Observo-te à distância,
com o coração totalmente aberto,
recordo a minha infância
e vejo um céu descoberto.
Estás tão cansada e velhinha,
que adormeces nesse banquinho,
mas os teus bisnetos dão-te a mão,
e salvam-te da tua solidão.
Tens uns traços ainda perfeitos,
fazem-me supor que já foste muito bem feita,
mas hoje aconchegas-te nas tuas lãs
e no meio do lenço vislumbro muitas cãs.
És bisavó, já viveste uma vida,
com muitas lembranças que agora revês,
mas ainda é cedo para a despedida,
vamos esperar por uma distante próxima vez.
(Mafalda)
