Estar bem, mas querer estar melhor,
é uma constante da minha vida,
mas tudo terá de ser sem dor,
sem algum dia acontecer uma partida.
Se por vezes quero o celibato,
noutras alturas quero um simples mimo,
gostar de estar sozinha já é um facto,
mas há momentos em que surge o desatino.
Já não entro em depressão,
nem tão pouco em agonia,
ele recusou-me a mão
e isso eu nunca esperaria.
O mais complicado de gerir
é a recordação constante,
é não saber o que está para vir,
é sentir o meu passo ainda hesitante.
Sentir saudades deve ser normal,
pois os momentos eram muito reais,
bloqueei a emoção mas afinal
a vida passa sob a forma de postais.
Aparecem à minha frente,
sem eu os chamar ou querer,
posso estar numa fase dormente,
mas ainda continuo a viver.
Não estou cega,
não estou surda,
continuo a ser uma mulher,
quem nada espera
não se insurge,
basta-me arranjar algo novo para fazer...
(Mafalda)