Sinos...

04-12-2013 22:22

Sinos tocam avidamente,

como se estivessem a chamar por mim,

cada batida é um som ausente

que só se ouve lá bem nos confins.

Esse toque é um apelo,

uma necessidade de aproximação,

repicam cheios de folego,

não são fruto da minha imaginação.

Sinto o vibrar de cada badalada,

mesmo quando estão mudos e quedos,

 som que me faz sentir acarinhada,

segura e sem quaisquer medos.

Sinos fortes e antigos,

resistentes às intempéries que se abatem,

estes sinos são fiéis abrigos,

distantes, mas que nunca se esbatem.

Se um dia me senti uma mendiga,

há coisas que vão mas também há as que ficam,

grande verdade antiga

comprovada por sinos que repicam.

Tocam à sua vontade,

sem qualquer interferência humana,

afasto-me da insanidade,

oiço a melodia que me chama.

Gosto do som do silêncio

recortado pelo dobrar de velhos sinos,

escutá-los não traz nenhum malefício,

segui-los serão atos meramente intuitivos.

Sinos, por quem dobrais,

o que estais a anunciar,

são sons confidenciais

que só agora passei a escutar.

Fiquei alerta sem querer,

atenta e sem divagar,

sinos que ao entardecer

não param de repicar...

(Mafalda)