O que dizem os meus olhos...

14-07-2013 15:34

Há um programa que eu gosto muito de ver na televisão portuguesa. Dá aos sábados depois de almoço, na SIC, e chama-se Alta Definição. É dos poucos programas que valem pelo seu conteúdo, pelo seu entrevistador e pela sinceridade dos entrevistados. Nele revelam-se pensamentos, situações, vidas, mas não no aspecto da coscuvilhice. É um mostrar genuíno do interior de quem é entrevistado.

Este programa acaba sempre com a pergunta: "O que dizem os seus olhos?". 

E hoje eu pergunto: "O que dizem os meus olhos?"...

E não sei a resposta! Penso que, actualmente, não dizem nada... Deixaram de ter o brilho que tu tanto gostavas de ver, deixaram de falar, ficaram mudos e parados no tempo, à espera, na expectativa, na dúvida, na certeza incerta. Ficaram baços, com a tua imagem retida. Ficaram quietos para não perderem todos os pequenos detalhes do teu rosto, dos teus olhos, dos teus lábios, do teu nariz, da tua covinha no queixo, dos teus sinais, de ti. Eles não se querem mexer, pois têm medo de perder a memória. Optaram por estar abertos mas sem ver, optaram por olhar apenas para o que é essencial e no resto do tempo apenas querem manter a recordação de um rosto muito amado e desejado, mas muito afastado fisicamente, longe da vista mesmo.

Seria vulgar dizer que só tenho olhos para ti... mas essa é a realidade. Posso ser vulgar, posso ser louca, mas é essa a minha verdade. Os meus olhos recusam-se a olhar seja para o que for enquanto não recuperarem o brilho que tu lhe davas. Brilho que tinham porque era um reflexo do teu brilho. Porque nós juntos, brilhávamos! E reflectíamos o que nos ia no coração de uma forma muito genuína, muito espontânea. Eramos verdadeiros, apenas isso...

E fica a pergunta: "O que dizem os teus olhos?"