Estamos no fundo de um precipício,
sem saber para que lado nos virar,
viver torna-se um suplício,
uma prova que não queremos enfrentar.
Puxam por nós com ténues cordas,
começamos a subir degrau a degrau,
sentimo-nos pertença de hordas,
tropeçamos em todo e qualquer calhau.
Voltamos a descer,
sem vontade para superar,
mas somos obrigados a crescer,
vamos ter mesmo de acordar.
E é então que nasce a luz
onde antes só havia escuridão,
percebemos que a vida reluz
que tudo tem uma solução.
Reconstroem-se muros derrubados,
apanham-se os pedaços de nós,
sustemo-nos em pedaços colados,
a pouco e pouco recuperamos a voz.
Primeiro gritamos com a dor sentida,
depois começamos a ironizar,
aos poucos vamos levando a vida
para o local onde sempre devia estar.
Devagar, muito devagarinho,
passo a passo para não tropeçar,
aqui e ali um gesto de carinho,
nada mais que isso posso ambicionar.
São opções de uma vida,
liberdade mas solidão,
nunca me darei por rendida,
não tenciono perder a paixão.
Mas paixão apenas pelo que tenho,
paixão pelos projetos em que estou envolvida,
a prova disso é que todos os dias aqui venho
mesmo que chegue ao fim do dia toda partida.
É esta a minha vida,
a que construí para mim,
nunca serei uma arrependida,
tudo acontece porque deve ser assim...
(Mafalda)