Quando não estou inspirada,
socorro-me de poetas afamados,
mas depois fico dececionada,
porque ao pé deles sou uma pobre desafinada.
Nunca escreverei assim,
nunca terei honras de escaparate,
tenham pena de mim,
e façam-me parar com este disparate.
Rimas e mais rimas,
sem qualquer valor acrescido.
Um tema sempre igual:
... um amor que é sofrido.
Mandem-me parar de escrever,
parem de me ler...
Poeta nunca vou ser
e tenho muito para fazer.
Vir aqui tornou-se um vício,
às vezes, até para isso me falta o alento,
escrever alivia o meu suplício,
já que ele não parte nem com este vento.
O que fazes tu para te ocupares,
de que forma comunicas comigo?
Se porventura ainda me amares,
procura o nosso desperdício...
(Mafalda)