Desencanto...

28-09-2013 20:56
"Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora 
Não tens motivo nenhum de pranto.
 
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
 
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
 
Eu faço versos como quem morre."
 
(Manuel Bandeira)