Picasso teve duas fases,
uma azul outra rosa,
eu gosto de lilases
mas só quando escrevo em prosa.
Escrevo poesia que sinto
que faz parte do meu ser,
aqui não minto
nem faço por me esquecer.
Às vezes estou cinzenta,
outras vezes num negro profundo,
lembro-me dos anos noventa
altura em que quis mudar o mundo.
Mudei os tons da paleta,
adotei as cores mais vivas,
vou olhando a ampulheta
em que se tornou a minha vida.
Do negro ao laranja,
do cinzento ao encarnado,
aos poucos tudo se arranja
e o mundo começa a ser edificado.
Desta vez será feito com cimento,
para que resista às tempestades,
não posso permitir ao vento
que me traga novas contrariedades.
Mundo colorido e com algum brilho,
torna uma pessoa mais leve,
desejar que não apareça nenhum sarilho
num futuro muito em breve...
(Mafalda)
