Escrever sobre sentimentos...
Há uma poesia sempre presente,
que teima em se fazer ouvir,
há emoções sempre à espreita,
em tudo o que se consegue redigir.
Falamos de encantos, de devaneios,
falamos de desamores, de desilusões,
umas vezes estamos satisfeitos,
outras vezes pesam-nos as recordações.
Não sei se ser poeta é saber rimar,
se é saber abrir o coração,
se é conseguir suportar um esperar
que não terá nunca uma solução.
Escrever...
Deixar os dedos marcarem o ritmo,
libertar uma confusão de ideias,
escrevo muitas vezes sem ter um assunto definido,
tento nunca deixar palavras a meias.
Não sei se me adianta,
não sei se me ajuda,
há dias em que me sinto perante
um feroz grito de quem me acuda.
Escrever sobre o que ocupa a minha mente,
sobre assuntos de que já não falo,
escrever para sair dum sentimento latente,
escrever sobre tudo o que agora sempre calo.
Não sou poeta,
não sou escritora,
apenas me sinto repleta
de uma grande força motora.
Obriga-me a fazer algo,
a construir mansões sobre escombros,
pouco a pouco vou ganhando calo,
devagar deixo de ser levada em ombros.
Escrever...
Sempre a minha fiel companhia,
a melhor forma que tenho para fugir de mim,
tanta coisa que eu até faria,
para isto deixar de ser assim...
(Mafalda)