Identidade...

29-01-2014 20:20

Já caminho de cabeça erguida,

chegou a altura de me revelar,

deixei de andar escondida,

nada tenho que justificar.

Deixo revelar a minha escrita,

assumo o que aqui relato,

nada acontecerá para que desista

de assumir esta verdade como um facto.

Sou uma pessoa simples e normal,

com virtudes e com defeitos,

vivi uma situação pouco usual,

dela tirei escassos proveitos.

Esperava mundos e fundos,

queria acreditar que correria bem,

nem com a ajuda de todos os meus defuntos

consegui vislumbrar mais além.

Assumo o amor que vivi,

nada mudaria se voltasse ao passado,

foi por ele que tudo isto escrevi,

mas é por ele que tudo está acabado.

Sou uma pessoa consciente,

que não tem medo de mudar,

sonhei muito tempo com um amor emergente

que não se chegou a concretizar.

Bati fundo, muito fundo,

fui puxada por forças amigas,

quando estava deitada num chão imundo

percebi que o mundo não estava para cantigas.

Atos são a única coisa verdadeira,

as palavras desaparecem com o vento,

aprendi muito com toda esta brincadeira,

não permitirei nunca um novo sentimento.

Se sou diferente é pela ousadia,

sofro de demasiada temeridade,

nunca fujo perante uma agonia,

nunca viro costas a uma dificuldade.

Sou diferente porque sou sincera,

não tenho medo de colocar questões,

mas quase sempre o que me espera

é ficar a falar com os meus botões.

Sou frontal e muito direta,

não dou hipótese de ser mal interpretada,

podem considerar a minha conduta abjeta,

mas assim fico sempre elucidada.

Posso ter um sim, posso ter um não,

nunca saberia se não questionasse,

posso ter alguém a quem dar a mão

ou apenas fazer com que rapidamente se afastasse.

Gosto de saber em que cama me deito,

não tenho medo de ser atrevida,

já foi tempo em que o preceito

era ditado por uma mente rendida.

Sou discreta mas marco a diferença,

não preciso de mostrar o que não sou,

há sempre alguém que nota a minha presença

ou a minha falta quando eu não estou.

Serei só eu que sou assim,

ou há demasiado medo em assumir a verdade,

pouco importa se gostam ou não de mim,

serei sempre "viciante" até à eternidade...

(Mafalda)