Há dor
onde não há calor,
há sufoco
quando remetida ao abandono,
há paixão escamoteada
e eu estou desorientada.
Perdida neste emaranhado de cinzento,
perdi-me a mim própria algures no tempo,
desencontrei-me de uma vida vivida,
ao esquecimento fiquei remetida.
Hoje pareço uma tonta
só me apetece sair daqui
ir ao teu encontro
tentar saber de ti.
Não basta olhar à distância,
é preciso ver bem no fundo dos olhos,
odeio sentir-me na ignorância
tenho vontade de me meter em sarilhos...
Ver-te daria cabo de mim,
mesmo que não me ignorasses,
porque tenho de ser assim,
porque quererei tanto que ainda me amasses?
(Mafalda)