"O futuro não se advinha, inventa-se."
Escreveram-me esta simples frase
e obrigaram-me a pensar,
eu sei que já passei a fase
em que nada mais fazia senão chorar.
Eu não adivinho o meu futuro,
nem tão pouco o quereria fazer,
sou fénix de um passado duro,
pouco me importa o que irá acontecer.
Nada lamento, de nada me arrependo,
a vida tem as suas próprias razões,
hoje em dia nem eu mesma pendo
para encontrar quaisquer explicações.
É o que tem de ser,
é o que está gravado a ferro e fogo,
de nada adianta tentar perceber,
de nada vale viver a vida como um logro.
É o dia que importa,
a hora, o minuto,
amanhã posso já estar morta,
de nada valeria ter um pensamento astuto.
Tenho a paz que pretendia,
a vida com que sempre sonhei,
se em tempos o futuro não me sorria,
hoje ri-se à gargalhada com o que conquistei.
Eu invento todos os dias o meu futuro,
acrescento-lhe pormenores constantemente,
posso dizer que atingi um estado maduro
em que já não serei descartada novamente.
Não o permitirei de forma alguma,
o futuro é meu e apenas meu,
se o tentasse adivinhar poderia cometer uma grave lacuna,
invento-o com tudo o que a vida me deu...
(Mafalda)