"Horas breves de meu contentamento,
Nunca me pareceu, quando vos tinha,
Que vos visse tornadas tão asinha,
Em tão compridos dias de tormento.
Aquelas torres que fundei no vento,
O vento as levou já, que as sustinha:
Do mal que me ficou a culpa é minha,
Que sobre cousas vãs fiz fundamento.
Amor, com rosto ledo e vista branda,
Promete quanto dele se deseja,
Tudo possível faz, tudo segura;
Mas dês que dentro na alma reina e manda,
Como na minha fez, quer que se veja
Quão fugitivo é, quam pouco dura."
(Diogo Bernardes)