Passeio pelas ruas
à espera de tropeçar na vida,
mas as árvores já estão nuas
e preparadas para a partida.
Vagueio sem rumo certo,
onde os meus pés me levam,
este mundo é um lugar muito incerto
onde uns partem quando outros chegam.
Não espero nada para mim,
já não tenho qualquer esperança
limito-me a viver enfim,
entre a tempestade e a bonança.
Cada vez mais nada procuro,
aceito o que me for destinado,
fujo de cada lugar escuro,
só caminho num que seja iluminado.
Às vezes vislumbro um raio de luz
no meio desta densa floresta,
mas o que encontro não faz jus
porque apenas espreito por uma fresta.
Fechei o meu coração a sentimentos fortes,
vivo numa paz muito abrangente,
afastei-me do meu mundo de antes
e sinto-me bem mais contente.
Recuperei a tranquilidade,
ganhei novas inspirações,
construí a possibilidade
de ter várias realizações.
Se algo ainda resta do passado
é apenas uma sensação de vazio,
é como um vaso quebrado
que se aguenta por um fio.
Sorte a minha que tenho vários fios
que me vão amparando no dia-a-dia,
sempre surgem alguns auxílios
para ir quebrando a monotonia.
(Mafalda)