Para se escrever poesia
alguma coisa tem de se sentir,
mas eu estou vazia
e a escrita não está a fluir.
Desistir de sentimentos,
é complicado de gerir,
no meio de muitos lamentos
lá terei de conseguir.
Não é meu hábito desistir
de tudo o que me dá prazer,
mas de nada vale continuar a insistir
uma vez que tu já não queres saber.
Disse-te imensas vezes
que não haveria terceira,
a nossa vida sofreu muitos reveses,
nunca devia ter acabado a primeira.
À segunda já fui a medo,
demorou a entregar-me em plenitude,
mas tu derrubaste o meu rochedo
e eu adaptei-me a todas as vicissitudes.
Terceira será quase impossível,
não por orgulho, mas por receio,
mas essa não é uma hipótese plausível
é apenas mais um devaneio.
Ainda não te disse hoje,
nem te tenho dito diariamente,
esse é um hábito que foge
e que se vai perdendo lentamente.
Talvez não to diga mais,
não faço ideia se assim será,
os sonhos não se tornaram reais,
e eu só queria saber quem te mimará.
Tens tudo o que precisas?
Sentes-te bem e Feliz?
Se os teus sonhos concretizas,
continua a seguir a tua diretriz.
Do fundo do meu coração,
desejo que tudo te corra muito bem.
Se um dia me quiseres voltar a dar a mão
sabes tudo o que o meu interior contém.
Não haverá nenhuma novidade,
não haverá nenhuma traição,
posso ter de aceitar a minha realidade,
mas não vou nunca trair o meu coração.
Adoro-te CM.
(Mafalda)
