Insípida é a minha escrita,
incolor, inodora,
a sorte no amor é maldita,
um coração que sempre chora.
Sem alento para preservar,
sem vontade para insistir,
apetece-me voltar
para onde tive de sair.
Sem força anímica que me mova,
sem alegria de viver,
continuo à espera que chova,
invento coisas para fazer.
Quero gelo, quero frio,
quero selar todas as recordações ardentes,
gostava de não me sentir neste vazio
de controlar as saudades emergentes.
Estupidez de acontecimentos
que nos deixam sempre a pensar,
resta recordar os bons momentos
que juntos conseguimos passar.
Quero recordar, mas quero esquecer,
sabe-me bem pensar em ti...
Mas sempre que penso em ti
mais se instala a vontade de te ver.
Como estarás, como tens vivido?...
São perguntas que me consomem,
mas se até agora tenho conseguido,
não vou ser eu a procurar esse Homem!
(Mafalda)