Passam nuvens apressadas
que toldam a nossa visão,
neblinas muito agitadas
que nos devolvem à escuridão.
Refletem-se no nosso olhar
mas só para quem está atento,
neblinas que vieram para ficar,
porque precisam de alimento.
Nuvens densas e carregadas,
atravessam-se à nossa frente,
neblinas intensas e cerradas
afastam-nos de toda a gente.
Neblinas de solidão,
de ausência de cumplicidade,
nevoeiros de exaustão,
afastam todos os raios de claridade.
Nuvens que teimam em se mostrar,
que não desistem dos seus intentos,
com quem poderemos comemorar,
como acreditaremos em novos argumentos.
Envoltos num turbilhão
de nuvens, neblinas e nevoeiro,
tapo os meus olhos com a mão,
não quero entrar de novo nesse atoleiro...
(Mafalda)