Não estou inspirada,
perdoem-me os meus leitores...
Sinto-me muito angustiada
e já não sei o que fazer com este amor.
Tudo foi levado na tempestade,
tudo desapareceu com a tormenta,
ainda permaneço nesta cidade
que continua despida e sedenta.
Esquinas sujas e escuras,
que desembocam em ruelas sinuosas,
puxando pelas armaduras
não somos atacados pelas raposas.
O mundo é desses seres,
que atraiçoam à socapa,
de nada nos vale dizer
que quem tem capa sempre escapa.
Com a capa nos cobrimos,
das agruras desta vida.
Sem a capa sucumbimos
e vivemos a vida indevida.
Põe-se a capa, tira-se a capa,
ao sabor do vento de Este,
mas nem a capa escapa
ao que duas vezes me fizeste.
Não há capa que resista,
à intempérie com que fui atacada,
dentro do meu peito o amor ainda subsiste,
preciso de uma capa de ferro forjado!
(Mafalda)