Gosto de descansar a minha vista,
de sentir o toque da tua mão,
é difícil haver quem ainda resista
após tantos meses de extrema solidão.
Sinto um formigueiro intenso,
um calor que se entranha em mim,
nunca vai chegar o dia do consenso,
aquele por que ansiamos em cada fim.
Gosto de estar contigo,
apetece-me sempre estar mais um pouco,
não sei se és só meu amigo,
se também nutres um sentimento louco.
Um querer mas não querer,
um desejar mas ficar quieto,
avançar e deitar tudo a perder,
estagnar num momento predileto.
Nada sei sobre este sentimento,
sinto-me uma perfeita ignorante,
aprecio cada momento,
mas fico sempre com uma sensação inebriante.
É a vontade de te tocar,
de te dar um beijo puro,
será que me consegues ajudar,
que um dia me tiras deste apuro.
Nunca é uma palavra proibida,
sabes tu e eu também,
há uma história vivida,
que nem sempre é a que mais nos convém.
Gosto da tua presença,
do calor que emana do teu olhar,
não és minha pertença,
mas eu não sou mulher de me aquietar.
Sinto que sentes o que sinto,
como eu também sinto o que sentes,
com o meu olhar eu não minto,
o teu sempre revela o que não consentes.
Pouco importa o rumo a tomar,
de pouco vale fazer conjeturas,
contigo atrevo-me a ambicionar
um dia cometer algumas loucuras...
(Mafalda)