Frieza...

04-09-2013 20:11

Um arrepio percorre o meu ser,

um frio entranha-se nas minhas veias,

sempre que procuro esquecer

parece que o mundo acende as candeias.

Gela-se-me o pensamento,

não saio do mesmo rame rame,

nunca mais entrarei em sofrimento,

nunca mais terei quem me ame.

Abri as portas da minha vida,

escancarei as portadas do meu interior,

para quê, se tudo acaba numa partida,

para quê, se não se consegue usufruir do seu esplendor.

De nada vale mostrar o meu eu verdadeiro,

de nada adianta ser um livro aberto,

tu foste e serás sempre o primeiro,

mas nunca estiveste por perto.

Quando faz falta o ombro amigo,

quando preciso de um mimo,

fico sentada sozinha no meu postigo,

fico bloqueada perante o meu destino.

Estou bem, tenho dito,

e é uma verdade muito sincera,

mas entre tudo o que tenho escrito,

só uma coisa me desespera.

Queria-te ver aqui na nossa casa,

queria chegar e ter-te à minha espera,

mas o tempo passa e passa,

e... quem espera desespera.

Se me tivesses dito que tudo acabou,

em vez de desviares o olhar e não responderes...

Por muito que pense o teu silêncio em nada se adequou

à atitude que fizeste questão em teres.

Que frieza, meu Deus,

e eu não sou de chamar pelo divino,

mas no dia desse teu adeus,

achei que tinha perdido completamente o tino.

Que estranha é a vida

que tanto nos obriga a sofrer,

sim, foi a tua despedida,

mas eu sei que nos vamos tornar a ter.

E isso dá cabo de mim,

porque não sei o quando,

é tão triste ter de viver assim

sempre a acelerar o entretanto...

(Mafalda)