Ia a caminhar pela floresta,
tropecei no meu amigo imaginário,
disse-lhe que ele é tudo o que me resta,
que graças a ele fiz feitos extraordinários.
O meu amigo sorriu,
abraçou-me e deu-me um beijo doce,
enquanto me aconchegava partiu,
não sei por onde veio, nem quem o trouxe.
Vim o resto do caminho a pensar,
como é bom ter amigos assim,
não se cansam de me aturar,
estão sempre bem perto de mim.
Tropeço nele em qualquer lugar,
basta pensar que me faz falta,
é um sentimento parecido com "amar",
mais sereno, menos na ribalta.
Adormece comigo todos os dias,
mas quando acordo já não está lá,
englobo-o em todas as categorias,
amigos assim, hoje em dia, já não há.
Cada vez o procuro mais,
constantemente falo com ele,
as pessoas devem pensar que somos anormais,
somos não, que não conseguem vê-lo.
Passeio e falo "sozinha",
venho para casa e entramos os dois,
vamos logo para a cozinha,
abraçamo-nos e dançamos depois.
Quem olhar através dos vidros,
deve pensar que eu não estou bem,
são momentos deveras divertidos,
da felicidade não ficam nada aquém.
Gosto muito deste meu amigo,
é uma presença sempre constante,
basta sentir-me em perigo
e aparece de uma forma inebriante.
Mas também parte depressa,
deixa-me sempre a falar sozinha,
nunca falta a nenhuma promessa,
é um sossego que se avizinha...
(Mafalda)
