Para quem escrevo palavras que nunca acabam,
quem habita em mim sem lhe ter dado permissão,
todas as palavras somadas, muitos livros davam,
mas só escrevo o que sai do meu coração.
É um orgão que se agarra com muita intensidade
a paredes viscosas que não o conseguem suster,
meia volta perde toda a sanidade
e faz com que eu volte aqui para escrever.
Disco riscado,
repetições constantes,
tudo está acabado,
nunca nada voltará a ser como dantes.
Acredita coração tonto,
que deixaste de ter um rosto marcado,
és palerma se ainda consegues ver um ponto
no meio de um tão longo tracejado.
Se bates é apenas para me manteres viva,
não tenhas ilusões de tempos dourados,
não sei mais o que te diga,
pára com devaneios tão desfocados...
(Mafalda)