Escrito no início de Abril...

28-06-2013 08:52

"Destino? Sim… destino. Aquele que não costuma dar segundas hipóteses. Mas deu uma segunda hipótese a Mafalda e a ele também. E Mafalda viveu momentos de felicidade genuína mais uma vez. Foi muito complicado baixar totalmente as defesas que tinha criado em torno do seu coração para se proteger contra amores como aquele que tinha sentido por aquele homem. Porque ela conseguiu isolar sentimentos de amor e de paixão e mostrar apenas os banais. Guardou-os bem no fundo do seu coração. Eram apenas recordação daqueles tempos. Não sentia nada disso desde essa altura. Não se podia permitir sofrer outra vez da forma que tinha sofrido quando ele a deixou. Criou barreiras, muros, máscaras e conseguiu sobreviver aqueles anos todos. Tornou-se mais fria e mais calculista, menos emocional e menos meiga. Sobrevivia, não se podia considerar que vivesse! 

Mas agora Mafalda tinha perdido todas as barreiras outra vez. Bastava um beijo, uma carícia, um olhar, uma frase, e ela ia baixando lentamente as suas proteções. Até que se entregou totalmente, livre, feliz. Amou e sentia-se amada por ele. Pensou que finalmente ele tinha percebido que ela era o amor da vida dele, tal como ele era o amor da vida dela. Partilharam noites, dias, horas, minutos, segundos. Sem segredos. Com uma abertura total da vida de ambos. Com uma cumplicidade e uma entrega um ao outro, como não há igual. Com uma paixão genuína e sem segundas intenções. Mas também com muitas lágrimas à mistura por causa de todas as incertezas daquela relação.

Mafalda dizia muitas vezes que o que tinha com o homem da sua vida, era o que muitas pessoas passavam a vida toda à procura e nunca encontravam. E tudo era espontâneo, natural. Enquanto juntos, conseguiam arranjar forma de superar todas as dificuldades, fossem elas de que tipo fosse. Não havia impossíveis e ambos sonhavam com uma vida juntos. Não precisavam de falar. Eles sabiam exatamente o que ia na cabeça do outro. Mesmo à distância sabiam como comunicar, sabiam o que o outro se estava a sentir. Chegavam a ir os dois ao mesmo tempo ao computador mandar mensagens um para o outro. Uma empatia brutal, quase sobrenatural. Não tinham segredos um para o outro e aceitavam todos os defeitos e virtudes como a coisa mais natural da vida. E é assim que se deve proceder quando a relação é verdadeira, quando o sentimento vem apenas do coração, quando se quer uma relação honesta e leal. E tentavam sempre ajudar-se um ao outro em todas as situações mais complicadas e que pediam um ombro disponível. E esse ombro funcionava naturalmente nos dois sentidos, bem como tudo o resto. 

Mafalda tinha tanto para dar…. E ele tinha tanto para dar. E Mafalda recebeu tanto!!! E deu tanto… Finalmente ela podia dar porque estava a dar a quem queria dar também. E ela recebia porque ele queria dar e ela queria receber. E ele recebia porque era a ele e só a ele que ela queria dar!!! 

Mafalda permitiu-se sonhar mais uma vez que ia ser feliz. E que desta vez, ao fim destes anos todos e depois de tudo o que tinha sentido, visto, ouvido e lido por parte dele… finalmente ia ser feliz. Feliz como nunca tinha sido antes de o conhecer, feliz com nunca foi desde que se separou dele.

Nunca mais na vida Mafalda amaria alguém se o perdesse. Nunca mais na vida Mafalda baixaria as suas defesas, as suas barreiras por amor a alguém. Isso, ela já tinha decidido: ele seria o último homem da vida dela. Não se podia permitir acreditar, sentir, amar e depois cair novamente. Sempre foi essa a sua vida. Bastava de dramas e de lágrimas por amor. Amiga dos amigos e nada mais. Fechada para sempre. Assim não sofreria mais. 

Tinha regressado ao teatro no seu melhor. Estava a edificar as suas barreiras novamente. Mafalda que tinha acabado com o casamento por estar farta de viver uma vida de teatro… estava novamente a representar. Os amigos já estavam fartos da novela.

Novamente Mafalda era obrigada a sobreviver por causa da família. Mais uma vez Mafalda não podia pensar nela. Tinha de se limitar a existir. Porque tudo o que ela queria para ela, o euromilhões dela… era ele. E ele já não a queria. E como a magoou ao nem sequer a cumprimentar. Quem dizia que a amava agora nem dois simples beijos na cara lhe dera. Ele odiava Mafalda por ter transtornado a vida dele daquela forma. 

E Mafalda desistiu de si. E de tudo. Limitou-se a existir, deixou de viver."