Voz...

11-03-2014 20:59

Eu sei que ando afastada,

sem vontade me vos massacrar,

é sinal que estou recuperada

de um amor que teimava em não passar.

Consegui alguns feitos importantes,

passei várias vezes e nem olhei,

não tive momentos hesitantes,

tudo o que tinha para dar, já lhe dei.

Nada resta aqui escondido,

estou imune ao amor despedaçado,

passo à vontade sem sentir perigo,

movimento-me bem, está tudo acabado.

Mais dia menos dia,

vou deixar de falar nele de uma vez por todas,

agora entendo porque não sorria,

agora sinto-me a maior das tolas.

Qual homem, qual carapuça,

ninguém tem o direito de nos fazer abdicar de nós,

passei meses em intensa escaramuça,

não conseguia ouvir a minha própria voz.

A voz que gritava por liberdade,

que me avisava de todas as maneiras,

ela tentava mostrar-me a realidade,

dizia-me que um dia secariam as torneiras.

Eu fui uma surda obstinada,

que sempre se recusou a ouvir a razão,

virei uma mulher depenada,

envolta numa tremenda solidão.

Tudo vale a pena quando se aprende,

quando se cresce como ser humano,

o meu coração jamais se rende

a ser tratado como um pano...

(Mafalda)