O que quero na minha vida?
Não sei responder a essa questão,
se nuns dias me sinto muito perdida,
noutros amo a minha solidão.
Nunca estou só,
no sentido de ter uma companhia,
apenas tenho um nó
no local onde um dia alguém existia.
É um buraco demasiado profundo
que nem o mundo inteiro conseguiria tapar,
mas a vida é apenas um breve segundo
e mais vale já não me apoquentar.
Quando morrer podem dizer que vivi,
que não me limitei a seguir as ideias alheias,
que me empenhei em tudo o que construí,
que de palavras deixei muitas páginas cheias.
Sou uma pessoa normal,
decidida e determinada,
às vezes não vivo num mundo real,
muitas vezes sonho enquanto estou acordada.
Sou assim, nada há a fazer,
com a idade vou ficando mais ponderada,
de nada adianta hoje eu dizer
o que amanhã já é uma ideia ultrapassada...
(Mafalda)
