"Deixa eu acreditar que tu nunca me esqueceste,
Que essa tua alegria bazofiada é tola encenação;
Que amor maior do que o meu tu nunca viveste,
E que eu ainda mexo contigo, com a tua emoção!
Deixa eu pensar que teu dia é em preto-e-branco
E que só ao meu lado tocas um arco-íris, enfim;
Deixa, por um momento, eu enxugar meu pranto,
E acreditar que tudo o que tens é nada sem mim!
Deixa eu pensar que todas as vezes em que ficaste,
Fazendo promessas de amor, não foi um embuste;
Deixa eu acreditar que tu, um dia, já me amaste,
Ainda que isso o restinho da sanidade me custe!
Deixa eu sonhar contigo, sem culpa e sem receio,
Pra sentir, mais uma vez, meu corpo se entregar;
Deixa eu gozar agora o mais alucinante devaneio,
Deixa, amor, eu te imploro; deixa eu me enganar!"
(Lídia Vasconcelos)