Sou um livro aberto para quem considero,
sou uma desbocada segundo algumas opiniões.
Lamento muito, mas eu ainda espero
quem me critique e me convença das razões.
Quem me conhece não precisa que eu fale,
se o faço é porque gosto da partilha,
mas se querem que me cale,
definitivamente é melhor voltar para a ilha...
Criar expetativas em torno de um sonho,
falar sobre isso com os amigos,
estar calado é muito enfadonho,
às vezes é preciso correr alguns perigos.
Perdi muito, é um fato,
e ainda estou a pagar pelo meu ato.
Perdoei quem me tramou,
porque não perdoa quem me amou?
Nada disso faz sentido,
nunca vamos saber o que se teria passado.
Mas se alguém devia estar magoado,
por certo era, quem foi abandonado.
Vira-se a vida ao contrário,
perde-se o fútil em prol da felicidade.
Acabei por me tornar num ser solitário,
que vai sendo avançado na idade!
Despojada dos bens materiais,
vaidades nunca me ocuparam,
podia estar a viver sonhos reais
e sem dar motivos para se preocuparem.
A vida é assim mesmo,
cabe-nos a nós saber viver.
Vou continuar sempre a fazer o mesmo,
mas vou aprender até morrer.
Acredito nos meus amigos,
acredito na sua amizade.
Se um dia me vi em apuros,
não foi com intencionalidade.
(Mafalda)