“Alguém que amo um dia me deu uma caixa cheia de escuridão.
Levou anos para entender que aquilo também era um presente.”
(Mary Oliver)
Pego nesta frase
e transporto-a para mim,
assumo que passei a fase
de te ter dentro de mim.
Deixei-te sair com calma,
aos poucos foi acontecendo,
já não me dói a alma
devagar lá vou vivendo.
Amei-te, sim, nunca duvides disso,
mas deixaste-me na escuridão,
passei meses a quebrar o enguiço
de me sentir numa profunda solidão.
Abandonaste-me quando mais falta me fazias,
desististe-te em prol da tua comodidade,
sofri demasiadas agonias
para me recusar a vislumbrar alguma claridade.
Época complicada que passei,
superei-a com toda a minha paciência,
aos poucos abandonei
o meu estado de demência.
Se as coisas me corriam bem,
a mim e a poucos o devo,
mas a felicidade fica sempre aquém
preciso mesmo de encontrar um trevo...
(Mafalda)