Estou ausente de mim própria,
não sei mais para onde me virar,
continuo a escrever a minha história
mas meia volta sinto-me a hesitar.
Paro e equaciono tudo,
depois avanço e tomo decisões,
como eu gostava de conhecer um sortudo
a quem tivesse saído o euromilhões...
Não precisava de muito,
apenas o necessário,
a sorte é um dado fortuito,
não será por aí que atinjo o meu imaginário.
Preciso de estar em mim,
de pensar com serenidade,
isto de ser assim
às vezes traz alguma ansiedade.
Impulsiva mas não irresponsável,
tudo tem de ser feito por paixão,
avançar para um negócio viável
mas sempre acompanhar-me de muita razão.
Tal como a vida sentimental,
tudo deve ser feito ponderadamente,
nunca liguei ao plano material
mas era bom ter um suporte mais abrangente.
Posso sempre criar uma conta bancária,
exclusiva para donativos,
seria uma forma muito temerária
de conseguir atingir os meus objetivos.
Se cada leitor que eu tenho,
contribuísse com uns modestos cinco euritos,
conseguiria com o todo esse empenho
transformar os problemas em problemazitos.
Estou a ironizar, como só faria sentido,
embora às vezes pense nisso a sério,
pode ser que o livro que já está escrito
me ajude a construir o meu pequeno império...
(Mafalda)