Como eu queria ter uma simples notícia tua. Apenas saber como estás. Sei que tens uma pseudo-futura-nora e que o teu filhote só já trabalha num sítio. Sei dele, mas não sei de ti. É a escuridão total sobre a pessoa que se Ama. É como se tivesses desaparecido do mapa. Nunca mais foste ao emprego onde te viram uma vez. Poucas palavras, foi o que me foi contado.
Ir ver-te trabalhar pode ser uma hipótese. Mas de que me adianta? Fico na mesma sem olhar para os teus olhos e sem ver o que vai na tua alma. Porque nós falávamos com os olhos. Palavras para quê?
Como estás? Eu bem queria deixar de me preocupar, de pensar. Mas não consigo. É mais forte que eu. Parece que o mundo inteiro me faz sempre direccionar para ti. Não falo sobre ti com ninguém, a não ser aqui. Mas tu não lês, por isso estou tranquila. Porque se lesses podias já estar numa fase em que te ririas da estupidez dos meus pensamentos, da idiotice dos meus sentimentos. Podias pensar "ela é mesmo parva, continua a gostar de mim". A pessoa com quem andei não pensaria nunca isso. A pessoa que eu vi a última vez... tem muitas probabilidades de o fazer.
Entro no carro, ligo o rádio, e parece que a minha lista de músicas escolhidas para este blogue é a lista dos locutores da Comercial... Eu gosto tanto, mas mesmo tanto, de ti. Porque não me procuras? Porque insistes em ignorar-me? Disseste muitas vezes que era no segundo semestre. Era o que o meu horóscopo previa. Será que é? Sinto a tua falta a cada momento do meu dia. Sinto a tua falta a cada segundo das minhas noites. Como eu não queria ter razão quando disse que "será o mais próximo que alguma vez dormiremos..."
Malvada esperança que não me abandona. Esperança que ainda me ames, que ainda penses em mim, que ainda seja a tua Paixão.
"Memória
Amar o perdido
deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."
(Carlos Drummond de Andrade)