Sim...

24-01-2014 22:30

Sim. Podia ter virado a cara

e ter olhado para onde queria.

Sim. Podia ter estacionado o carro

e ter ido ver se tu sorrias.

Mas obriguei-me a não olhar,

fui contra toda a minha vontade,

limitei-me a passar

fora do limite da  velocidade.

Não posso, não devo, não quero,

de nada valia ver a tua cara,

entraria num longo desespero

o bom trabalho já feito logo acabava.

Obrigo-me a preferir assim,

longe da vista, longe do coração,

há quem me diga que eu insista

mas não vou ceder a essa tentação.

Passarei sempre que for necessário,

mas nada mais farei do que seguir em frente,

não espreito, não estaciono,

não quero voltar a sentir-me demente.

Tudo o que reconstruí até agora,

devolveu-me o gosto pela vida,

não vou deitar tudo fora

e voltar a sentir-me tão perdida.

Sim. Incomoda-me não me sentir indiferente,

angustia-me saber-te ausente,

mas preciso de ter uma vida consistente

sem a tua presença continuamente.

Sim. Gostava que tudo isto fosse um engano,

um erro que pudesse ser retificado,

mas tudo isto não passa de um desengano,

olho em frente e vejo que está acabado.

Sim. Nada disto foi o meu sonho,

nunca previ tal desfecho,

mas depois de um ano medonho

ter uma recaída... eu não deixo!

(Mafalda)