Mar revolto, violento
que tudo leva com a sua intensidade,
pescadores que vivem num tormento
tentando escapar dessa infelicidade.
Vagas sôfregas em causar danos
trazem até nós minúsculos seres,
pescadores que usam todos os panos
para evitarem perder todos os haveres.
Barcos à deriva no temporal,
barcos que afundam sem deixar rasto,
pescadores que desaparecem, é habitual,
atrás da perda fica tudo o resto.
Famílias despedaçadas pela dor,
falta de sustento nas suas casas,
mar violento, ensurdecedor
que por onde passas, tudo arrasas.
Mar, como podes ser ao mesmo tempo
o prazer e a atrocidade,
como dás a uns tamanho alento
e a outros tanta infelicidade...
(Mafalda)
