Há uma névoa cerrada em torno da minha casa,
não se vislumbra nada para além do aqui,
sinto que libertei a minha asa,
sinto que já consigo viver bem sem ti.
Mas o nevoeiro é frio e entranha-se na carne,
dá uma sensação de gelo constante,
se o amor é fogo que arde,
porque me sinto eu neste estado ainda hesitante.
Passou a curiosidade,
passou a preocupação permanente,
avança-se na idade
e cresce a sensação de se ser impotente.
Nada mais se pode fazer,
não vale a pena tentar novas ideias,
aprende-se a viver,
libertam-se todas as teias.
Nevoeiro cerrado que habitas em mim,
vedaste-me o vislumbre de uma nova emoção,
torna-se um hábito viver assim,
livre, solta, mas sem uma doce tentação...
(Mafalda)
