Muitas vezes estou na varanda da cozinha a fumar um cigarro e espero ver o teu carro, a dar a curva, estacionar e tu a saíres de lá e a pedires-me para entrar para conversarmos.
Muitas vezes levanto-me de madrugada esperando que me venhas espreitar antes de ires trabalhar.
Muitas vezes estou em casa de manhã e espero que o telefone toque às 7.15, como todos os dias tocava.
Muitas vezes abro o meu email e espero ler algo que tu me escrevas e em que me chames Tosca.
Muitas vezes vou tomar banho ao meio dia apenas para me obrigar a não sair de casa e ir espreitar-te enquanto vagueias durante a hora de almoço.
Muitas vezes penso em passar pelo teu emprego ao fim do dia, estacionar, não te dizer nada e esperar para ver a tua reação ao veres-me.
Muitas vezes penso parar onde parava quando te esperava durante as tuas férias, bem perto da tua casa.
Muitas vezes penso em ir à Galp e esperar lá por ti, como tantas vezes fiz.
Muitas vezes penso ir à nossa rua perto da Repsol e esperar que apareças.
Muitas vezes penso ir aos sítios onde, publicamente para quem quisesse ver, mostrávamos o que sentíamos um pelo outro, onde passávamos horas a namorar, a conversar, a ser nós próprios.
Muitas vezes penso que tu pensas o mesmo.
Muitas vezes sinto-me um navio encalhado ao largo, que espera pela maré cheia para zarpar rumo ao seu lar, à sua felicidade.
E tu?