Sou uma mulher independente,
e é só nisso em que devo pensar,
pouco importa quem está ausente,
quem optou por não ficar.
Chamem-lhe egoísmo,
chamem-lhe o que quiserem,
fartei-me do altruísmo,
digam lá o que disserem.
Nunca fui de olhar para o meu umbigo,
nem de pensar que era o centro do universo,
mas demasiada confiança pôs-me sempre em perigo
e depois nada me resta senão estar para aqui a escrever em verso.
Para quê um homem permanente,
porque temos de abdicar da nossa liberdade,
eu devia andar mesmo muito dormente,
mas agora começo a perceber a realidade.
Não faz falta uma presença constante,
não preciso de um homem para viver,
pode haver um ou outro momento mais angustiante,
mas tudo o resto compensa o fato de não o ter.
Dores de cabeça constantes,
noites sofridas e mal dormidas,
jogos de palavras acutilantes
e logo as emoções ficaram todas esquecidas.
Quem não acredita em mim não me merece,
quem não luta por mim não merece sequer o meu pensamento,
há sempre um amigo que me aparece,
que está presente quando é o momento.
Não preciso duma relação de dependência,
não devo satisfações a ninguém que pense em mim como sua pertença,
abençoada a hora em que fui obrigada a dar o grito de independência,
pode cair o mundo mas não haverá mais ninguém que me tire esta crença...
(Mafalda)
