Espumante, muito eu bebia,
sempre que estávamos a sós,
hoje decidi fazer sangria
só para ajudar a desatar os nós.
Baralhaste a minha cabeça,
acordaste o meu coração,
não arranjo forma para que esqueça
que tudo não passou de uma ilusão.
Malvado ponto de interrogação
que está a causar tanto transtorno,
em bebida vou afogar a minha emoção
pois a nossa história não tem retorno.
Querias dizer alguma coisa?
O que querias que eu depreendesse?
Não vou mais partir a loiça,
tudo fiz para que te esquecesse.
Fazes anos, culpa minha,
que te desejei longos anos de vida,
devias-me ter deixado na sina
à qual há nove meses fui remetida.
Não respondias,
não dizias nada,
eu sorria
e continuava na minha estrada.
Agora tenho bifurcações,
derivações e entroncamentos,
malvadas são as emoções
que nos causam tantos tormentos.
Não vou entrar no novo ano
a queixar-me de desencontros,
o mar vai afugentar o meu engano
vai-me ajudar a reatar os pontos.
Vou fazer o que quero,
sair daqui e ver o fogo,
o coração não o levo,
não me permito a esse desafogo.
Está frio e humidade,
mas vou na mesma para a praia,
pode ser que vislumbre a claridade,
pode ser que o amor por fim, saia...
(Mafalda)