Há dias em que não escrevo nada meu
perco a inspiração sem saber o que aconteceu,
nessa altura tenho de me socorrer com quem já escreveu,
com quem viveu e também sofreu.
Há dias em estou mais combalida,
mais séria e vazia,
nego a sensação de estar perdida
num mundo que não é meu.
Sonho com momentos passados,
vividos e muito sentidos,
transporto-os para o momento atual
e sinto que foram muito sofridos.
Montanhas russas, abismos,
planícies verdejantes e mares tranquilos,
espinhos densos em florestas serradas
onde só sobreviviam pequenos esquilos.
Sofrimentos permanentes
ludibriados com momentos inesquecíveis,
provocados por amores insistentes
que faziam olhar o mundo de formas muito apetecíveis.
Há dias confusos em que me perco,
perco-me no meu próprio ser,
ao longe oiço sempre um eco,
eco que não me deixa esquecer.
Há dias assim, sem claridade,
por muito boas notícias que se tenham tido,
permanece a sensação de insularidade,
só resta o amor que não é esquecido...
(Mafalda)
