Dei por mim numa gare vazia
onde ecoavam os meus passos,
nem vivalma havia,
nada existia entre os espaços.
O combóio não chegava,
não estavam afixados horários,
este local devia ser assombrado,
tão longe estava dos rituais diários.
Queria-me sentar mas só tinha o chão,
queria descansar mas não conseguia,
esta gare estava repleta de solidão
mas também de uma perfeita acalmia.
Eis que então começa um som,
que cada vez, mais perto estava,
atrás desse som, um outro som,
e dei por mim acompanhada.
As pessoas chegavam à pressa,
para não perderem aquele único combóio,
eu a mim própria fiz a promessa
de nessa viagem mudar o repertório.
Esperei e entrei,
agora já me podia sentar,
sem destino viajei
sem qualquer intenção de voltar.
Nem bilhete tirei,
mas se o tirasse era só de ida,
à aventura entreguei
todo o resto da minha vida.
(Mafalda)
