Escrever...
Escrever o quê?
Sempre que penso em o fazer
pergunto-me sempre para quê...
Se escrevia muito em tempos idos,
tinha sempre resposta pronta,
mas esses tempos estão perdidos
e eu continuo feita tonta.
Caiu o post-it da minha carteira,
acompanha-me onde quer que vá,
ler o que lá está é pura doideira,
cada recordação mais me magoará.
Rotinas e mais rotinas,
lembranças aqui e ali,
esconder-me em todas as esquinas
e tentar esquecer o que vivi.
Como fazê-lo se foi tão exultante,
se me completaste como ninguém,
que raio de solidão desesperante
que a nenhum de nós convém.
Serei idiota ao ponto de pensar,
de imaginar que pensas o mesmo,
serei incrédula em ainda te amar,
porque continuo a andar a esmo?
Tenho de mudar de temática,
isto cansa quem me lê todos os dias,
como eu gostava que a vida fosse pura matemática,
como eu desejava ver se já não sofrias.
(Mafalda)