Amar o que se tem...

27-02-2014 21:00

Estamos no fundo de um precipício,

sem saber para que lado nos virar,

viver torna-se um suplício,

uma prova que não queremos enfrentar.

Puxam por nós com ténues cordas,

começamos a subir degrau a degrau,

sentimo-nos pertença de hordas,

tropeçamos em todo e qualquer calhau.

Voltamos a descer,

sem vontade para superar,

mas somos obrigados a crescer,

vamos ter mesmo de acordar.

E é então que nasce a luz

onde antes só havia escuridão,

percebemos que a vida reluz

que tudo tem uma solução.

Reconstroem-se muros derrubados,

apanham-se os pedaços de nós,

sustemo-nos em pedaços colados,

a pouco e pouco recuperamos a voz.

Primeiro gritamos com a dor sentida,

depois começamos a ironizar,

aos poucos vamos levando a vida

para o local onde sempre devia estar.

Devagar, muito devagarinho,

passo a passo para não tropeçar,

aqui e ali um gesto de carinho,

nada mais que isso posso ambicionar.

São opções de uma vida,

liberdade mas solidão,

nunca me darei por rendida,

não tenciono perder a paixão.

Mas paixão apenas pelo que tenho,

paixão pelos projetos em que estou envolvida,

a prova disso é que todos os dias aqui venho

mesmo que chegue ao fim do dia toda partida.

É esta a minha vida,

a que construí para mim,

nunca serei uma arrependida,

tudo acontece porque deve ser assim...

(Mafalda)