Eu sei que ando afastada,
sem vontade me vos massacrar,
é sinal que estou recuperada
de um amor que teimava em não passar.
Consegui alguns feitos importantes,
passei várias vezes e nem olhei,
não tive momentos hesitantes,
tudo o que tinha para dar, já lhe dei.
Nada resta aqui escondido,
estou imune ao amor despedaçado,
passo à vontade sem sentir perigo,
movimento-me bem, está tudo acabado.
Mais dia menos dia,
vou deixar de falar nele de uma vez por todas,
agora entendo porque não sorria,
agora sinto-me a maior das tolas.
Qual homem, qual carapuça,
ninguém tem o direito de nos fazer abdicar de nós,
passei meses em intensa escaramuça,
não conseguia ouvir a minha própria voz.
A voz que gritava por liberdade,
que me avisava de todas as maneiras,
ela tentava mostrar-me a realidade,
dizia-me que um dia secariam as torneiras.
Eu fui uma surda obstinada,
que sempre se recusou a ouvir a razão,
virei uma mulher depenada,
envolta numa tremenda solidão.
Tudo vale a pena quando se aprende,
quando se cresce como ser humano,
o meu coração jamais se rende
a ser tratado como um pano...
(Mafalda)