Lar, doce lar...

08-02-2014 21:33

Podem-me chamar velha,

gasta ou cansada,

mas aparece em mim uma centelha

sempre que estou de volta a casa.

Gosto da minha paz,

da minha tranquila solidão,

confusão pouco me apraz,

acabou-se o tempo da exaltação.

Um descanso abençoado,

é o que sinto no meu lar,

acabou o tempo amaldiçoado

em que não sabia o que esperar.

Nada espero, nada ambiciono,

tudo tem aparecido sem nada fazer,

já tampouco me dececiono,

porque já nada tenho a perder.

Se muito perdi durante uns tempos,

agora tenho mais do que antes tinha,

de nada me adiantavam os lamentos,

nem pensar que um dia ele vinha.

É o que tem de ser,

nada podemos contra o que está destinado,

mas por muito que faça para te esquecer,

ainda luto com um sentimento obstinado.

Já não o combato,

deixo-o expressar-se à sua maneira,

fiz com ele um trato

em que me permite alguma brincadeira.

Só quero manter o que agora tenho,

continuar em harmonia com o universo,

há um sentimento que não desdenho,

é ele que me faz escrever em verso...

(Mafalda)