Uma semana...

27-03-2014 09:37

Uma semana volvida,

desde que tudo se baralhou em mim,

fui ou não esquecida,

ou terei de continuar assim.

Longe da vista, longe do coração,

sempre o disseste com sinceridade,

o que foi feito da nossa paixão,

do teu amor até à eternidade.

Acordo de noite angustiada,

como se chamasses por mim,

já devia estar habituada

a que tudo tem sempre um fim.

Não reagiste, não agradeceste,

não sei se gostaste ou não,

eu sei que não me esqueceste,

mas não queres de volta a minha mão.

Orgulho ou altruísmo,

não sei qual deles o correto,

às vezes um pouco de egoísmo

permite-nos um viver mais concreto.

Eu vivia até te rever,

vivi assim durante muitos anos,

mas ver-te novamente a sofrer,

causou em mim inúmeros danos.

Merecias ter paz,

merecias ter uma vida melhor,

o que fazer quando não se é capaz,

quando não se luta pelo nosso amor.

Não sou convencida,

nem tão pouco tenho a mania,

mas ainda oiço o que ele me dizia,

sobre os anos em que andei arredia.

Erros graves que se cometem,

que nos trazem arrependimento,

situações que se repetem,

e depois acaba por passar o momento.

Eu aqui, apática para o mundo,

tu aí, com uma tristeza brutal,

não devias hesitar, nem por um segundo,

em procurar a tua felicidade real.

Tenho de seguir em frente,

não posso continuar assim,

a minha boca sempre mente

ao dizer que vou declarar um "fim".

Eu digo e redigo,

e volto a dizer,

és tu o meu Amigo,

aquele que nunca quis perder.

Mas não queres, não te atreves,

e eu nada mais posso esperar,

tens uma vida cheia de entraves,

passas todo o tempo a naufragar.

Não quiseste nadar para terra,

continuas em mar revolto,

eu fecho-me na minha esfera,

mas com o coração pouco solto.

A vida é mesmo assim

nada há a fazer quando não se arrisca,

eu tenho de cuidar de mim,

estou a tornar-me novamente arisca.

Estou agressiva para com o mundo,

sem paciência para nada,

malvado foi aquele segundo,

em que te vi de semblante angustiado.

Mexes demasiado comigo,

mas já devia estar habituada,

não posso viver neste perigo,

tenho de aprender a estar preparada...

(Mafalda)