a areia nunca acaba.
Quero viver uma vida feliz,
nem que seja em imaginação,
vou algures descobrir um petiz
a quem apeteça dar-me a mão.
Vou precisar muito dele
mais cedo do que pensava,
é um ímpeto que me impele,
quando eu chegar verei que ele já lá estava.
Vou gostar do meu Romeu
de uma forma pura e sincera,
não sei o que me deu
mas sempre gostei de ser singela.
Vai ser nobre nas atitudes,
recusando-se a intimidades,
a vida tem muitas vicissitudes
nem sempre são meras casualidades.
Onde estará esse Romeu,
que nunca me vai desiludir,
será ele, serei eu,
um de nós vai ter de interagir..
(Mafalda)
Quando se sofre um golpe,
fica-se em pura prostração,
espera-se por melhor sorte
pelo fim do dia não.
Estagnada, sem vontade,
de falar ou de me mexer,
tudo se usa para fugir à realidade
e nem mesmo apetece escrever.
Vêem-se séries na televisão,
tudo serve para abstrair,
jogam-se jogos por diversão,
mas só apetece sumir.
Não apetece falar,
não apetece conduzir,
apetece ficar
muito longe do carpir.
Amanhã é um outro dia,
e com ele tem de vir a claridade,
se ontem eu sorria,
amanhã darei uma gargalhada.
Só tenho este dia
para voltar à normalidade,
sabe Deus o que eu não faria
para fugir de uma nova calamidade...
(Mafalda)
“Alguém que amo um dia me deu uma caixa cheia de escuridão.
Pego nesta frase
e transporto-a para mim,
assumo que passei a fase
de te ter dentro de mim.
Deixei-te sair com calma,
aos poucos foi acontecendo,
já não me dói a alma
devagar lá vou vivendo.
Amei-te, sim, nunca duvides disso,
mas deixaste-me na escuridão,
passei meses a quebrar o enguiço
de me sentir numa profunda solidão.
Abandonaste-me quando mais falta me fazias,
desististe-te em prol da tua comodidade,
sofri demasiadas agonias
para me recusar a vislumbrar alguma claridade.
Época complicada que passei,
superei-a com toda a minha paciência,
aos poucos abandonei
o meu estado de demência.
Se as coisas me corriam bem,
a mim e a poucos o devo,
mas a felicidade fica sempre aquém
preciso mesmo de encontrar um trevo...
(Mafalda)
Tanto gosto que eu fazia
que o Natal fosse passado aqui,
ainda mais agora que a razia
se aproximou novamente de mim...
Mas não posso contrariar,
não posso seguir o meu desejo,
será que para o ano vai cá estar,
é só esse o meu ensejo....
Acato e respeito,
vai ser como sempre foi,
mas no meu íntimo suspeito
que vai fugir mais um herói.
A vida é injusta,
é ingrata, é maléfica,
o que mais me assusta
é não ver nela nada de benéfico.
Quando se começa a subir,
numa escalada perfeita,
começa a montanha a ruir
numa atmosfera rarefeita.
Estou cansada de coisas más,
farta de receber informações,
de que adianta o que se faz
se tudo recomeça em turbilhões...
(Mafalda)
Tiram-me a paz
sem me darem opção,
terei de ser capaz
não me resta outra solução.
Quando o cansaço desaparecia,
eis que tudo recomeça,
começa uma nova razia
para não permitir que se esqueça.
Porque é tudo tão complicado,
porque não pode sempre correr bem,
porque não se dá como acabado
tudo aquilo que não nos convém?
Não acredito que tudo volte atrás,
que se parta da estaca zero,
bolas, não sei se vou ser capaz
de desembrulhar mais este novelo...
(Mafalda)
Caros leitores,
Lamento imenso a ausência a que fui forçada, mas esse facto não dependeu de mim, apenas tenho estado sem acesso à primeira página do blogue.
Estou neste momento a criar uma segunda página, na esperança que resulte e que possa retomar a minha conversa convosco.
Até já!
Obrigada pela paciência...
Entretanto, e como está frio, aceitem o meu convite para...